Katherine Rivas

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Reportagem

Vale e BB Seguridade são favoritas para dividendos em abril; veja lista

Apesar do cenário desafiador na China que reduziu a demanda por produtos de aço, a Vale (VALE3) ainda se consagra como a ação mais recomendada para dividendos no mês de abril. Com o minério de ferro cotado no patamar de US$ 103 a tonelada, a visão do mercado é que a geração de caixa da Vale ainda será robusta, pelo menos em 2024.

A mineradora recebeu 11 indicações de casas de análise e corretoras, ficando no topo da lista. Levantamento da coluna considerou as carteiras recomendadas para dividendos de 16 instituições. Foram citadas 50 empresas.

Além da Vale, entre as cinco favoritas do mercado se encontram: BB Seguridade (BBSE3), que reuniu 10 recomendações, Telefônica Brasil (VIVT3) e Banco do Brasil (BBAS3), com nove recomendações cada, e até Petrobras (PETR4), com 7 indicações, apesar das incertezas sobre as distribuições extraordinárias. No ranking das mais recomendadas, é possível encontrar companhias que já eram favoritas do mercado para ganhar dividendos em 2024, conforme mostrou levantamento do UOL Investimentos em janeiro.

Veja o ranking completo abaixo:

Vale (VALE3)

A mineradora Vale (VALE3) é a principal escolha (Top Pick) da Santander Corretora no setor de siderurgia e mineração. Ela pode pagar um dividend yield, ou retorno só com dividendos, de 9,11% este ano. A expectativa é que também haja valorização, até o patamar de R$ 95 (preço-alvo). Eles também destacam que a companhia está muito barata, com um desconto de 28% em relação aos pares globais.

Empresa é altamente dependente da China. Mas os preços do minério de ferro devem continuar altos no curto prazo - perto de US$ 105 a tonelada no ano - ainda mais que a produção está mais fraca no Brasil e na Austrália, afirmam os analistas Ricardo Peretti e Alice Corrêa. A retomada da atividade industrial na China pode ajudar a empresa e na recuperação dos preços do minério de ferro.

A empresa também pagou US$ 2,4 bilhões em dividendos ou R$ 2,74 por papel, equivalente a um DY de 4%, referente aos resultados do 4° trimestre de 2023. Pelo seu histórico, é esperado que a Vale pague outro dividendo em setembro, sem contar distribuições extraordinárias. Veja nesta matéria ações que pagam dividendos com frequência.

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Por outro lado, a empresa pode gastar mais por conta dos desastres ambientais de Mariana e Brumadinho (MG). No último balanço, a companhia chegou a reconhecer uma provisão adicional de US$ 1,2 bilhão por conta do rompimento da barragem da Samarco em 2015, lembram Peretti e Corrêa. Se a economia chinesa deixar de produzir aço, o preço do ferro também pode cair. Outro risco é a valorização do real, que poderia aumentar os custos de caixa do minério de ferro medidos em dólares.

Ela também é uma das mineradoras mais diversificadas do mundo. É o que diz o head de Research Fernando Siqueira da Guide Investimentos. A companhia possui três sistemas para as operações do minério de ferro no Norte, Sudeste e Sul - todos com capacidade de transporte e remessa própria. "A companhia está envolvida em projetos de exploração mineral greenfield em seis países e opera um sistema de logística no Brasil e no mundo integrados a suas operações de mineração, permitindo assim entrega de seus produtos em diversos países", comenta Siqueira. O dividend yield projetado pelo analista para os próximos 12 meses é de 15,8%.

A Ágora Investimentos espera um retorno com dividendos de 9% e valorização das ações até R$ 92,00 neste ano. Há pouco risco para a queda do minério de ferro, que pode até chegar a US$ 120 por tonelada. A percepção de que a Vale estaria barata também é defendida pela Ágora. Eles enxergam um desconto substancial frente aos pares de 25%, frente à média histórica de 15%.

