Por que não há assento ejetor em aviões comerciais e como ele funciona?
Pilotos de caças militares podem contar com um sistema fundamental em situações de emergência: os assentos ejetáveis. Também chamados de assentos ejetores, eles são responsáveis por retirar os militares de dentro do avião em segurança caso não seja mais possível continuar voando naquela aeronave. Foi o caso do piloto de um caça da FAB que caiu na Grande Natal.
Com um sistema de foguetes que impulsionam o assento do piloto para fora do avião e, em seguida, o acionamento dos paraquedas, esse equipamento é primordial para salvar vidas. Entretanto, isso costuma ocorrer, principalmente, em situações de combate e treinamento.
Mas, e em um avião comercial de passageiros? Sua instalação seria realmente viável?
Ficaria bem caro
Antes de se pensar em valores relacionados a esses assentos, é preciso entender que um avião comercial, dificilmente, estará em uma situação na qual haverá o risco de queda ou de ser abatido como em um caça.
É justamente por isso que as aeronaves militares têm esse equipamento, já que são alvos em uma situação de confronto, por exemplo, diferentemente da aviação comercial no cotidiano.
Junto a isso, os aviões comerciais precisariam passar por uma série de reformulações em sua estrutura para comportar o mecanismo ejetável. Isso tornaria o custo da aeronave muito elevado, e, com o aumento de peso, o consumo de combustível ficaria inviável para um avião civil.
Por exemplo: para poder ejetar, o caça, em geral, tem de se livrar do canopi,, a cobertura da cabine que fica acima dos pilotos.
Em um avião comercial, como um Boeing 737 ou um Airbus A320, por exemplo, seria necessária uma estrutura completamente removível acima dos passageiros, algo que não se mostra viável.
Imagine como seria complexo romper o teto da cabine e os bagageiros para, depois, ejetar os passageiros ou como isso ocorreria em um avião com dois andares, como um Airbus A380 ou o Boeing 747.
Ficaria um terço do custo de um avião
Segundo a Martin-Baker, uma das maiores fabricantes de assentos ejetáveis no mundo, o custo médio de um de seus exemplares pode girar em torno de R$ 1,5 milhão.
Em uma conta simples, esse valor, multiplicado pelos trezentos assentos que um Boeing 787-9 comporta, geraria um aumento de valor estimado de R$ 450 milhões no valor final do avião, isso sem contar as mudanças estruturais e manutenção. Apenas esses assentos representariam praticamente um terço do valor do avião novo, que gira em torno de R$ 1,5 bilhão em valores convertidos.
Também seria necessário um mecanismo para que os assentos fossem acionados de maneira sincronizada, outro custo adicional que inviabiliza o projeto.
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Quero receberRisco à saúde
Os assentos ejetores, em geral, são acionados por uma alavanca, que libera o canopi e dispara um sistema de explosivos ou semelhante a de um foguete para catapultar o assento do piloto. Mais tarde, o paraquedas é acionado para que a descida seja suavizada.
Embora seja feito para salvar vidas, os assentos ejetáveis podem representar um risco maior para alguém que não está preparado para ele. Pilotos militares possuem treinamento específico para suportar as fortes acelerações que ocorrem nos caças, e estão mais preparados para comportar uma ejeção.
Quando isso ocorre, a força aplicada com a aceleração sobre o corpo humano pode ser de mais de dez vezes a força da gravidade. Uma pessoa sem treinamento consegue se manter consciente a uma aceleração de até cinco a seis vezes a força da gravidade, apenas.
A compressão que essa força causa sobre a coluna da pessoa também pode trazer danos sérios à saúde. Diversas pesquisas mostram uma leve perda na altura de quem foi ejetado de um avião.
*Com matéria de outubro de 2021
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