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Dicas úteis para jovens empreendedores

Rose Mary Lopes

Colunista do UOL, em São Paulo

05/07/2013 06h00

Semana passada, em uma universidade federal de outro estado, participei como banca externa de etapa intermediária de planos de negócios de alunos do curso de administração, juntamente com ex-aluno empreendedor e mais seis professores do curso, de diferentes especialidades.

Interessante, pois os jovens, na etapa anterior, tiveram que identificar uma ideia de possível oportunidade de negócio, e apresentá-la rapidamente, no formato de pitch.

E, para esta nova etapa, tinham de fazer pesquisas sobre fatores do contexto que afetariam positiva e negativamente o potencial negócio, verificar demanda, definir segmentos de clientes e definir proposta de valor (diferenciais) frente aos concorrentes.

Também tinham de estabelecer relacionamento e canais para se comunicar com os clientes, modelo de receita, atividades e recursos-chave, parcerias e possível estrutura de custo. Ou seja, fazer o exercício empreendedor de modelar o negócio, fazendo pesquisas próprias e usando as de outras fontes.

Surgiram negócios de aplicativos, de e-commerce, relacionados com entretenimento, com serviços de bem-estar e saudabilidade e negócios que revelam preocupação ambiental.

Esse exercício permitiu listar uma série de dicas úteis para os empreendedores que estão nesta etapa de sua trajetória, ou de outros que estão redefinindo os seus negócios atuais.

Inicialmente: lembre de ter foco quando define seu público-alvo. Pensar que o seus clientes variarão de 17 aos 60 anos, ou que serão das classes econômicas A, B e C revela que, de fato, você ainda não definiu seu cliente-alvo.

Lembre que as decisões e os esforços posteriores de comunicação – canais e tipo de relacionamento, bem como o valor agregado – serão direcionados para este segmento ou nicho. Exemplo: ainda que a sua loja esteja pronta para atender todas os usuários de motos de baixa cilindrada, o seu cliente-alvo poderia ser o motoboy.

Resista à tentação de agregar muitas funcionalidades ou  variações possíveis no seu leque de produtos ou serviços. Você não dará conta em termos de investimento, de estrutura e operacionais. Exemplo: escolha um cardápio menor, mas em que possa fazer o melhor.

Lembre-se que até acertar toda a operação – fornecimento, quantidades certas, preparação, equipe, preparo, serviço e até entrega – é mais prudente oferecer qualidade em poucos itens do que erros, atrasos, ou qualidade a desejar em muitos.

Foque no mínimo produto viável e faça muitos testes, acerte as arestas, aprenda antes de pretender ampliar sua atuação. Afinal, é duro conquistar o cliente, mas é bem fácil perdê-lo!

Mesmo que o seu negócio seja de e-commerce, investigue bem a logística necessária. Afinal, produtos não aparecem magicamente na porta do cliente!

Há toda uma cadeia por trás, desde emissão de ordem, recebimento, estoque, seleção de itens, embalagem, remessa. E, toma tempo e custa.

Somente com volumes maiores é que terá condição de negociar condições melhores. Até lá, seu custo, ainda que terceirizando, afetarão bastante o seu resultado.

Se uma atividade fizer parte da alma de seu negócio, é mais prudente que a conserve com você e debaixo de seus olhos.

Exemplificando: se a concepção do design do produto, o estilo da coleção de roupas, a criação e a manutenção de uma plataforma digital forem os diferenciais do seu negócio, esta atividade bem como os profissionais envolvidos deveriam integrar a empresa e não serem terceirizados.

Outra dica importante: use cuidadosamente o resultado de pesquisas (principalmente se forem apenas cognitivas) com possíveis clientes sobre a disposição deles em mudar e comprar. Bem ou mal, suas necessidades atuais estão sendo atendidas, diretamente ou por soluções substitutas.

Há certa morosidade, comodidade e inércia para mudar. Apenas uma parcela muito pequena tende a aderir prontamente: as dos altamente insatisfeitos ou aqueles que tem muita sede de novidade, e que são os experimentadores.

Faça testes: com modelos, com protótipos, faça com que experimentem, use simulações. Lembre de envolver também quem vai pagar a conta! Utilize os resultados com moderação. É preferível fazer projeções moderadas e se surpreender depois, do que o contrário.