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Dólar sobe 2,69%, na maior alta diária em 2 anos, a R$ 3,902; Bolsa cai 3%

Do UOL, em São Paulo

22/03/2019 17h14Atualizada em 22/03/2019 17h44

O dólar comercial fechou em alta de 2,69%, a R$ 3,902 na venda, na maior alta diária desde 18 de maio de 2017. Na ocasião, a moeda norte-americana subiu 8,15% um dia após revelações de que o empresário Joesley Batista, da JBS, havia gravado conversas supostamente sobre propina com o então presidente Michel Temer, no que ficou conhecido como "Joesley Day". Com a alta de hoje, o dólar chegou ao maior valor em quase três meses, desde 26 de dezembro (R$ 3,922), e encerrou a semana com valorização acumulada de 2,14%.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em queda de 3,1%, a 93.735,15 pontos, no pior dia desde 6 de fevereiro (-3,74%). A queda na semana foi de 5,45%, a maior desde a semana encerrada em 10 de agosto de 2018 (-6,04%). O resultado acontece na mesma semana em que a Bolsa bateu recorde e encostou em 100 mil pontos pela primeira vez na sua história.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, se refere ao dólar comercial. Para turistas, o valor sempre é maior.

Petrobras perde 5,5%

As ações da Petrobras fecharam o dia em forte queda de 5,46%. Também se desvalorizaram os papéis do Banco do Brasil (-5,44%), do Itaú Unibanco (-2,95%), do Bradesco (-3,53%) e da Vale (-1,65%).

Os piores desempenhos da sessão foram os das Lojas Americanas (-8,1%) e de sua controlada B2W (-9,09%), dona dos sites Submarino e Americanas.com.

Em seguida veio a Natura, que caiu 7,78% após se tornarem públicas as negociações para que a empresa compre a Avon na América do Norte.

Prisão de Temer e reforma da Previdência

Os mercados foram afetados pela percepção de piora do cenário político, após o ex-presidente Michel Temer ser preso ontem. A prisão gerou temores em relação ao andamento da reforma da Previdência porque pode desgastar a relação entre o Executivo e o Legislativo.

Após ser criticado publicamente pelo filho de Bolsonaro, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que vinha atuando fortemente na articulação política da reforma, disse que vai abandonar a articulação pelo texto.

A tramitação da reforma já era vista com cautela desde a divulgação da proposta de reforma das regras para a aposentadoria das Forças Armadas, na quarta-feira. A proposta do governo inclui a criação de mais benefícios para os militares, fazendo com que a economia prevista fique muito abaixo da inicialmente estimada.

O presidente Jair Bolsonaro defendeu a proposta de reforma dos militares, dizendo que ela é mais profunda do que o texto sobre a Previdência dos civis.

Ainda prevalece a percepção, entre investidores, de que a reforma será aprovada eventualmente, mas crescem as dúvidas sobre quão tumultuada será a tramitação.

"Seguimos otimistas e acreditamos no avanço da agenda reformista no Brasil, que vemos como transformacional. Entretanto, antecipamos volatilidade, com um duro processo de negociação adiante para a reforma da Previdência e uma série de riscos que podem aumentar a tensão", afirmaram profissionais da XP Investimentos em nota.

Cenário externo

No exterior, o cenário também é de maior cautela depois que a divulgação de dados fracos sobre a economia da Europa alimentaram temores de uma desaceleração econômica global. A atividade industrial na zona do euro encolheu no ritmo mais rápido em quase seis anos.

Atuação do BC

O BC vendeu nesta sessão 14,5 mil swaps cambiais tradicionais, equivalente à venda futura de dólares. Assim, rolou US$ 9,425 bilhões do total de US$ 12,321 bilhões que vencem em abril.

(Com Reuters)

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