Katherine Rivas

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Reportagem

Veja 16 ações que pagam dividendos acima da Selic de 10,75%

Com a Selic no patamar de 10,75%, 16 ações conseguem entregar um retorno em dividendos (dividend yield, ou DY) superior a taxa básica de juros. Entre as maiores rentabilidades se destacam Metal Leve (LEVE3), Auren (AURE3), Grendene (GRND3) e Petrobras (PETR4). Levantamento de Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria, apresenta o DY projetado nestas companhias para os próximos 12 meses. Foram considerados dados do dia 19 de março.

Para que as ações entreguem esta rentabilidade, uma premissa precisa ser cumprida: as empresas devem manter a mesma política de distribuição de dividendos dos últimos 12 meses e ter um lucro igual ou maior ao registrado no último ano. Mas quais destas companhias valeriam realmente a pena para integrar uma carteira de dividendos? O UOL Investimentos consultou analistas e traz a resposta a seguir.

Quais ações podem pagar mais que a Selic nos próximos 12 meses?

  • Metal Leve (LEVE3): 29,87%
  • Auren (AURE3): 28,55%
  • Grendene (GRND3): 21,98%
  • Petrobras (PETR4): 20,09%
  • Petrobras (PETR3): 19,82%
  • Vulcabras (VULC3): 17,78%
  • Mitre (MTRE3): 15,98%
  • CSN (CSNA3): 15,92%
  • Metalúrgica Gerdau (GOAU4): 15,32%
  • Bradespar (BRAP4): 14,86%
  • Copasa (CSMG3): 14,32%
  • CSN Mineração (CMIN3): 13,68%
  • BrasilAgro (AGRO3): 13,52%
  • Vale (VALE3): 11,38%
  • Cemig (CMIG4): 11,18%
  • Pague Menos (PGMN3): 10,76%

Fonte: Elos Ayta Consultoria. Dados até 19/03

Quanto essas empresas pagaram na mediana dos últimos cinco anos?

Além de projeções, é muito importante o investidor ter em conta o histórico de remuneração das companhias nos últimos anos. Isso serve para entender se os dividendos são recorrentes ou fruto de algum evento extraordinário e se tem potencial dessa remuneração se repetir.

Rivero aconselha observar a mediana dos últimos cinco anos, para uma visão mais conservadora dos proventos das empresas. Em companhias com menor tempo de Bolsa, foi calculada a mediana desde a abertura de capital. Veja abaixo. A lista está na mesma ordem da projeção dos próximos 12 meses:

  • Metal Leve (LEVE3): 8,08%
  • Auren (AURE3): 23,35%
  • Grendene (GRND3): 3,69%
  • Petrobras (PETR4): 23,55%
  • Petrobras (PETR3): 24,03%
  • Vulcabras (VULC3): 3,66%
  • Mitre (MTRE3): 4,69%
  • CSN (CSNA3): 6,06%
  • Metalúrgica Gerdau (GOAU4): 10,29%
  • Bradespar (BRAP4): 9,29%
  • Copasa (CSMG3): 4,91%
  • CSN Mineração (CMIN3): 15%
  • BrasilAgro (AGRO3): 11,47%
  • Vale (VALE3): 8,45%
  • Cemig (CMIG4): 9,93%
  • Pague Menos (PGMN3): 2%

Fonte: Elos Ayta Consultoria. Dados até 19/03

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Quais empresas ainda devem entregar dividendos interessantes?

A projeção de alguns analistas para dividendos em 2024 ou nos próximos 12 meses é um pouco diferente da apresentada pela Elos Ayta Consultoria. Os analistas consideram que não necessariamente as empresas terão um lucro igual ou maior ao registrado no último ano. Eles destacam quais ações valeriam a pena para uma estratégia de dividendos:

Metal Leve (LEVE3)

A Metal Leve (LEVE3) distribuiu praticamente 100% do seu lucro em dividendos (payout) nos últimos anos, com exceção de 2022. Para Sergio Biz, analista focado em dividendos e sócio do GuiaInvest, isso prova o interesse da companhia em remunerar os acionistas. Já Renato Reis, analista da Blue3 Research, lembra que a Metal Leve distribuiu dividendos extraordinários em 2023, o que potencializou o seu retorno - foram pagos R$ 10,72 por papel, retorno de 35,8%. "A controladora Malhe estava mal das pernas e precisavam de recursos, por isso a Metal Leve fez um follow-on (oferta secundária) condicionado ao pagamento de proventos", lembra Reis.

Segundo Biz, a empresa é muito eficiente e a mais rentável do grupo alemão Malhe. Para o analista, a Metal Leve deve continuar sendo referência no segmento de peças automotivas tanto para montadoras como para reposição. "O parque automotivo brasileiro é antigo e vai continuar demandando manutenção", avalia Biz. Entre as vantagens, Reis destaca que a Metal Leve não é uma companhia que faz muitos investimentos em expansão da produção e geralmente investe mais em pesquisa - assim, sobra caixa para ser distribuído aos investidores.

Biz espera que a Metal Leve entregue um dividend yield de 7% em 2024, e entre 7% e 8% no longo prazo. Entre os riscos, está a concorrência de preços com empresas asiáticas e a eletrificação - que pode deixar a companhia obsoleta por conta do seu foco em motores a combustão. "Contudo, a Metal Leve tem o segundo maior centro de pesquisa da América Latina e vale o investimento considerando o longo prazo", pontua Biz. Já Reis espera que a companhia entregue um dividend yield de 16% em 2024 e 15% em 2025. Ele recomenda comprar o papel LEVE3 abaixo de R$ 30, para garantir dividendos e ter espaço para valorização.

