Vazam novas imagens de caça chinês de 6ª geração: O que se sabe?
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Nos últimos dias, novas imagens de um avião militar chinês passaram a circular nas redes sociais do país. Apelidado de J-36, ele é um avião que está sendo considerado um caça-bombardeiro de sexta geração.
O vídeo é curto, e internautas chegaram a questionar a sua autenticidade, mas seria um dos mais próximos da aeronave, permitindo ver mais detalhes dela. Entre o fim de 2024 e início de 2025, outras imagens já haviam vazado, mas não tão próximas quanto as dos últimos dias (caso sejam reais).
Elas surgem em plena guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, com a imposição de tarifas que chegam a 145% sobre os produtos do país asiático. Ao mesmo tempo, reforçam que os chineses já estão muito mais avançados em seus projetos para a elaboração de aeronaves mais avançadas.
Embora os EUA tenham anunciado recentemente a elaboração do F-47, o país vinha levando em ritmo lento o que chama de NGAD (Next Generation Air Dominance, ou, Próxima Geração de Domínio Aéreo).
Combate avançado
A definição de um caça de sexta geração vai muito além do desenho ousado ou do desempenho em velocidade. Trata-se de uma plataforma de combate que combina furtividade extrema, manobrabilidade elevada, operação autônoma, armamento interno, integração em rede e inteligência artificial embarcada. O objetivo é garantir superioridade em cenários altamente hostis, mesmo sem que o inimigo tenha tempo de reagir.
Para o professor Adson Agrico de Paula, do Departamento de Projetos de Aeronaves do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), a essência da sexta geração está em reduzir ao máximo a chance de detecção por radares e aumentar a capacidade de reação. "Velocidade e manobrabilidade são as questões que fazem você ter êxito no combate", afirma o professor.
Essas características são viabilizadas por inovações aerodinâmicas e eletrônicas que fogem completamente do que se via até os anos 2000.
A lógica da invisibilidade
O caça chinês J-36, embora envolto em sigilo, já demonstra vários sinais de que pertence a essa nova geração. Sua fuselagem limpa, sem estruturas verticais aparentes e com traços refinados, revela um projeto pensado para reduzir drasticamente a assinatura radar, que, quanto menor, só vai ser detectado quando estiver mais próximo do alvo.
"A empenagem [estrutura onde ficam os estabilizadores do avião] está na traseira da fuselagem, em 90 graus, refletindo sinais do radar para todos os lados e avisando o inimigo: 'Olha, eu estou aqui'", explica Agrico de Paula.
Eliminar essas superfícies é uma escolha radical, mas que contribui para que a aeronave seja quase invisível aos radares inimigos. Entretanto, isso também exige compensações tecnológicas.
Sem as tradicionais superfícies estabilizadoras, o J-36 depende integralmente de sistemas eletrônicos de controle de voo, o chamado fly-by-wire, para manter a estabilidade. "O próprio computador vai comandar as superfícies de controle de voo, que, nesse caso, são as pequenas placas no bordo de fuga da asa, para garantir o controle fino da aeronave", diz o especialista.
Velocidade, manobras e sobrevivência

A velocidade continua sendo uma peça-chave para definir o desenho desses novos caças. O J-36 tem asas com formato em formato similar a um triângulo (asa delta dupla), o que indica sua capacidade para voos supersônicos sustentados - uma exigência para combates modernos, onde fugir de um míssil teleguiado pode depender de décimos de segundo.
"Se for acima de Mach 1 [uma vez a velocidade do som], a aeronave tem que ser muito limpa, a asa tem que ser mais inclinada para trás ainda", diz Agrico de Paula.
As asas curtas e robustas também reforçam a necessidade de manobrabilidade. Diferente de um planador, um caça precisa reagir rapidamente a ameaças, inclusive se desviando de projéteis em pleno voo. É por isso que os aviões de combate modernos não têm grandes envergaduras, que é a distância de ponta a ponta da asa. Agilidade e capacidade de fuga são mais importantes que eficiência aerodinâmica tradicional.
O mistério dos três motores
Uma das características mais curiosas do J-36 é seu conjunto propulsor com três motores, algo raro na aviação de caça. Para Adson Agrico de Paula, a escolha pode estar relacionada à tentativa de dividir a produção de calor e reduzir tanto a assinatura térmica (visível por sensores infravermelhos) quanto a eletromagnética.
"Se você tivesse um motor só, teria um diâmetro enorme. A saída de ar quente seria grande demais e daria um grande alerta para o inimigo", afirma.
Motores menores e múltiplos permitiriam entradas e saídas de ar mais discretas. Além disso, facilitariam o controle direcional do avião, como no caso do vetoramento de empuxo. "Se eu tiver três motores nos quais eu combino o ângulo deles, eu tenho mais suavidade de controle", destaca o professor.
Caça que não voa sozinho
A abordagem do projeto como sistema autônomo também é um pilar dessa nova geração. O J-36, como outras aeronaves que disputam o título de caça de sexta geração, é pensado para operar com e sem piloto. Isso permite que ele participe de missões de alto risco comandando ou acompanhado por drones letais. "Esse avião está sendo projetado provavelmente para ser com e sem piloto", defende o professor do ITA.
Ele cita como exemplo um cenário onde o caça se aproxima de um sistema antiaéreo como o S-400 russo. Dois drones avançam primeiro, emitindo sinais de interferência eletrônica (também chamado jamming) para confundir o radar inimigo. Quando o caça recebe a confirmação - via inteligência artificial e outras tecnologias - de que não foi detectado, realiza seu ataque. "É melhor perder um drone se for uma situação de maior risco. O piloto entra só depois quando houver uma melhor condição", diz de Paula.
Guerra em rede
A operação em rede com outras aeronaves é outro elemento-chave para os caças de 6ª geração. Em vez de voar de forma isolada, o J-36, provavelmente, deverá estar conectado a satélites, centros de comando, aeronaves de apoio e outros vetores aéreos. "A ideia é que você tem um ambiente tático com inteligência artificial integrado com data fusion [mescla de várias fontes de informação]", explica o professor do ITA.
Essas informações são transmitidas em tempo real para o piloto - ou diretamente para o sistema de navegação - através de sensores, radares e imagens 360 graus do entorno da aeronave. "O F-35, dos EUA, tem isso. O piloto está com o capacete, com uma tela que enxerga calor e imagens ao redor do avião inteiro", diz de Paula.
Armamento escondido
Outro indicativo claro da sexta geração é a ausência aparente de armamentos externos. O J-36, assim como os norte-americanos F-22 e F-35, deverá levar seus mísseis e bombas em compartimentos internos, o que reduz a reflexão de ondas eletromagnéticas e melhora a furtividade, ou seja, torna ele mais difícil de ser detectado por radares.
"Ele só deverá usar bombas externas em um ataque muito grande", diz o especialista, que destaca que os armamentos refletem as ondas eletromagnéticas dos radares quando estão do lado de fora.
25 comentários
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Roberto Brandao Machado
Torço pela China.
Ronaldo Fabiano dos Santos Gaspar
China ultrapassando os Estados Unidos rapidamente. Por aqui, as políticas neoliberais nos empurraram para a desindustrialização. Agro, extrativismo e indústria de baixa tecnologia mantêm o país muito pobre e, aliados à retração de direitos, profundamente desigual.
Rodrigo Lopes
O que se sabe? Sabe que chinês cópia tudo e o governo eh de ditadura travestida de democracia. Povo parasita o que pud3r sugar do Brasil e do resto do mundo vão fazer