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Juros futuros longos recuam à espera pela nomeação de equipe econômica

24/11/2014 17h32

Os juros futuros longos e intermediários recuaram na BM&F nesta segunda-feira ainda reverberando a expectativa de uma mudança da política econômica com a nomeação (ainda não confirmada) de Joaquim Levy para o ministério da Fazenda. Nada, contudo, que lembrasse a euforia de sexta-feira, quando investidores celebraram uma eventual guinada ortodoxa no segundo mandato de Dilma Rousseff com um corte agressivo dos prêmios de risco.

Na parte intermediária da curva a termo, DI janeiro/2017 desceu de 12,24% para 12,21%. Entre os longos, o DI janeiro/2021 caiu de 11,93% para 11,83%. Com isso, nos dois últimos pregões, a taxa do derivativo já recuou 0,60 ponto percentual, o que dá uma dimensão da magnitude dos ajustes.

Analistas listam fatores que impedem uma redução ainda mais aguda das taxas daqui para frente. Em primeiro lugar, há uma questão técnica do próprio mercado. Após o tombo no fim da semana passada, a aposta em nova rodada de queda teria se tornado mais arriscada.

Aqui e ali, há certa apreensão de que a presidente, sob fogo cerrado de uma ala do PT, possa voltar atrás. A necessidade de apagar o "fogo amigo" teria sido, ao lado da espera pela votação da nova lei orçamentária deste ano, um dos motivos que teria feito o governo postergar a indicação oficial da nova equipe econômica para esta semana, provavelmente na quinta-feira. Além de Levy na Fazenda, o time contaria com Nelson Barbosa no Planejamento e a permanência de Alexandre Tombini à frente do Banco Central.

Confirmados os nomes ventilados, os investidores vão se debruçar sobre o "risco de execução". Além de apresentar um plano de ajuste da economia, sobretudo das contas públicas, crível, é preciso que haja autonomia e respaldo político para pôr as medidas de pé. As escaramuças do governo com o Congresso Nacional e as próprias dúvidas sobre o grau de liberdade que Dilma dará à equipe econômica despertam preocupações.

Uma queda adicional das taxas depende do apetite do investidor estrangeiro, que minguou em novembro. Depois da entrada líquida de US$ 3,5 bilhões em títulos de renda fixa negociados no Brasil em outubro, houve saída de US$ 519 milhões neste mês, até o dia 20, segundo informou hoje o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel. Afora as questões macroeconômicas, há preocupações com os desdobramentos da operação Lava-Jato, que apura desvios de recursos na Petrobras, sobre a economia brasileira.

O Boletim Focus divulgado hoje pelo Banco Central ratifica o quadro de inflação alta, crescimento baixo e juros elevados em 2015. Houve, aliás, uma piora das expectativas para a inflação em 12 meses (de 6,44% para 6,55%), neste ano (de 6,40% para 6,43%) e em 2015 (de 6,40% para 6,45%). Foram mantidas as projeções para a taxa Selic neste ano (11,50%) e em 2015 (12%).