Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Dólar chega a maior valor em 4 meses; Bolsa sobe 1,09% e bancos se destacam

Marcos Brindicci
Imagem: Marcos Brindicci

Do UOL, em São Paulo

02/03/2021 17h24Atualizada em 02/03/2021 20h13

O dólar comercial registrou hoje o seu maior valor em mais de quatro meses. A moeda norte-americana teve alta de 1,17% ante o real, cotado a R$ 5,666 na venda. É o maior patamar desde o dia 3 de novembro do ano passado, quando atingiu R$ 5,762.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Ontem (1º) o dólar comercial teve desvalorização de 0,09%, fechando a R$ 5,601 na venda.

O Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores brasileira, também teve um dia de alta, mesmo após abrir em queda de mais de 2%. O índice se recuperou ao longo da sessão e terminou com uma subida de 1,09% aos 111.539,80 pontos.

Os investidores reagiram à decisão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de zerar as alíquotas do PIS/Cofins incidentes sobre a comercialização e a importação do óleo diesel e aumentar a tributação sobre os bancos. Com o passar do dia, porém, os agentes do mercado parecem ter entendido que o impacto no setor seria limitado e, dessa forma, as ações dos bancos puxaram o Ibovespa para cima.

As ações dos bancos foram as que mais subiram. Os papéis do Itaú Unibanco lideraram os ganhos na Bolsa, com 4,04%, seguidos por Banco do Brasil (3,84%) e Santander (3,14%). Na outra ponta, os papéis da Braskem caíram 4,00%. Ontem (1º), o índice teve valorização de 0,27% aos 110.334,83 pontos.

O dólar subiu mesmo depois de um leilão de moeda à vista realizado pelo Banco Central, com os investidores reagindo à decisão do presidente Jair Bolsonaro de zerar alíquotas incidentes sobre o óleo diesel e elevar os impostos para instituições financeiras.

O presidente afirmou ainda que estuda um corte definitivo de impostos sobre o óleo diesel. Bolsonaro disse que esse prazo é para permitir a análise de um corte que não seja apenas temporário. Ele mencionou que um novo decreto entra em vigor "daqui a uns 25 dias".

"Esses dois meses é o prazo para a gente estudar como a gente mantém, como a gente vai conseguir de forma definitiva, o zero de impostos federais em cima do óleo diesel e com nosso decreto que entra em vigor daqui uns 25 dias", afirmou o presidente no jardim do Palácio do Alvorada para um grupo de apoiadores.

Parte da compensação pela redução dos tributos, estimada pelo governo em R$ 3,67 bilhões para este ano, virá do aumento da CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Liquido) de instituições financeiras como os bancos, o que foi recebido negativamente pela maior parte dos investidores. "Essa decisão gera uma incerteza institucional", disse à Reuters Paloma Brum, economista da Toro Investimentos.

"Pode ser que agora sejam os bancos, mas depois outras instituições podem ter a tributação elevada. Além disso, "num cenário de crise econômica, isso gera a incerteza de que possivelmente o governo não vai seguir uma agenda tão liberal assim.

"A adoção de uma agenda econômica liberal, voltada para reformas e privatizações, foi promessa eleitoral do presidente da República. Brum chamou atenção ainda para os riscos que essa decisão tributária pode ter nas pressões inflacionárias, principalmente levando em consideração o baixo patamar da taxa Selic. "Isso pode levar a saída de dólares do país", alertou.

Mais cedo, logo após a divisa norte-americana tocar o patamar de R$ 5,6940, o Banco Central anunciou um leilão à vista, em que vendeu US$ 1 bilhão.

Já no exterior, sob os holofotes dos investidores internacionais ficavam os rendimentos dos títulos globais, especialmente os dos títulos dos EUA.

O aumento dos preços assustou os mercados nas últimas semanas, com os participantes preocupados com a possibilidade de uma recuperação econômica diante da covid-19, combinada com o estímulo fiscal, causar um salto na inflação.

Além disso, as negociações em torno do projeto de lei de alívio à covid-19 no montante de US$ 1,9 trilhão —proposto pelo presidente norte-americano, Joe Biden— entram em marcha acelerada nesta semana, conforme o Senado do país começa a debater o abrangente texto e parlamentares disputam a inclusão de projetos preferidos, como conectividade de banda larga.

(Com Reuters)