Graciliano Rocha

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Reportagem

5 pontos sobre o megapacote da China e seu impacto nas empresas brasileiras

O pacote de estímulos à economia anunciado pelo governo chinês surpreendeu o mundo por causa da abrangência, mesclando cortes de juros com maior liberação de dinheiro para crédito. O objetivo geral é produzir aumento da atividade na segunda maior economia do mundo.

Desde 2009, a China é o principal destino das exportações brasileiras, superando os Estados Unidos. Em 2023, as exportações para a China atingiram US$ 104,3 bilhões. A pauta de exportações brasileira para a China é concentrada em commodities, principalmente soja, minério de ferro e petróleo.

O setor de mineração (19% das exportações brasileiras) é o mais obviamente favorecido por fornecer ferro, insumo básico para a construção civil e infraestrutura. Suderúrgicas também são ganhadoras no primeiro momento.

A China também é o principal fornecedor do Brasil, com importações de US$ 53,2 bilhões em 2023. O comércio com a China gera um superávit comercial significativo para o Brasil, contribuindo para superávit das contas externas brasileiras.

As medidas anunciadas e seus impactos

1. Cortes nas taxas de juros: O Banco Popular da China, o banco central do país, reduziu as principais taxas de juros, incluindo as taxas de hipoteca

Impacto: Visa reativar o crédito e impulsionar investimentos em um momento de enfraquecimento econômico, especialmente no setor imobiliário.

  • Os estímulos ao mercado imobiliário tendem a favorecer diretamente a Vale, principal exportadora de minério de ferro para a China, de duas formas: possível aumento do preço internacional do minério de ferro com aumento da demanda chinesa e provável aumento das encomendas da commodity vendidas pela mineradora.
  • A ação da Vale (+5,15%) voltou a subir para patamar superior aos R$ 60. A empresa brasileira é uma das mais expostas ao mercado chinês, principal destino das exportações brasileiras de ferro.
  • O movimento das ações na B3 nas primeiras horas após o anúncio das medidas também mostra que houve uma injeção de ânimo no setor siderúrgico. Ações de empresas como Usiminas e CSN avançaram mais de 5% no pregão desta terça.

2. Mais liquidez para os bancos: o BC chinês diminuiu a exigência de reservas dos bancos, permitindo que emprestem mais.

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Impacto: Combinando com a queda das taxas de juro, bancos emprestando mais tendem a produzir maior atividade econômica e compras internacionais.

3. Incentivos ao setor imobiliário: Foram implementadas medidas para ajudar governos locais a adquirir imóveis encalhados e reduzir as exigências de entrada para a compra de uma segunda residência.

Impacto: Tentativa de revitalizar o setor imobiliário, duramente atingido pelo estouro de uma bolha, que arrastou grande parte da economia chinesa para uma desaceleração.

4. Estabilização do mercado de ações: O governo chinês, por meio do BC chinês, anunciou o apoio direto aos bancos para sustentar o mercado acionário, com discussões sobre um fundo de estabilização.

Impacto: Essa medida busca restaurar a confiança nos mercados financeiros, incentivando investimentos e evitando uma maior desvalorização das ações.

5. Estímulo à compra de bens de consumo: O governo estuda iniciativas para incentivar os consumidores a trocar eletrodomésticos antigos por novos, além de políticas sociais que favoreçam o gasto.

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Impacto: O objetivo é estimular o consumo doméstico, essencial para manter a economia aquecida em um ambiente de baixa confiança e demanda.

Para ficar de olho: Espera-se que o governo chinês anuncie em breve novas medidas fiscais, especialmente voltadas para infraestrutura e apoio ao consumo, apesar das preocupações com o déficit fiscal. Embora o pacote atual seja importante, analistas de bancos internacionais consideram que a economia chinesa precisa de reformas mais profundas para sustentar o crescimento a longo prazo.

Para ir mais longe: Em junho, a ApexBrasil (agência de promoção de exportações do governo brasileiro) publicou um estudo sobre o comércio entre os dois países, que completou 50 anos em 2024. A íntegra do "Mapa Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil-China 2024"está disponível aqui.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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