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Defesa diz que Youssef cumpria ordens de partidos e diretores

28/01/2015 20h45

Em defesa apresentada nesta quarta-feira à Justiça Federal do Paraná, o advogado do doleiro Alberto Youssef, um dos principais alvos da Operação Lava-Jato, alega que o esquema de corrupção investigado na Petrobras teve origem em políticos e dirigentes da estatal para servir a um projeto de poder elaborado pelo PT e por outros dois partidos da base aliada, PMDB e PP. Segundo o argumento do criminalista Antonio Figueiredo Basto, Youssef teria desempenhado papel auxiliar nesse processo. A estratégia da defesa de Youssef foi antecipada pelo Valor PRO (serviço de notícias em tempo real do Valor) na semana passada.

Na manifestação dirigida ao juiz Sergio Moro, o defensor afirma que o esquema de lavagem de dinheiro identificado pela Lava-Jato era conduzido por políticos e funcionários públicos. Basto contesta a versão apresentada nas primeiras denúncias oferecidas pela força-tarefa de procuradores da República, que sustentam que as fraudes eram lideradas pelo doleiro.

"O Alberto era um operador financeiro que atuava a mando dos partidos e dos diretores da Petrobras. Ele nunca liderou ou comandou esquema de corrupção algum", reafirmou Basto nesta tarde.

"Não é porque ele fez delação premiada que vamos aceitar tudo quanto é acusação", disse. O advogado espera que Youssef obtenha "redução significativa de pena ou até mesmo o perdão judicial".

Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disseram em suas delações premiadas que PT, PMDB e PP ficavam com 1% a 3% dos valores de contratos firmados com a estatal. As licitações no âmbito da diretoria de Abastecimento seriam divididas entre as três legendas. Já PT e PMDB teriam operadores próprios nas diretorias de Serviços e Internacional, respectivamente, segundo os delatores e as acusações formais do Ministério Público Federal (MPF).

Youssef é réu em 10 ações penais que tramitam na Justiça Federal de Curitiba por enviar US$ 445,5 milhões de dólares ilegalmente ao exterior, por formar organização criminosa e ainda por crimes de lavagem de dinheiro, operação irregular de instituição financeira e falsidade ideológica.