BB Seguridade (BBSE3)

A BB Seguridade é subsidiária do Banco do Brasil e uma das principais empresas do país no segmento de previdência e seguros. Segundo analistas da Toro Investimentos, ela trabalha com linhas que tendem a ser mais estáveis mesmo em cenários desafiadores para a economia. A companhia oferece seguros de vida, habitacional, rural, residencial e empresarial.

Isso traz mais segurança e retorno. "Está livre do risco de juros sobre o capital próprio, o risco de inadimplência está ausente, a margem é impressionantemente alta, o cenário competitivo é favoravelmente benigno, o histórico de boa governança corporativa está bem estabelecido e distribui 90-95% de seus lucros, minimizando assim o risco de reinvestimento", pontuam os analistas do BTG Pactual, Bruno Lima, Luis Mollo e Marcel Zambello.

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Para trabalhar com estes seguros, a companhia possui diversos parceiros e oferta seus seguros por toda a rede do Banco do Brasil. Essa parceria com o banco a ajuda a ter um elevado retorno sobre patrimônio líquido (ROE), dizem os analistas da Toro, Lucas Carvalho, Gabriel Costa e Lucas Serra.

Outro diferencial é o forte pagamento de dividendos, historicamente um dos maiores da Bolsa de valores. Para o BTG, a BB Seguridade terá capacidade de pagar mais do que seu valor de mercado em dividendos até 2033. A expectativa é que a companhia entregue um dividend yield de 11,2% em 2024 e 11,5% em 2025. A recomendação é de compra.

Telefônica Brasil (VIVT3)

Após resultados sólidos no 4° trimestre, as expectativas do mercado são otimistas para a Telefônica Brasil (VIVT3). Na Genial, o analista Ygor Bastos espera um DY de 7,6% em 2024, com a possibilidade de ter pagamentos extraordinários, impulsionados pelas vendas que a empresa está fazendo.

"No ano passado, a Vivo reafirmou que manterá seu payout (parcela do lucro líquido destinada a proventos) pelos próximos três anos. Até o momento, a empresa já anunciou R$ 1,5 bilhão, sendo que existe a possibilidade reduzir o capital em até R$ 5 bilhões nos próximos dois anos", explica.

Segundo Bastos, a empresa pode alavancar seu crescimento e deixar os investimentos mais eficientes, com expansão de serviços que não consomem o caixa da empresa. O analista também espera melhorias na rede móvel, com a migração do 4G para o 5G. Por conta destas e outras iniciativas de eficiência em andamento, o analista espera que o fluxo de caixa melhore no longo prazo. Contudo, a companhia parece já ter embutido esses benefícios futuros no preço, pontua Bastos.

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Banco do Brasil (BBAS3)

Apesar de ser estatal, o Banco do Brasil é um dos queridinhos entre os investidores que buscam renda passiva. O mercado recebeu com bons olhos o seu aumento de payout de 40% para 45%. Até em casos de interferência política, o BB parece estar mais blindado do que outras estatais. Os estrategistas destacam também a presença do banco em 99% dos municípios brasileiros, com mais de 68 milhões de clientes.

Segundo Fernando Ferreira e Jennie Li, estrategistas da XP Investimentos, o banco atua em setores que se mantém fortes, com margem financeira estável no crédito rural, consignado e Crédito Direto ao Consumidor (CDC) para funcionários públicos. Eles também destacam que o banco é menos dependente de varejo e possui uma base de clientes mais protegida. É a menor inadimplência entre os grandes bancos.

E, por ser estatal, ela negocia com desconto de 30% frente aos pares privados. "Esse desconto parece excessivo dadas as condições atuais. Dito isso, vemos uma assimetria positiva para o banco estatal", defendem os estrategistas da XP.

A previsão da XP é de dividendos de 8,1% em 2024, e que as ações valorizem até o patamar de R$ 73. A recomendação é de compra. Para o BTG, o DY projetado é de 10,7% para 2024. Embora barato, eles sinalizam que o desconto está diminuindo, mas ainda há retornos a serem capturados. Para 2025, a projeção é de proventos de 10,9%.

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