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Bradespar, Vale e Metalúrgica Gerdau

A Vale (VALE3) ainda é vista como oportunidade pelos analistas para geração de renda passiva. Felipe Paletta, sócio-fundador e analista da Monett, acredita que com o minério de ferro negociando entre US$ 100 e US$ 110 a tonelada, a Vale teria capacidade de distribuir dividendos de entre 10% e 11% nos próximos 12 meses. Paletta afirma que Vale tem um endividamento muito controlado e uma geração de fluxo de caixa sólida.

Ela pode ser boa para uma estratégia de longo prazo, mesmo sendo uma empresa cíclica. "O foco da Vale tem sido otimizar retorno da capacidade instalada atual", diz Paletta. Luis Novaes, analista da Terra Investimentos, acredita a Vale pode se beneficiar com a retomada do crescimento econômico nos próximos anos e efeitos positivos por busca de eficiência na empresa. Novaes diz que, no longo prazo, os ruídos com a governança e China acabam sendo menos relevantes.

Biz, do GuiaInvest, também gosta da Vale e a considera atrativa para o longo prazo, apesar dos problemas vistos recentemente com a sucessão do CEO e a desaceleração da China. Ele projeta um dividend yield entre 8,5% e 9% para VALE3 em 2024. "A Vale se caracteriza por distribuir generosos proventos, especialmente quando o minério de ferro é negociado a patamares elevados, como vem acontecendo já faz algum tempo", defende e reforça o baixo custo de produção frente aos concorrentes globais. A Vale também é competitiva no setor de níquel e cobre, que deve ganhar relevância com a eletrificação de veículos principalmente na China e nos Estados Unidos.

Segundo o analista do GuiaInvest, também é possível se expor a Vale por meio da Bradespar (BRAP4), holding que investe na mineradora. Para esta companhia, o dividend yield projetado é de 9% em 2024. Novaes também gosta dessa estratégia, via Bradespar.

Outra holding que Novaes acredita deve entregar dividendos interessantes é a Metalúrgica Gerdau (GOAU4), que investe na Gerdau (GGBR4). Apesar do cenário desafiador pela alta oferta de aço no mercado interno, o que pressiona os preços, o analista acredita que se trata de uma empresa sólida com preço descontado, o que deve trazer retornos significativos a longo prazo. "O fato de Bradespar e Gerdau Metalúrgica estarem relacionadas com empresas de commodities não é um problema para dividendos, porque as margens de lucro são altas o que permite o pagamento de proventos mesmo quando as receitas estão restritas", avalia Novaes.

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Auren e BrasilAgro

Auren (AURE3), empresa de geração de energia, teria capacidade de alcançar um retorno de 12% com proventos nos próximos 12 meses. É o que acredita Hugo Queiroz, sócio da L4 Capital. Para ele, a companhia serve para uma estratégia de renda passiva no médio e longo prazo, dado que possui bons projetos que vão permitir o crescimento da receita. "Quando esses projetos entrarem em um grau de maturidade vão ser fortes geradoras de caixa, com lucros recorrentes e bons dividendos", pontua.

Segundo Queiroz, além destes projetos, a companhia não tem muito espaço para investir no mercado regulado ou livre, o que a caracterizaria como uma boa pagadora de proventos.
Outros analistas têm uma visão mais conservadora para os dividendos da Auren. Reis, da Blue3 Research, acredita que a companhia vai entregar um dividend yield entre 6% e 7% neste ano. Já Marco Saravalle, analista CNPI-P e sócio-fundador da MSX Invest, espera proventos de 3,7%, mas reforça que pode revisar para cima suas projeções. "Os resultados na empresa estão melhores", diz.

Paletta, da Monett, cita também a Brasilagro (AGRO3), a companhia trabalha com desenvolvimento e venda de fazendas. No curto prazo, Paletta explica que a companhia se financia também com produção e venda de commodities agrícolas. Embora o cenário seja desafiador, com quebras de safra, Paletta acredita que a companhia alcance um dividend yield de 10% se fizer alguma venda de terras. Caso este cenário não se concretizar, a companhia teria capacidade de pagar entre 5% e 6%, dependendo apenas da receita das commodities agrícolas.

Copasa e Cemig

Quando se trata de empresas previsíveis para dividendos, Saravalle prefere Copasa (CSMG3) e Cemig (CMIG4) com dividend yield projetado de 8,8% e 8,5% para 2024.
Ele destaca que são empresas de utilidade pública, com a Copasa atuando no saneamento e a Cemig, uma elétrica integrada, que gera, transmite e distribui energia, atendendo praticamente 96% do estado de Minas Gerais. "Estas empresas dependem menos das oscilações da economia", observa. Por se tratar de serviços públicos e necessidades básicas, a receita destas companhias tende a ser mais resiliente.

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Petrobras

Embora a petrolífera possa não distribuir proventos extraordinários em 2024, ainda deve entregar um dividendo elevado de 13% a 14%, diz Reis, da Blue3 Research. Mas, se o petróleo brent cair abaixo de US$ 60 e a companhia fazer mais investimentos neste ano, o retorno em dividendos pode recuar, adverte o analista. Apesar disso, ele considera que os dividendos da Petrobras carregam uma volatilidade maior quando comparados com outras empresas da bolsa.

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