Dólar sobe a R$ 5,186, maior valor em 4 meses; Bolsa fica quase estável
O dólar comercial abriu a semana em valorização de 0,81%, a segunda seguida, e fechou cotado a R$ 5,186. É o maior valor do dólar em quatro meses, desde 14 de fevereiro (R$ 5,219). O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), terminou quase estável, com leve alta de 0,03%, aos 99.852,67 pontos, após ter tombado 2,7% na sexta-feira (17), abaixo dos 100 mil pontos.
O dia foi marcado pelas movimentações na Petrobras, após o presidente da estatal, José Mauro Coelho, renunciar ao cargo, depois de pressão e ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
As ações da Petrobras chegaram a ter as negociações suspensas na Bolsa duas vezes, mas fecharam em alta: PETR3 (0,87%) valia R$ 30,19 e a PETR4 (1,14%) estava cotada a R$ 27,62.
Também afetavam o mercado os receios sobre o aumento dos juros nas principais economias do mundo.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Demissão do presidente da Petrobras
A incerteza sobre o futuro da Petrobras voltou aos holofotes nesta segunda-feira, depois que Coelho renunciou ao cargo, somando-se a um ambiente já difícil, em meio às preocupações sobre o crescimento econômico global e à aproximação das eleições presidenciais.
A saída de Coelho ocorre em meio à crescente pressão sobre a estatal, especialmente após o aumento dos preços do diesel e da gasolina nas distribuidoras, anunciado na sexta-feira. Coelho é o terceiro presidente da Petrobras a deixar o comando em um contexto de insatisfação do governo com a política de preços da empresa. O governo é o acionista majoritário da estatal.
"No Brasil, o destaque para hoje continua sendo o conflito provocado pelo aumento de preços do diesel e gasolina da Petrobras", citou a Guide Investimentos em nota a clientes.
Fernando Borges, diretor executivo de Exploração e Produção, assume a presidência da estatal de forma interina.
Juros altos no mundo
Michelle Hwang, estrategista de câmbio e juros do BNP Paribas, atribuiu a decisão recente do Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) de subir sua taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, maior aumento desde 1994, como fator que puxa a valorização do dólar.
Além de tornar a renda fixa norte-americana mais atraente para investidores estrangeiros, o que tende a beneficiar o dólar, custos de empréstimos mais altos nos Estados Unidos elevam os temores de investidores de desaceleração econômica ou até de recessão em escala global, diminuindo a busca por ativos arriscados, como moedas de países emergentes, explicou ela.
Ao mesmo tempo, Hwang avaliou o comunicado do Banco Central do Brasil da semana passada, quando o banco aumentou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, como "mais brando", sinalizando provável desaceleração no ritmo de alta dos juros em sua próxima reunião, em agosto. Com a alta da última semana, a Selic está em 13,25%.
Quanto mais agressivo é o BC na elevação dos juros básicos, mais o real tende a se beneficiar, já que fica mais rentável —e, consequentemente, atraente— para o investidor estrangeiro. Da mesma forma, indicações mais moderadas do BC sobre o aperto monetário costumam reduzir o apelo da moeda brasileira.
"Isso contribui para a aversão a risco no Brasil que já estávamos vendo", disse Hwang, afirmando que o investidor estrangeiro tem muita facilidade em retirar recursos do mercado doméstico ao menor sinal de incerteza, o que explica a alta súbita que a moeda tem apresentado nos últimos dias.
Apesar de enxergar riscos para suas projeções, o BNP Paribas ainda espera que o dólar encerre este ano em R$ 4,85, com Hwang dizendo preferir ativos brasileiros a ativos de outros países da América Latina no atual contexto de maior aversão a risco.
*Com Reuters
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