Com ancho e prime rib, rede de açougues bomba nas redes e fatura R$ 120 mi

Quando Domingos Neto, 37, comprou em 2014 um açougue em Santos (SP) que havia sido do seu tio, não imaginava o sucesso que a empresa faria. Hoje, Netão, como é conhecido, é dono do Grupo Bom Beef, que faturou R$ 120 milhões em 2023, e tem mais de 3,4 milhões de seguidores nas redes sociais junto com suas marcas.

A rede de açougues, que começou com uma única unidade em 2014, hoje tem 70 lojas - 69 delas franquias - e um restaurante, além de delivery e comércio eletrônico, todos especializados em cortes de carne nobres e especiais, como ancho, picanha argentina e prime rib. A empresa também tem um formato de hamburgueria, com 11 unidades. Entre seus sócios, está a empresa da Sabrina Sato, e membros da família da apresentadora fazem parte da operação da empresa.

Expansão da marca

Começou a vender franquias a partir de 2021. Hoje, a marca tem 70 unidades da BBA em funcionamento, sendo uma própria (Santos) e 69 franqueadas, em 13 estados. As unidades da BBA têm delivery. Já o e-commerce está em implantação, presente em 20% das unidades.

Grupo faturou R$ 120 milhões em 2023. O faturamento do BBA ficou em R$ 70 milhões, BBB, R$ 44 milhões, e o Parrilla, R$ 6 milhões. O lucro não foi divulgado.

São quatro modelos de negócio: express, contêiner, plus com broiler e rotisserie. O investimento vai de R$ 329 mil a R$ 630 mil. A menor, loja express, tem até 80m² e conta com geladeiras com os produtos, um minimercado com itens como temperos, espetos e molhos e até uma pequena sala de corte de carne. A rotisserie é o modelo mais completo, com uma cozinha para a preparação de porções como arroz, legumes e batata, e ainda oferece churrasco para viagem. A partir de fevereiro, as unidades maiores também vão vender pratos executivos na hora do almoço, por valores entre R$ 39,90 e R$ 59,90.

Quando começou a abrir franquias, em 2021, também atraiu novos sócios. A Sato Rahal (empresa da apresentadora Sabrina Sato e seus irmãos) é sócia na BBA. Segundo Netão, Karin Sato (irmão de Sabrina) tem participação ativa na empresa e cuida do marketing e parcerias. Outros sócios são Duda Nagle (ex-marido da Sabrina, que ajuda na divulgação e imagem da marca), Renato Vasconcelos (cuida da expansão) e José Paulo Scheliga (responsável pelo financeiro). Sato Rahal e Vasconcelos são sócios também em outra empresa do Grupo: Bom Beef Burgers (BBB). "Não houve aportes de dinheiro por parte dos sócios. Cada um entrou na sociedade para agregar na área de mais afinidade."

Redes sociais ajudam a bombar o negócio. Desde 2014, antes mesmo de inaugurar o novo açougue, Netão postava conteúdo sobre carne no Facebook. Em 2016, começou a postar no Instagram e, em 2018, alimentou o seu canal no YouTube com vídeos sobre cortes de qualidade, receitas e dicas de churrasco. Hoje, ele e as marcas do seu Grupo têm mais de 3,4 milhões de seguidores nas redes sociais. Só no Instagram do Netão são 1,3 milhão de seguidores e em seu canal no YouTube, 1,2 milhão. Desde março de 2023, Netão apresenta o programa semanal "Na Grelha com Netão", na RedeTV!.

Restaurante e hamburguerias

A empresa decidiu expandir para outras áreas. Aberto em 2021, o Bom Beef Burgers tem 11 unidades em funcionamento, sendo uma própria (Santos) e 10 franquias (nove em São Paulo e uma no Rio). A hamburgueria foi criada durante a pandemia, inicialmente como delivery, para aproveitar colaboradores já treinados enquanto todas as lojas estavam fechadas.

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Também tem um restaurante, o Parrilla Bom Beef, aberto ano passado em Santos. Entre os pratos do restaurante, estão o dry aged, carne maturada a seco, grelhada e finalizada bem tostada com manteiga. Também fazem sucesso a Coxinha de Cupim e o Steak Tartare Defumado (carne bovina picada na ponta da faca, picles, cebola, mostarda do assador e temperos, com ovo curado).

Nos últimos dois anos, Netão investiu R$ 12 milhões para construir a nova sede da empresa e o restaurante. Do total, R$ 4 milhões vieram do lucro da BBA e outros R$ 8 milhões, de seu bolso. "Sempre tive o sonho de ter uma parrilla anexa ao açougue de Santos, para poder, além de vender a carne para o cliente fazer em casa, servir ela pronta, da melhor maneira, para oferecer a melhor experiência possível", afirma o empreendedor.

Como ele construiu a empresa

O pai e tios de Netão tinham comércios em Santos. Aos 17 anos, ele começou a trabalhar no açougue do tio Marcelo, como entregador, depois açougueiro até virar gerente. "Foi ali que aprendi muito sobre os cortes da carne tradicionais", declara.

Decidiu comprar o açougue em 2014, por R$ 210 mil. Antes de voltar para o universo das carnes, trabalhou como bartender em cruzeiros e como gerente em loja de móveis.

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Toda essa experiência [açougue, cruzeiros e loja de móveis] me fez acreditar que eu tinha potencial para o negócio. Tudo serviu de escola. Ganhei autoconfiança e expertise para tocar a minha empresa.
Netão, fundador do Grupo Bom Beef

No primeiro mês à frente do negócio, mudou o nome de Casa de Carnes Costa Rica para Bom Beef Açougue (BBA), e viu o faturamento saltar 594%. "De cara, dei uma repaginada na fachada, lavei todo o açougue para tirar o cheiro forte de carne e postei muitos conteúdos do Facebook. Marketing, atendimento diferencial, promoções e carne de qualidade ajudaram a aumentar o faturamento", afirma.

Netão introduziu cortes nobres no cardápio aos poucos, para aumentar o valor agregado dos produtos. O primeiro foi uma picanha argentina, que custa R$ 179,98 o quilo. Hoje, o cardápio inclui carnes como ancho, denver steak, flat iron, prime rib, baby beef e short rib. "Lapidamos o corte para tornar a carne especial. Um exemplo é o acém, que, após ser lapidado, se torna o denver steak", diz. São consideradas nobres por causa da maciez, suculência e sabor. O steak do Netão sai por R$ 129,98, mesmo valor do chorizo reserva, e o baby beef custa R$ 109,98 o quilo.

No início, eram cortes de carne menos conhecidos no Brasil, mas comuns no exterior e em restaurantes especializados. Essa mudança estratégica foi crucial para a consolidação e sucesso do Bom Beef no cenário local.
Netão, fundador do Grupo Bom Beef

Fornecimento de carnes especiais é um problema

Netão diz que no início o grande gargalo era encontrar mão de obra qualificada. "Tive funcionário que se recusava a fazer os cortes que eu pedia", afirma. Tanto o franqueado como os funcionários são treinados pela franqueadora e pelo próprio Netão para serem especialistas no assunto e, assim, poder ajudar o cliente na seleção das carnes.

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O que ainda é um problema é o fornecimento de carnes especiais. "Não é sempre que nossos fornecedores conseguem abastecer a nossa rede com todas as carnes especiais e na quantidade desejada. Por exemplo, um boi só dá duas picanhas de qualidade, e isso limita muito. Garantir o abastecimento é um problema hoje menor do que antes, mas ainda é um problema", diz. Toda a produção de carnes especiais é terceirizada.

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