Todos a Bordo

Todos a Bordo

Reportagem

'Algum doutor a bordo?' Médicos precisam se identificar em voos? Veja casos

No dia 27 de julho, o vice-presidente Geraldo Alckmin socorreu uma mulher que passou mal durante um voo de Brasília para São Paulo. O político, que é médico de formação, atendeu ao chamado de uma comissária, que havia questionado se havia um médico a bordo.

Dias antes, um médico capixaba também socorria um passageiro que passou mal em um voo dos EUA que tinha como destino São Paulo. O profissional, que se formou há cerca de dois meses, auxiliou um homem que ficou desacordado durante o voo e quase teve de ser reanimado. O passageiro se recuperou e o voo seguiu até o destino

Médicos a bordo precisam se identificar antes de embarcar? E quando forem acionados, é obrigatório prestarem socorro?

Tem algum doutor a bordo?

Antes de embarcar, não há a obrigatoriedade do médico se identificar aos funcionários da empresa aérea antes de embarcar. Entretanto, se for identificada uma emergência a bordo e os tripulantes solicitarem apoio, o médico é obrigado a se apresentar e prestar socorro à vítima, segundo o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).

Isso, explica o Cremesp, se deve ao Código de Ética Médica do CFM (Conselho Federal de Medicina), que define que é vedado ao médico causar dano ao paciente por, entre outros, omissão, imprudência ou negligência.

O mesmo código define que o médico é proibido de deixar de atender em setores de urgência e emergência quando for sua obrigação fazê-lo. Diante disso, a eventual omissão de socorro pode ser considerada uma infração ética, e o profissional pode ser responsabilizado por sua conduta.

Muda entre os países

Essa regra, continua o Cremesp, é válida para voos nacionais ou aqueles internacionais, desde que avião seja de uma empresa brasileira.

Continua após a publicidade

Já se o avião pertencer a uma empresa estrangeira e estiver em território internacional, o médico brasileiro não é obrigado a se identificar. Entretanto, o conselho ressalta que "os médicos devem sempre atuar pela vida, independente do lugar do mundo onde estejam".

Infarto em um voo com 15 cardiologistas

Em 2003, uma mulher chamada Dorothy Fletcher, com 67 anos à época, passou mal em um voo entre a Inglaterra e os EUA. Ela viajava acompanhada da filha e do noivo dela, que iriam se casar dali alguns dias.

Durante uma das escalas nos Estados Unidos, a idosa precisou correr para não perder a conexão no aeroporto. Após o avião decolar, ela começou a se sentir mal, e acreditou que fosse uma indigestão.

Quando os comissários perceberam que se tratava de uma emergência, pediram ajuda pelo sistema de som do avião, questionando se havia a médico a bordo. Para a surpresa de todos, 15 cardiologistas que estavam rumo a um congresso de medicina se voluntariaram.

Foi tão assustador. Nunca tinha sofrido um ataque cardíaco. Mas ver tantas pessoas me ajudando acabou com o susto
Dorothy Fletcher

Continua após a publicidade

Após passar por uma cirurgia de emergência, a mulher teve alta e conseguiu acompanhar o casamento da filha. "Alguém lá em cima gosta de mim", dizia ao se lembrar do ocorrido.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.