PIB do 2º tri mostrará freada e economia andando de lado
A atividade econômica deve ter crescimento em torno de 0,3%, no segundo trimestre de 2023, em relação ao primeiro trimestre. Na comparação, anual, a expansão terá sido de 2,7%. Em torno desses números variam as projeções para a evolução do PIB (Produto Interno Bruto), no período de abril a junho. A divulgação pelo IBGE dos resultados oficiais do segundo trimestre está prevista para esta sexta-feira (1º), às 9h.
Se a média das projeções for confirmada, será possível concluir que, depois do ritmo de crescimento surpreendentemente forte do primeiro trimestre, a economia, no segundo trimestre, andou de lado. Diante de uma expansão de 1,9%, entre janeiro e março, sobre o último trimestre de 2022, o recuo no ritmo de crescimento, no segundo trimestre, deste ano, mostra uma freada de correção.
Produção de petróleo e gás ajudou
Para ter uma ideia do tamanho da freada, pode-se calcular a taxa de crescimento anualizada — se os números do trimestre se repetissem por mais três trimestres, acumulando 12 meses. No primeiro trimestre de 2023, a taxa de crescimento anualizada foi de 7,8%, enquanto no segundo trimestre, se confirmadas as previsões, não terá passado de 1,2%.
Os estímulos para o crescimento, na visão de analistas, em 2023, têm até aqui se concentrado em choques de oferta favoráveis. Choques de oferta, no jargão do economês, designam expansão acentuada da produção setorial.
Demanda doméstica estável
No primeiro trimestre, o choque positivo veio da agropecuária, que avançou, no período, mais de 20% sobre o trimestre anterior. Agora, no segundo trimestre, o efeito que pode ter ajudado na variação do PIB teria vindo do aumento da produção na indústria extrativa mineral, principalmente nos segmentos de petróleo e gás.
A razão desse impulso não tem relação com aumento de preços das cotações de petróleo no mercado internacional. Derivam mais da expansão da produção física. Como a renda setorial expressa a quantidade produzida multiplicada pelos preços obtidos, é a quantidade produzida, na visão de analistas, que está impactando a renda setorial e o crescimento da economia.
Numa repetição do padrão do primeiro trimestre, sem esse choque de oferta favorável, como então ocorreu com a agropecuária, o crescimento do segundo trimestre teria sido zero ou mesmo negativo.
Essa conclusão vem da constatação de que a demanda doméstica, que já tinha encolhido 2%, em termos anualizados, no primeiro trimestre, ficou praticamente estável, entre abril e junho, com queda prevista de 0,2%, em termos anualizados, no período. A demanda doméstica representa a soma do consumo das famílias, do consumo do governo e do volume de investimentos.
Projeções de PIB negativo no 2º semestre
As projeções para o segundo trimestre, na comparação com o primeiro trimestre, indicam crescimento de 0,3% no consumo das famílias, encolhimento de 1% no consumo do governo e recuo de 0,4% no volume de investimentos. Em relação ao segundo trimestre de 2022, os investimentos acumulariam queda de mais de 3%. Pelas estimativas, o setor agropecuário devolveu, no segundo trimestre, parte do crescimento extraordinário do primeiro trimestre, com recuo de 2%, no período.
Antes da divulgação dos números efetivos da atividade econômica no segundo trimestre, as previsões para a segunda metade de 2023 são de pequeno recuo nos dois trimestres restantes do ano. As estimativas para o avanço do PIB no ano giram, antes de se conhecer os resultados do segundo trimestre, em torno de 2,5%, ainda sob o forte impulso da agropecuária no começo do ano.
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