Inflação deve subir até o fim do ano, mas fecha dentro do intervalo da meta
A inflação, medida pela variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), vai dar um repique, nos dois meses finais de 2024. Mesmo assim, a alta de preços, no momento, está sob controle. A inflação deverá encerrar o ano dentro do intervalo de tolerância do sistema de metas, depois de dois anos seguidos de estouro do teto.
Essas são as projeções de especialistas, depois dos resultados do IPCA em outubro, divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE. Segundo as estimativas de Fabio Romão, economista da LCA Consultores com larga experiência em acompanhamento de preços, a inflação pode avançar a 0,4% em novembro e a 0,6% em dezembro. Na marcha do acumulado em 12 meses, o ritmo seria de queda, abaixo de 4,8%, em novembro, encerrando 2023 com alta inferior a 4,7%.
Espaço para corte nos juros
Do ponto de vista da política de juros praticada pelo Banco Central, os números de outubro e as projeções para os dois meses restantes do ano abrem espaço para novo corte de 0,5 ponto percentual, na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) em dezembro. Confirmada essa decisão, a taxa básica de juros (taxa Selic) terminaria o ano em 11,75% nominais, com redução de dois pontos, em relação à taxa de 13,75%, vigente no início de 2023.
A alta de preços no mês passado foi de 0,24%, abaixo das estimativas que apontavam alta mais perto de 0,3%. No ano, os preços avançaram 3,75%, e subiram 4,82%, no acumulado em 12 meses, já na fronteira do teto do intervalo de tolerância da meta, cujo centro, para 2023, está fixado em 3,25%, podendo variar de 1,75% a 4,75%.
Passagem aérea pesa no IPCA
Apesar de ainda longe do centro da meta, a inflação no Brasil vive momento de acomodação. A alta de outubro, por exemplo, foi fortemente influenciada pela elevação, no segundo mês consecutivo, dos preços das passagens aéreas. Este é um item muito volátil da cesta de bens e serviços do IPCA e com impacto maior impacto nas faixas de renda mais altas do indicador.
Se os preços das passagens aéreas permanecessem estáveis, o IPCA teria avançado apenas 0,1% em outubro. Reforça essa informação o resultado do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que apura a evolução dos preços com base na mesma cesta, no mesmo período e nas mesmas regiões do IPCA, mas limitado a orçamentos domésticos até cinco salários mínimos — e não a 40 salários mínimos, como no IPCA.
Enquanto no IPCA passagens aéreas entram com o peso de 0,61%, no INPC seu peso é três vezes menor, de 0,19%. O INPC de outubro subiu 0,12% e avançou, no acumulado em 12 meses, 4,14%.
Preços com tendência de bom comportamento
Outros indicadores que informam sobre as tendências e trajetórias da inflação, como o índice de difusão e os núcleos de inflação, voltaram a mostrar bom comportamento em outubro. O índice de difusão, que indica quantos produtos da cesta de quase 400 bens e serviços do IPCA registraram aumentos de preços no mês, foi de 52,2% em outubro, mais alto do que em setembro, mas muito abaixo da média histórica de 62%.
Já a média dos núcleos — que descontam do cálculo da inflação elevações de preços inesperadas ou sazonais, e indicam tendências futuras da inflação —, se bem que tenham subido para 0,26% em outubro, depois de avançar 0,22 em setembro, estão em queda, no acumulado em 12 meses e já abaixo do IPCA cheio. A alta da média dos núcleos de inflação recuou de 5,01% em setembro para 4,71%, em outubro.
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