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Mesmo endividado, Brasil segue como país que paga juros reais mais altos

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Imagem: iStock

Do UOL, em São Paulo

02/03/2016 19h56Atualizada em 02/03/2016 19h56

Com a decisão do Banco Central de manter a taxa Selic em 14,25% ao ano o Brasil continua sendo, disparado, o país que paga os juros reais mais altos aos credores, descontando o efeito da inflação. Os chamados "juros reais" descontam a inflação projetada para os próximos 12 meses.

O país só perderia essa liderança se houvesse um corte de 4,5 pontos percentuais na taxa básica de juros (Selic).

Juros altos fazem dívida crescer

Os juros altos fazem a dívida pública crescer, porque boa parte dela tem o rendimento calculado com base na taxa básica de juros (Selic).

Funciona assim: o governo emite títulos de dívida pública para captar recursos no mercado e financiar suas atividades. Os investidores compram esses títulos e, em troca, recebem no futuro o valor emprestado mais juros.

Esses juros são calculados de acordo com a variação da Selic. Portanto, quanto maior é a taxa Selic, maior será o gasto do governo com a dívida pública.

Em 2015, a dívida pública federal avançou 21,7% e totalizou R$ 2,8 trilhões. Do total da dívida, R$367,7 bilhões foram referentes ao pagamento de juros, o maior valor já registrado. Com a alta da Selic em 2015 e a disparada do dólar, o custo médio da dívida subiu ao maior patamar desde o fim de 2008.

Juros afetam emprego e Bolsa

Além disso, juros altos tornam os títulos públicos bastante atrativos aos investidores: basta comprar os títulos para garantir um bom rendimento, graças aos juros altos.

Por outro lado, isso também atrai recursos que seriam investidos em empresas para aumentar ou melhorar sua produção. Com menos investimentos, diminui a atividade econômica do país e pode haver alta no desemprego.

Juros altos também tendem a ter efeito negativo para a Bolsa de Valores. Para os investidores, é melhor garantir os ganhos com renda fixa a arriscar investindo em ações.

Ranking de juros reais

Veja quem tem os maiores juros reais:

  1. Brasil: 6,79%
  2. China: 2,71%
  3. Rússia: 2,30%
  4. Indonésia: 2,29%
  5. Índia: 1,67%

Na outra ponta, os menores juros reais são:

  1. Venezuela: -61,82%
  2. Argentina: -5,72%
  3. Estados Unidos: -1,87%
  4. Dinamarca: -1,83%
  5. Hong Kong: -1,71%

Ranking de juros nominais

No entanto, falando de juros nominais, ou seja, sem descontar a inflação, Argentina e Venezuela aparecem na frente do Brasil.

Veja quem tem os maiores juros nominais:

  1. Argentina: 25,87%
  2. Venezuela: 21,03%
  3. Brasil: 14,25%
  4. Rússia: 11%
  5. Turquia: 7,5%


Na outra ponta, quem tem os menores juros nominais:

  1. Suíça: -0,75%
  2. Dinamarca: -0,65%
  3. Suécia: -0,5%
  4. Japão: -0,10%
  5. Empatados com 0,05%: República Tcheca, Portugal, Itália, Holanda, Grécia, França, Espanha, Bélgica, Áustria e Alemanha

Metodologia da pesquisa

O ranking não inclui todas as nações do mundo, somente os 40 países mais relevantes do mercado de renda fixa mundial nos últimos 25 anos.

Os dados foram levantados pelo portal MoneYou, do economista Jason Vieira, usando as taxas de juros determinadas pelos respectivos bancos centrais e as projeções médias de inflação futura das respectivas autoridades monetárias e institutos de pesquisa econômica.