Eleição argentina pode afetar Brasil, mas não de imediato, dizem analistas
Resumo da notícia
- Vitória da oposição nas eleições presidenciais argentinas pode alterar política econômica no país vizinho
- Economistas dizem que é preciso aguardar primeiras medidas do novo presidente argentino para projetar eventuais reflexos na economia brasileira
- Por ser terceiro maior parceiro comercial brasileiro, mudanças políticas lá podem afetar economia brasileira no médio prazo
A vitória da oposição nas eleições presidenciais argentinas, com a escolha de Alberto Fernández, teve impactos no mercado local, com títulos do governo da Argentina despencando e o peso em forte baixa ante o dólar, a ponto de o banco central do país ter decidido limitar os saques por pessoa. Por aqui, porém, a eleição tem tido reflexo limitado.
Segundo analistas, é um sinal de que os investidores preferem aguardar mais informações sobre as decisões que o novo presidente do país vizinho irá tomar.
"Os investidores estrangeiros sabem bem diferenciar o Brasil da Argentina. Então, não vejo mudança no fluxo de recursos para o Brasil por causa da Argentina", disse Rodrigo Gallo, professor do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia e especialista em relações internacionais.
Para ele, mesmo que a política econômica do país vizinho dê uma guinada à esquerda e que o discurso do novo presidente entre em choque com o do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, isso não deve passar de trocas de farpas sem efeitos práticos concretos. "Por maior que seja a diferença ideológica, os dois países são importantes um para o outro", disse Gallo.
"Mesmo que a gente tenha algum solavanco nos mercados neste primeiro momento, a importância dessas variações para o mercado e para a economia no médio prazo é perto de zero, pois temos mesmo é que ver qual será o plano do governo argentino para a economia e como isso afeta o Brasil", disse o professor de macroeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Arthur Igreja. "O mercado tende a esperar essas primeiras semanas, para ir reagindo aos poucos", afirmou.
Pode afetar mais exportações brasileiras
O economista da FGV destaca que é justificada uma atenção dos investidores com os rumos da economia argentina, no médio prazo, pois o país é nosso terceiro mais importante parceiro comercial no mundo —o principal na América Latina—, respondendo por 5% das exportações brasileiras, atrás somente de China e Estados Unidos.
"Quando fazemos negócio com um ente que está em crise, acabamos importando uma parte da crise", afirmou Igreja.
As vendas de produtos brasileiros para a Argentina, por exemplo, diminuíram neste ano por causa da economia fraca lá. Até setembro, as exportações brasileiras para os argentinos recuaram 39,3%, de US$ 12,2 bilhões, entre janeiro e setembro de 2018, para US$ 7,4 bilhões, no mesmo período deste ano.
"Esse impacto pode ser mais forte em alguns setores, como o de veículos", afirmou o professor da FGV. Segundo o sindicato dos fabricantes de autopeças (Sindipeças), até setembro deste ano, as exportações de autopeças do Brasil para a Argentina caíram 32,1%, para US$ 1,13 bilhão, na comparação anual.
O economista Roberto Troster, sócio da Troste e Associados, disse que o ponto mais preocupante com relação à Argentina sob o novo governo é a possibilidade de o país retomar uma política econômica baseada na intervenção do governo, com aumento de gastos públicos —algo que, segundo ele, não deu certo. Em 2018, a Argentina teve que receber uma ajuda de US$ 57 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI) em troca de um forte corte de gastos públicos.
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