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Agronegócio puxa mais uma vez crescimento da economia do país, diz IBGE

Bruno Henrique Pedersoli/UOL
Imagem: Bruno Henrique Pedersoli/UOL

Do UOL, em São Paulo

30/08/2013 09h30Atualizada em 30/08/2013 15h01

Com crescimento de 13% em um ano e de 3,9% em relação ao trimestre anterior, a agropecuária foi o principal destaque da economia brasileira no 2º trimestre. O setor já havia sido o principal destaque da economia do país no 1º trimestre.

Segundo a gerente de Contas Nacionais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Rebeca Palis, o bom desempenho da agropecuária é puxado pelo aumento da produção de soja, milho, feijão e arroz. “Todos com safra relevante nesse trimestre. E todos com ganho de produtividade, isto é, com um aumento de produção maior do que a área plantada”, disse.

A economia brasileira cresceu 1,5% no segundo trimestre de 2013 em relação ao trimestre anterior. Em relação ao segundo trimestre de 2012, o crescimento foi de 3,3%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (30) pelo IBGE.

O principal destaque do agronegócio brasileiro foi o crescimento da produção de soja, que teve alta de 23,7% no 2º trimestre.  A safra recorde do grão deverá ser 5,6% maior do que na colheita anterior. O volume  pode chegar a 82,15 milhões de toneladas na safra atual, informou a consultoria Agroconsult no início do mês.

À Reuters, o economista Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências afirmou que "o principal destaque positivo foi a agropecuária, com crescimento da produção e aumento de ganho de produtividade". Segundo o economista, a previsão de crescimento de 2,1% da consultoria pode ser repensada para cima com o bom resultado.

José Carlos Hausknecht, sócio da MBAgro Consultoria, afirma que as safras de grãos deste ano cresceram em cima de más colheitas em 2012. "A gente teve, em 2012, quebra de safra, principalmente na primeira safra de soja e milho"

Gustavo Mendonça, economista da consultoria Saga Capital, concorda que o setor agrícola foi a "surpresa positiva" do trimestre, mas ele duvida que o crescimento da agricultura seja o suficiente para salvar o desempenho da economia. Para ele, ao mesmo tempo que as vendas diminuem com o aumento da taxa de juros e, por isso, do custo do empréstimo, a inflação continua alta. "As pessoas podem revisar suas estimativas para o ano para cima, mas não muito", disse.

A produção de milho, com crescimento de 12,2% no 2º trimestre aparece logo atrás da soja como destaque do agronegócio brasileiro e pode chegar ao recorde de 80 milhões de toneladas.

Com altas de 8,4% e 2,9%, respectivamente, o feijão e o arroz também foram destaques no período.

No primeiro trimestre, a economia brasileira tinha crescido 0,6% em relação ao trimestre anterior. Em relação ao primeiro trimestre de 2012, o crescimento foi de 1,9%.

O Produto Interno Bruto da agropecuária havia crescido 9,7% no 1º trimestre na comparação com o quarto trimestre de 2012, registrando a maior alta desde 1998 e sendo o maior "destaque" do período

Mantega diz que nuvem cinza começa a dissipar

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse na quinta-feira (29) que o clima de desconfiança em relação à economia brasileira verificada no fim do primeiro semestre já está sendo revertido e que o país está preparado para enfrentar as turbulências dos mercados financeiros.

Na visão do ministro, a queda na confiança do empresariado e consumidor foi causada por vários fatores, como inflação mais alta no início do ano, mudança na política do banco central dos Estados Unidos, manifestações em junho e "malidicências de alguns descontentes".

"Não vamos chorar o leite derramado, vamos tocar em frente... o Brasil já apresenta resultados palpáveis, como a redução da inflação, a retomada do crescimento e o interesse dos investidores estrangeiros, tudo isso já começa a dissipar essa nuvem cinza que foi colocada sobre o nosso país", disse o ministro durante evento, em São Paulo.

Mantega reiterou que não está havendo fuga de capitais do país e que as reservas internacionais e o grande mercado consumidor interno ajudam o Brasil a enfrentar a turbulência internacional.

Crescimento em 2013 será cortado de 3% para 2,5%

A previsão de crescimento da economia brasileira neste ano será cortada de 3% para 2,5%, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na semana passada (22). O anúncio oficial, segundo Mantega, seria feito nos próximos dias.

O governo já tinha reduzido suas contas sobre a expansão brasileira em 2013. A primeira previsão era de crescimento de 4,5% e, após inúmeros estímulos dados --como corte de tributos da folha de pagamento das empresas e de incentivos ao consumo--, a economia não decolou e a projeção foi rebaixada para 3,5% em abril.

Em julho, e já enfrentando os efeitos de uma crise de confiança dos agentes econômicos, a área econômica voltou a piorar a estimativa, reduzindo-a para 3%

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  • Raphael Salimena/UOL

BC estimava crescimento de 0,89%

A estimativa do Banco Central, mostrada por meio do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), era de expansão de 0,89% em relação ao primeiro trimestre.

O índice é elaborado mensalmente pelo BC e é considerado uma prévia do PIB (Produto Interno Bruto) --que é calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a cada trimestre e leva a um resultado anual.

O indicador do BC é visto pelo mercado como uma antecipação do resultado do PIB, e serve de base para investidores e empresas adotarem medidas de curto prazo. Porém, não necessariamente reflete o resultado anual do PIB e, em algumas vezes, distancia-se bastante.

No primeiro trimestre, por exemplo, o PIB cresceu apenas 0,6% em relação ao trimestre anterior, segundo o IBGE. Isso é metade do que mostrava o IBC-Br (alta de 1,22%). Em entrevista, um diretor do BC justificou a diferença, dizendo que o IBC-Br não tem a pretensão de medir o PIB, apesar de o mercado o usar como um balizamento.