Setor de serviços encolhe em 2015 após três anos de avanço, segundo IBGE
O setor de serviços no Brasil encolheu no ano passado, na primeira queda desde que a pesquisa começou a ser feita, em 2012.
As empresas de serviços faturaram 3,6% a menos em 2015 na comparação com o ano anterior, descontando o efeito da inflação. De 2012 a 2014 o resultado havia sido positivo, em 4,3%, 4,1% e 2,5%, respectivamente.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (17) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O setor inclui, por exemplo, salões de beleza, imobiliárias, oficinas mecânicas, escritórios de advocacia, agências de turismo, companhias aéreas e hotéis, entre outros.
O faturamento das empresas de serviços, descontando a inflação, caiu em todos os meses de 2015, com exceção de março. Somente em dezembro a queda chegou a 5% na comparação com dezembro de 2014.
O setor de serviços, que já foi um ponto de destaque na economia brasileira, perdeu força ao longo do ano passado com o aumento do desemprego e a queda de renda do trabalhador, em meio à maior recessão em décadas enfrentada pelo país.
O desempenho também foi bastante afetado pela fraqueza da indústria, que prejudica principalmente as empresas de transportes.
Não deve melhorar logo, dizem especialistas
Com a confiança de consumidores e empresários abalada diante ainda das turbulências políticas, analistas ouvidos pela agência de notícias Reuters dizem ser difícil perceber algum sinal de recuperação em breve.
"A diminuição da demanda [procura] por serviços é muito mais em função da falta de confiança e perspectiva de falta de emprego. Para os próximos seis meses não enxergo perspectiva boa para o setor", disse a economista do CM Capital Markets Jessica Strasburg.
Tombo nos transportes
Em 2015, a maior queda no setor de serviços foi registrada pela atividade de transporte terrestre: -10,4%. Somente em dezembro, a perda foi de 11,5% em relação ao mesmo mês de 2014.
"A queda do setor de transporte está diretamente ligada à conjuntura econômica devido ao menor consumo da indústria e distribuição dos produtos", explicou o gerente da pesquisa do IBGE Roberto Saldanha.
"Mesmo com o crescimento do agronegócio brasileiro, esse transporte não é suficiente para alavancar o resultado nacional", completou.
O economista da LCA Antonio Madeira afirma que a procura este ano continuará fraca, tanto do lado das famílias quanto das empresas, mantendo baixas as expectativas para o setor de serviços.
(Com Reuters)
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