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Ação da Embraer tomba 14% porque mercado esperava melhor negócio com Boeing

Divulgação/Embraer
Imagem: Divulgação/Embraer

Téo Takar

Do UOL, em São Paulo

05/07/2018 17h25

Após acumularem ganho de 63% desde os primeiros rumores sobre a negociação com a Boeing, em 21 de dezembro do ano passado, as ações ordinárias (ON) da Embraer levaram um tombo de 14,3% nesta quinta-feira (5), a R$ 23,10, diante do anúncio do acordo com a fabricante norte-americana.

Após pouco mais de seis meses de conversas, Embraer e Boeing finalmente oficializaram a criação de duas parcerias comerciais (joint ventures) nas áreas de aviação comercial e de defesa.

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Analistas atribuem a queda das ações da Embraer a um ajuste das expectativas dos investidores. Eles esperavam que mais partes da Embraer entrassem no acordo e que a empresa brasileira tivesse maior participação no negócio (será de apenas 20%).

“Houve um movimento especulativo com as ações. Elas saíram da casa dos R$ 16,50 em dezembro e chegaram a valer quase R$ 27,00 na quarta-feira (4). Agora, os papéis estão se ajustando ao preço que consideramos justo, com base no acordo que foi fechado”, disse Raphael Figueredo, analista da Eleven Financial.

“Embora as ações tenham subido muito, avaliamos que o acordo é muito positivo para a Embraer. A parceria com a Boeing vai dar capilaridade às vendas da Embraer. Será um reforço comercial importante, especialmente para fazer frente ao acordo firmado pela canadense Bombardier, que é concorrente direta da Embraer, com a Airbus", afirmou Figueredo.

O analista Pedro Galdi, da Mirae Corretora, disse acreditar que algumas condições do acordo fechado entre a fabricante brasileira e a americana frustraram os investidores.

“Havia uma expectativa de que a participação da Embraer na nova empresa que será criada fosse de 50% e não apenas de 20%. Também se acreditava que a avaliação da Embraer no negócio ficasse acima US$ 4,75 bilhões acertados pelo segmento de aviação comercial. A aviação executiva, por exemplo, ficou de fora do acordo”, disse.

“Além disso, o negócio não é para já. A negociação ainda vai prosseguir e só deve ser concluída no fim do ano que vem. De toda forma, é uma transação importante para a Embraer, que vai ganhar musculatura para enfrentar a Bombardier”, declarou Galdi.

Outro fator de preocupação para a concretização do negócio, segundo os analistas, é a “golden share” do governo federal, isto é, o poder de vetar a transação. As duas empresas estão se apressando para tentar concluir todos os detalhes do acordo e apresentá-lo ao governo ainda neste ano, antes da troca de presidente da República.

“Fica uma dúvida no ar. Mas acredito que não haverá problema. O negócio deverá ser aprovado”, disse Figueredo.