Agricultores de assentamento no RS não usam agrotóxico por contrato
Entre os 16 assentamentos gaúchos que fornecem arroz orgânico (sem agrotóxicos) a alunos da rede pública de ensino da cidade de São Paulo, o que mais produz o graão é o Filhos de Sepé, no município de Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre.
Ali são cultivados cerca de 20% de toda a produção do arroz da Coopat, cooperativa que entrega o produto que entra na merenda de alunos da rede pública da prefeitura de São Paulo.
O Filhos de Sepé existe desde 1998. São 9.000 hectares desapropriados pelo governo federal e divididos entre 376 famílias. Todos os assentados tiveram que se comprometer mediante contrato a não utilizar agrotóxicos.
Em uma área de 1.500 hectares, 125 famílias produzem o arroz sem agrotóxicos, que, depois de colhido, é levado à sede da Coopat, em Tapes, onde é beneficiado e ensacado.
Para este ano, a previsão é que sejam colhidas 90 mil sacas (50 kg) de arroz orgânico. O grão é o carro-chefe do assentamento, mas ali também são produzidos frutas, leite, hortaliças e gado de corte.
O arroz é produzido por pequenos agricultores como Osmar Moisés de Moura, 34. Ele conta que ingressou no movimento dos sem-terra aos 15 anos, seguindo os passos do pai.
Casado e pai de um casal de filhos, Perito, como é conhecido, atualmente coordena a irrigação do assentamento. "Mas foram meses de acampamento pelo Estado, embaixo de sol, chuva e lona preta", afirma.
Já Valdir de Lima, 50, antes plantava milho e soja em terras arrendadas no interior gaúcho. "Começamos a acampar e, depois de uns anos, viemos para cá [Viamão]. Fomos ajudados pelo Incra para aprender a mexer com o arroz", diz.
Segundo Lima, o contrato fechado com a prefeitura de São Paulo é um incentivo ao grupo. "Sabemos que estamos conseguindo espaço no mercado. Está valendo a pena", diz.
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