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Taxa de desemprego sobe a 8,0% no trimestre até abril, com forte procura por vagas e queda na renda

Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
Imagem: Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira

03/06/2015 10h01

Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A taxa de desemprego do Brasil subiu a 8,0 por cento no trimestre encerrado em abril, com o mercado de trabalho marcado pela forte procura por emprego, corte de vagas e queda na renda, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.

O dado divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou 0,1 ponto percentual acima da taxa registrada no primeiro trimestre, e é o maior patamar da série iniciada em 2012 para o trimestre encerrado em abril.

No mesmo período de 2014 a taxa de desemprego havia ficado em 7,1 por cento, e o resultado divulgado nesta quarta-feira também foi pior do que o registrado no trimestre encerrado em janeiro --que corresponde aos três meses imediatamente anteriores ao período anunciado--, de 6,8 por cento.

"A gente já inicia o segundo trimestre do ano (pior) e intensificando o movimento de aumento da desocupação e de queda da ocupação", resumiu o coordenador do IBGE Cimar Azeredo. "Muitas pessoas estavam estudando e se qualificando até o ano passado. Mas com o poder de compra em queda, mais jovens e mais idosos estão voltando ao mercado de trabalho para compor renda familiar."

Segundo os dados da Pnad Contínua Mensal, no trimestre até abril o número de desocupados, que inclui aqueles que tomaram alguma providência para conseguir trabalho, teve alta de 18,7 por cento ante os três meses encerrados em janeiro, atingindo 8,029 milhões de pessoas.

"Não dá para dizer que o que se vê é apenas dispensa de temporários, tem mais pessoas procurando trabalho do que em períodos anteriores. Isso é reflexo do que aconteceu no PIB. Se você não produz, não gera trabalho e não há vagas", destacou Azeredo. No primeiro trimestre, a economia brasileira encolheu 0,2 por cento ante os últimos três meses do ano passado.

Por sua vez, a população ocupada registrou queda de 0,6 por cento nos três meses até abril, para 92,179 milhões. O IBGE usa a comparação com o trimestre imediatamente anterior ao período anunciado para evitar repetição de dados relativos aos meses anteriores.

Os setores que mais demitiram no período em comparação com o trimestre encerrado em janeiro foram construção, com corte de -288 mil vagas, e comércio, com redução de -176 mil postos de trabalho.

Já o nível de ocupação, que mede a parcela da população ocupada em relação à população em idade de trabalhar, caiu a 56,3 por cento nos três meses até abril, ante 56,7 por cento no trimestre até janeiro.

O IBGE informou ainda que o rendimento real dos trabalhadores recuou 0,5 por cento na comparação entre os dois períodos, para 1.855 reais. Também caiu 0,4 por cento em relação a igual período do ano passado.

A Pnad Contínua tem abrangência nacional e o objetivo é que substitua a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que leva em consideração dados apurados apenas em seis regiões metropolitanas do país. No último dado disponível da PME, o desemprego chegou em abril ao maior nível em quase quatro anos, de 6,4 por cento.

O mercado de trabalho vem desde o início do ano apresentando esgotamento, sucumbindo à fragilidade da economia, num quadro de inflação alta, juros elevados e aperto fiscal em curso, com contração econômica.

Em abril, o Brasil fechou 97.827 vagas formais de trabalho, pior resultado para o mês na série histórica, segundo dados do Ministério do Trabalho.