KaBum! cita cunhado e quer anular venda de R$ 3,5 bi ao Magalu
Os irmãos Leandro e Thiago Ramos, fundadores do KaBum!, protocolaram nesta semana um pedido de instauração de arbitragem para anular a venda da empresa ao Magazine Luiza. O negócio foi fechado em 2021 e estimado em R$ 3,5 bilhões. Os irmãos alegam conflito de interesses porque seu assessor financeiro à época é cunhado de Frederico Trajano, CEO do Magalu, e teria favorecido a varejista.
O que diz o KaBum!
Fundadores querem anular o contrato de venda. Os irmãos Leandro e Thiago Ramos acionaram a Câmara de Comércio Brasil-Canadá para desfazer o negócio e restituir as ações do KaBum!, ou condenar o Magazine Luiza a pagar uma indenização.
Irmãos dizem ter recebido menos da metade do valor acordado. O contrato previa um pagamento total de R$ 3,5 bilhões, sendo R$ 1 bilhão à vista e outros R$ 2,5 bilhões em ações do Magalu. Destes papéis, R$ 1 bilhão seriam pagos em 2024. No primeiro trimestre de 2023, o Magazine Luiza teve prejuízo de R$ 391,2 milhões e as ações da varejista caíram 16%.
KaBum! acusa assessor financeiro de "conflito de interesses". Leandro e Thiago Ramos ainda dizem que o Itaú BBA, seu assessor financeiro, atuou à época "em conflito de interesses" e "em conluio com o Magalu" para favorecer a varejista.
O assessor do negócio é cunhado do CEO da Magalu. Segundo os irmãos, o principal executivo do Itaú BBA da área de fusões e aquisições, Ubiratan Machado, é cunhado de Frederico Trajano, CEO do Magalu.
Itaú BBA teria recebido "milhões de reais" com venda. Segundo os fundadores, algumas horas depois de o acordo de venda ter sido firmado, o Itaú BBA já estava contratado pelo Magalu para coordenar a nova oferta de ações (follow-on) da companhia, que seria feita naquele mesmo dia. O BBA "teria recebido dezenas de milhões de reais" da varejista, dizem os irmãos Ramos.
[Os irmãos Ramos] Foram traídos pelo assessor financeiro em quem confiaram o negócio de suas vidas e que ostenta imerecidamente uma reputação de alta probidade e credibilidade e que agiu em conluio com o Magazine Luiza para lhe beneficiar, em detrimento dos requerentes, na negociação e execução do contrato de compra e venda.
Trecho do pedido feito pelos fundadores do KaBum!
Itaú BBA nega acusações
Venda do KaBum! foi um processo "competitivo e transparente", diz BBA. Procurado pelo UOL, o Itaú BBA afirmou que as acusações dos fundadores do KaBum! são "absolutamente inverídicas", acrescentando que mais de 20 potenciais compradores participaram das negociações, que foram conduzidas ao longo de mais de 18 meses. Ao todo, completa, cinco desses compradores enviaram propostas.
Irmãos Ramos estavam "plenamente cientes" dos riscos. De acordo com o BBA, os fundadores do KaBum! sabiam que as variações da Bolsa poderiam afetar a parcela de ações a ser paga pelo Magalu. Eles contaram com um assessor jurídico "independente e de primeira linha" para auxiliá-los, diz o banco.
"Follow-on" do Magalu não tem relação com a compra do KaBum!. O BBA também explicou que a nova oferta de ações do Magalu aconteceria independentemente do negócio com os irmãos Ramos. Foi uma operação de R$ 4 bilhões, coordenada por dez bancos, " tendo o Itaú BBA recebido remuneração similar à das demais instituições financeiras envolvidas".
As alegações se apresentam ainda mais descabidas quando colocam suspeita sobre a parceria mantida há anos entre o Itaú e o Magalu e a participação do presidente da varejista [Frederico Trajano] no Conselho de Administração da instituição financeira. Ambos são fatos públicos e notórios, de total conhecimento não apenas dos antigos acionistas do KaBum!, mas do público em geral.
Itaú BBA, em nota ao UOL
O que diz o Magalu
O UOL também procurou a assessoria do Magazine Luiza para pedir um posicionamento e aguarda retorno. Assim que a resposta for enviada, será acrescentada à reportagem.
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