Reforma 'sobe no telhado' e ameaça lua de mel entre o mercado e o governo
Analistas políticos e econômicos estão em alerta em relação ao risco de a reforma da Previdência não ser aprovada pelo Congresso Nacional. Quatro fatores explicam essa preocupação. A falta de articulação política do governo, com um líder definido, e o envio de uma proposta benevolente para os militares estão entre os problemas apontados.
A luz amarela também acendeu sobre a tramitação da reforma devido às brigas entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e a família do presidente Jair Bolsonaro (DEM-RJ) e aos efeitos da prisão do ex-presidente Michel Temer.
Como consequência dessa piora do ambiente político e da menor chance de aprovar a reforma da Previdência, ontem o dólar comercial subiu 2,69% e fechou a R$ 3,902 na venda, na maior alta diária desde 18 de maio de 2017, que ficou conhecido como "Joesley Day".
Ruídos prejudicam tramitação da reforma
O economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, afirmou que a última semana foi ruim do ponto de vista político, tendo como consequência a piora do ambiente econômico. Ele declarou que o primeiro sinal de desgaste ocorreu com a divulgação da reforma do sistema de proteção social dos militares e a reestruturação das carreiras nas Forças Armadas.
"Essa proposta para os integrantes das Forças Armadas não foi bem recebida. Além disso, esse embate recente entre o presidente da Câmara e os filhos do presidente Bolsonaro acirra os ânimos entre os deputados", disse.
A interlocutores, Maia afirma que tem sido vítima de uma campanha nas redes sociais e que tem feito sozinho a defesa da reforma da Previdência. Segundo ele, uma campanha de Carlos Bolsonaro tenta minar sua imagem.
Falta de um líder político definido
Campos Neto também declarou que a prisão de Temer torna o ambiente político mais conturbado, apesar de não ter relação direta com o trâmite da reforma. "Ele tem muitas ligações políticas com congressistas e é de um partido importante, que é o MDB. Não está claro se a prisão terá algum efeito sobre a reforma, mas piora o ambiente", afirmou.
Além disso, o economista da Tendências disse que, nos quase três meses de Bolsonaro, ainda não está claro quem é o líder político do governo, responsável por buscar os votos necessários para a aprovação da reforma. "Ninguém sabe quem vai conduzir esse processo", declarou.
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