Katherine Rivas

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Reportagem

Saiba como ganhar até R$ 5.000 por mês com ações que pagam mais que a Selic

Com a Selic no patamar de 11,25% ao ano, 13 ações entregam um dividend yield (retorno em dividendos) superior à taxa básica de juros. Saiba mais nesta reportagem! A expectativa do mercado é que os juros continuem subindo para o patamar de 11,75% ao ano para o final de 2024 e cheguem a 12,25% em 2025, segundo projeções do último boletim Focus.

Mas quanto seria necessário investir nestas 13 ações para ter um salário mensal de R$ 1.000 ou R$ 5.000 com dividendos destes papéis?

Simulação de Fábio Sobreira, sócio e analista da Rocha Opções de Investimentos, para o UOL revela que R$ 63.324 seria o patrimônio mínimo necessário para obter renda mensal de R$ 1.000. Já para ter um salário de R$ 5.000, o investidor precisaria ter um capital investido de no mínimo R$ 316.623.

Para o cálculo, foi considerada a mediana de dividend yield dos últimos cinco anos destas companhias, para ter uma visão mais realista. Em empresas com menor tempo de Bolsa, foi calculada a mediana desde a abertura de capital.

Figurinha carimbada do universo dos dividendos, na Petrobras (PETR4) seria necessário ter um capital de R$ 66.964 investido para obter uma renda de R$ 1.000 com proventos. Já em companhias como a Auren (AURE3), o patrimônio necessário para renda de R$ 1.000 seria de R$ 100.756.

Veja abaixo o patrimônio necessário a ser aportado nas ações que pagam acima da Selic para ter renda de R$ 1.000 e R$ 5.000 com dividendos:

Quanto tempo leva se começar do zero?

O investidor não precisa aportar todo o capital necessário de uma única vez. É possível ir acumulando o patrimônio requerido com valores menores. Para o levantamento foi considerado um cenário em que o investidor aporta R$ 500 nas ações todo mês e reinveste nelas todos os dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) recebidos.

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Com uma mediana de dividendos elevada, CSN Mineração (CMIN3), Petrobras (PETR4; PETR3) e Bradespar (BRAP4) são as empresas que proporcionam mais facilidade para o investidor conquistar a renda mensal almejada.

Na CSN Mineração, por exemplo, se o investidor aportar R$ 500 todo mês nas ações CMIN3 e reinvestir todos os proventos recebidos, conquistaria a renda mensal de R$ 1.000 em 6 anos. E o salário mensal de R$ 5.000 em 13 anos e 5 meses.

Na Petrobras (PETR4), o cenário também é muito favorável. Investindo R$ 500 todo mês e reinvestindo os proventos, seria possível alcançar a renda de R$ 1.000 mensal em 6 anos e 4 meses. E a renda mensal de R$ 5.000 seria conquistada em 14 anos e 2 meses.

Confira o tempo de investimento nas outras ações:


Algumas ações para ficar de olho

CSN Mineração (CMIN3)

Entre os papéis que conseguem entregar um dividend yield (retorno em dividendos) acima de 11,25% ao ano, alguns de destacam pela sua resiliência diante de um cenário de juros em alta.

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Um deles é a CSN Mineração (CMIN3), que nos últimos 12 meses apresentou um dividend yield de 18,95%. Bruno Oliveira, analista CNPI do Projeto Vida de Acionista, lembra que uma das vantagens de investir na mineradora é que o principal controlador, o grupo CSN (CSNA3), também precisa de dividendos. Desta forma, o investidor minoritário pode ter a tranquilidade que há um compromisso com a remuneração do acionista e desta forma investir na ação com foco no longo prazo.

Segundo Oliveira, esse é um dos motivos pelos quais a companhia trabalhou com payouts (parcela do lucro destinada ao pagamento de proventos) elevados de quase 80% nos últimos anos.

Outra vantagem de investir na empresa é a exposição ao minério de ferro, que é um dos principais produtos exportados pelo Brasil. Além disso, por ter uma receita dolarizada, mas custos em real, a CSN Mineração funciona como uma proteção cambial para a carteira do investidor.

Outro aspecto é a perenidade dos ativos da CSN Mineração. A mina Casa da Pedra, que é uma das principais da companhia, tem cerca de 100 anos na extração de minério de ferro. "Provavelmente, muitos investidores deixarão as suas ações CMIN3 para seus descendentes", comenta Oliveira.

