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Objetivo será 'cumprir plenamente' meta de inflação, diz indicado para o BC

Do UOL, em São Paulo

07/06/2016 10h35

Indicado pelo governo do presidente interino, Michel Temer, para ocupar a presidência do Banco Central, Ilan Goldfajn afirmou que o objetivo da sua gestão será "cumprir plenamente o centro da meta de inflação". A declaração foi feita durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) nesta terça-feira (7).  

Após a sessão feita pela CAE, o plenário da Casa deve votar se aprova sua nomeação.

Atualmente, a meta de inflação do governo é de 4,5% ao ano, com uma tolerância de dois pontos para mais ou para menos (ou seja, variando de 2,5% a 6,5%).

Na prática, porém, nos últimos anos, a inflação tem variado mais perto do limite máximo da meta, de 6,5%. O último ano em que a inflação ficou perto do centro da meta foi 2009 (4,31%). No ano passado, a alta dos preços estourou até mesmo o teto da meta, ficando em 10,67%

O economista destacou os efeitos maléficos da inflação alta, como "desorganizar a economia, inibir o investimento, a produção e o consumo e impactar negativamente a renda, o nível de emprego e o bem-estar social". 

Ele afirmou que a manutenção da inflação em um nível baixo e estável é condição essencial para o crescimento sustentável da economia. 

Autonomia do BC

Questionado sobre sua posição a respeito da independência do BC, Goldfajn disse que é a favor da autonomia do banco, e não da independência total da instituição.

"Na independência, o BC tem seus próprios objetivos. Na autonomia, os objetivos são do governo e o BC tem liberdade para persegui-los", diz. 

Ele afirmou que é "imprescindível manter e aprimorar a autonomia" do BC e menciona a proposta de governo Temer de uma emenda constitucional que determine a autonomia técnica do banco. 

Cenário desafiador

Goldfajn reconheceu que o cenário atual é desafiador, com instabilidades política e econômica acima de níveis históricos. Mas considerou que as políticas recém-anunciadas por Temer estão na direção correta.

O ex-economista-chefe do Itaú também afirmou que sua gestão se comprometerá com a recuperação da confiança dos investidores, a retomada do crescimento econômico e o respeito ao regime de dólar flutuante, além do controle da inflação.

Para Goldfajn, a volta do crescimento econômico do país no fim deste ano ou no início de 2017 é factível, mas condicionada a medidas concretas, como a aprovação das reformas pelo Congresso Nacional.

Ele disse que a criação de um teto para as despesas públicas, proposta anunciada pelo governo mas ainda não encaminhada ao Legislativo, é fundamental."Nós precisamos dar ordem à dinâmica da dívida", afirmou.

Queda dos juros

Durante a sabatina, Goldfajn disse que é preciso criar condições para a queda dos juros básicos da economia e que as reformas são um pilar para tanto. "Os juros vão começar a cair quando tivermos as condições para isso", afirmou. 

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central começa nesta terça-feira uma reunião de dois dias para decidir os juros, na primeira decisão sobre o tema dentro do governo do presidente interino, Michel Temer. A taxa está em 14,25% ao ano desde julho do ano passado. Segundo economistas, a tendência é que a Selic seja mantida desta vez. 

"Não esperamos nenhuma modificação significativa no comunicado por causa da troca no banco", disseram os economistas do Bank of America Merrill Lynch, em relatório com as projeções de juro, David Beker e Ana Madeira.

Para o fim de 2016, no entanto, as projeções apontam para queda. Segundo o último Boletim Focus, economistas consultados pelo Banco Central esperam uma taxa de 12,88% ao ano para o fim de 2016. 

Goldfajn já foi diretor do BC

Goldfajn foi professor de Economia na Universidade Brandels nos Estados Unidos da América e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, diretor de institutos de debates e pesquisas em políticas econômicas e consultor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e Nações Unidas, além de economista-chefe e sócio do Banco Itaú.

Segundo a assessoria do Itaú, ele já se demitiu do banco e vendeu as ações que tinha recebido enquanto era funcionário.

Na declaração que enviou à CAE, Ilan Goldfajn disse que além de experiência profissional tem "afinidade intelectual e moral" para exercer o cargo de presidente do BC.

O economista também lembrou que já teve seu nome aprovado pelo Senado quando foi diretor de Política Econômica do BC, entre 2000 e 2003. "Entendo que essa experiência relatada capacita-me para o desempenho do cargo de presidente do Banco Central do Brasil", observou.

(Com agências)