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Ação da Brookfield dispara quase 20% após anúncio de oferta

 Nacho Doce / Reuters
Imagem: Nacho Doce / Reuters

17/02/2014 11h56

SÃO PAULO (Reuters) - As ações da Brookfield disparavam na manhã desta segunda-feira, na maior alta do Ibovespa, após sua controladora ter anunciado uma oferta pública de aquisição de ações para tirar a incorporadora da bolsa.

A controladora Brookfield Brasil Participações (BRB) disse na sexta-feira que o preço máximo a ser pago aos minoritários é de até 1,60 real por ação, 29 por cento superior ao valor de fechamento do papel da companhia na última sessão.

Prevendo que as ações da empresa reagiriam positivamente em razão desta diferença, o analista William Castro Alves, da XP Investimentos, escreveu em relatório que nos últimos três meses o preço médio da ação foi ainda mais baixo, a 1,12 real. Diante desse patamar, a OPA implicaria um prêmio de cerca de 42 por cento, afirmou Alves.

Às 11h46, a ação da Brookfield disparava 18,55 por cento, a 1,47 real, diante de variação positiva de 0,06 por cento do Ibovespa.

A equipe do Citi liderada por Paola Mello lembrou que, desde sua abertura de capital em 2006, a empresa vinha lutando contra baixa rentabilidade, queima de caixa, excesso de custos e aumento da alavancagem.

Nos últimos meses, a empresa também apareceu na mídia como uma das envolvidas no esquema de irregularidades no pagamento de Imposto sobre Serviços (ISS) à Prefeitura de São Paulo para liberação do habite-se.

Em meio a especulações sobre uma possível saída da bolsa, a controladora da Brookfield havia informado em janeiro que decidiria em até 120 dias por uma OPA ou pela capitalização por meio da emissão de ações.

No terceiro trimestre de 2013, a Brookfield teve prejuízo de 53,2 milhões de reais. Atualmente, o papel da companhia é negociado a menos de um terço do seu valor patrimonial.

"Acreditamos que a oferta representa uma razoável estratégia de saída em relação aos níveis atuais de preço da ação, que refletem a fraqueza crônica na performance e a deterioração na estrutura de capital da Brookfield", disse o Citi.

O time de analistas do banco estima que a relação entre dívida líquida e patrimônio da Brookfield vá ficar em 97 por cento no fim de 2014 - ante 118,3 por cento no terceiro trimestre de 2013 -, com o vencimento de dívidas corporativas de 800 milhões de reais ao longo do ano.

"Particularmente pelo risco da arrecadação não ser suficiente para atender a todas as amortizações programadas, o refinanciamento seria um desafio e a estrutura de capital poderia arriscar (a necessidade de) uma injeção de capital", disse o Citi.

"Vemos pouco apetite para isso entre os investidores do mercado de ações e suspeitamos que a Brookfield gostaria de evitar a desagradável experiência de expor essa situação ...", completou o banco.

Apesar de reconhecer que as ações da companhia devem ser positivamente impactadas no curto prazo, analistas do Espírito Santo Investment Bank observaram, por outro lado, que o preço proposto na OPA é baixo em relação ao valor patrimonial da companhia.

"Na nossa opinião, o preço proposto para a OPA é baixo, com um amplo desconto em relação ao último valor patrimonial divulgado ... Acreditamos que acionistas minoritários podem não aprovar esse preço", afirmaram.

No fato relevante sobre a oferta pública, a controladora BRB pediu que o Conselho de Administração da Brookfield apresente a lista tríplice de empresas especializadas para elaborar o laudo de avaliação do valor da ação. A operação ainda precisa ser aprovada em assembleia de acionistas.

(Por Marcela Ayres e Priscila Jordão)