Dólar salta 2,36%, a R$ 4,991, maior valor em um mês; Bolsa tem 7ª queda
O dólar comercial emendou seu terceiro dia de alta, dessa vez de 2,36%, e fechou cotado a R$ 4,991 na venda. É o maior valor em mais de um mês, desde 18 de março (R$ 5,016). O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, teve seu sétimo dia de baixa consecutivo, caindo 2,23%, aos 108.212,86 pontos. É o menor nível da Bolsa em três meses, desde 24 de janeiro (107.937,11 pontos).
Na Bolsa, as ações de bancos puxaram o índice para baixo, após reação negativa aos resultados de Santander Brasil, que abriu a temporada de balanços para os grandes bancos locais. O lucro líquido do Santander foi de R$ 4,005 bilhões no primeiro trimestre, uma alta de 1,3% em relação ao mesmo período de 2021 e de 3,2% na comparação com o quarto trimestre.
No fim da sessão, as ações do Santander (SANB11) perdera 4,55%, vendidas a R$ 32,10. As do Bradesco (BBDC4) sofreram baixa de 4,45%, cotadas a R$ 18,25, e as do Itaú (ITUB4) fecharam valendo R$ 24,73, em desvalorização de 3,29%.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Por volta das 15h30, o dólar de turismo era vendido entre R$ 5,21 e R$ 5,33 em casas de câmbio de São Paulo, no dinheiro e já considerando o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Para quem comprasse no cartão pré-pago, o valor variava entre R$ 5,52 e R$ 5,59.
Analistas preveem mais juros
A escalada do dólar está consolidando a visão de analistas de que o BC (Banco Central) não terá outra saída a não ser seguir subindo juros, depois da decisão da próxima semana, para conter a inflação.
O mercado já vinha enxergando o BC como menos inclinado a subir as taxas de juros, o que segundo analistas pesou adicionalmente nos preços dos ativos nos últimos dias. O Citi divulgou relatório recente no qual disse não acreditar que o BC levaria os juros para o nível necessário para reancorar as expectativas de inflação no horizonte relevante —o banco privado, no entanto, vê juro em alta para além da próxima semana.
Esse é o panorama enxergado por investidores de forma geral, e a disparada do dólar e o potencial repasse aos preços num cenário de commodities ainda valorizadas, condições financeiras globais mais apertadas —o Fed tem indicado mais aumento dos juros— e lockdowns na China não apenas referendam esse cenário como também aumentam a assimetria para o caso de o BC não cumprir as expectativas.
"O Copom provavelmente será forçado a continuar aumentando a taxa de juros em junho de 2022 (para 13,25%), caso contrário, as expectativas de inflação continuarão se deteriorando", disse Leonardo Porto, economista-chefe do Citi, em nota.
"O nível desconfortável das expectativas de inflação para 2023 corrobora nossa visão de que a taxa Selic de dois dígitos permanecerá por mais tempo, com o ciclo de afrouxamento [queda] começando apenas no segundo semestre de 2023", finalizou, acrescentando esperar um ambiente global menos benigno para o real à frente.
O relatório Focus com projeções do mercado, divulgado nesta terça-feira pelo BC após um intervalo de quase um mês por causa da greve dos servidores, aponta para um IPCA de 4% em 2023, já bem acima da meta central de 3,25%. A mediana da expectativa para a Selic está em 13,25% para o fim deste ano e em 9% para o final de 2023.
*Com Reuters
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