Mesmo diante de um cenário de juros em alta, a CSN Mineração não é afetada porque possui R$ 5 bilhões em caixa e endividamento negativo. "Isso faz com que ela tenha uma resiliência para encarar um ciclo de juros elevados com muita tranquilidade. Empresas endividadas são as que tendem a sofrer mais. Não é o caso da CSN Mineração", observa Oliveira.

O analista do Projeto Vida de Acionista espera que em 2025 a CSN Mineração (CMIN3) pague no cenário mais pessimista proventos líquidos de R$ 0,50 por ação. Isso seria equivalente a um dividend yield de 9,6%, nas cotações atuais, mas há grandes chances de a companhia surpreender positivamente o investidor.

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Petrobras (PETR4)

Figurinha carimbada entre as maiores pagadoras de dividendos da bolsa, a Petrobras (PETR4) é uma das maiores petroleiras do mundo, com expertise em águas profundas.

A companhia possui um endividamento controlado e um baixo custo de extração. "Isso faz com que ela tenha boa capacidade de geração de renda ao acionista, mesmo em momentos de queda no preço do barril de petróleo", afirma Gabriel Duarte, analista da Ticker Research.

A Petrobras consegue ser resiliente aos juros elevados, dada a sua alavancagem controlada- 1,06 vezes dívida líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Duarte destaca que a dívida da companhia é em dólar e o cenário no exterior é de queda dos juros, na contramão do visto no Brasil.

Como a companhia segue gerando um caixa robusto e extrai petróleo a baixo custo, consegue manter sua capacidade de pagar bons dividendos, mesmo com juros elevados. O analista projeta que nos próximos 12 meses a Petrobras entregue um dividend yield entre 13% e 15%.

Por se tratar de uma empresa de commodities, o principal risco para a geração de caixa da empresa e os dividendos seriam preços mais baixos do barril de petróleo a nível global, destaca Brayan Campos, operador de renda variável da Manchester Investimentos. "Fora isso, a empresa sempre se mostrou resiliente a momentos adversos no Brasil, com juros altos ou juros baixos, sempre pagou bons dividendos", pontua.

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Direcional (DIRR3)

Embora juros elevados e construtoras não sejam necessariamente uma boa combinação, há empresas que se destacam como exceções, entre estas a Direcional (DIRR3) - maior construtora do país com mais de 40 anos de mercado. Nos últimos 12 meses, a companhia entregou um dividend yield de 13,47%.

Gustavo Poladian, sócio e analista de renda variável da Meraki Capital, explica que a Direcional teve forte crescimento no número de lançamentos nos últimos anos, com ajuda de condições favoráveis no programa Minha Casa Minha Vida. Contudo, esse crescimento da operação ainda não se refletiu inteiramente no balanço da empresa, pelo formato de contabilidade do setor.

"Isso deve gerar um bom crescimento de receita para 2025, uma margem crescente. A expectativa é que o lucro da Direcional cresça a uma taxa superior a 20% no próximo ano", afirma o analista da Meraki.

Segundo Poladian, a empresa quer estabilizar os lançamentos em R$ 5 bilhões por ano e focar em ganhar velocidade de venda. "Com essa dinâmica, a empresa deve gerar bastante caixa em 2025 e por se tratar de uma companhia desalavancada ou com baixa dívida, é esperado que a companhia pague muitos dividendos", avalia Poladian.

A projeção do analista é que em 2025, a Direcional entregue um dividend yield de 11,4%. Segundo ele, a empresa não sentiria pressão dos juros elevados, dado que as taxas de financiamento do Minha Casa Minha Vida são fixas, sem impactos da alteração da Selic. Favorecem, na visão dele, o baixo endividamento e o alto retorno de capital que a empresa oferece ao acionista.

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Mas não é apenas em 2025 que a companhia é alternativa de investimento. Segundo Renato Nobile, sócio e gestor da Buena Vista Capital, a Direcional é uma empresa bastante sólida, com a maior qualidade do setor de construção civil e um gestão impecável. "Para uma estratégia de longo prazo, a Direcional cai como uma luva", defende.

Claro que também existem riscos de investir na companhia e que podem pressionar os proventos. Poladian cita para o curto e médio prazo a inflação para o setor e a disponibilidade de mão de obra. "No setor de baixa renda, quando a empresa realiza uma venda, o recebível não é corrigido, com a empresa ficando exposta as variações de matéria prima e dissídio", aponta.

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