Dólar cai a R$ 4,955 após passar de R$ 5 na abertura; Bolsa sobe mais de 1%

O dólar caiu 0,66% e fechou o dia vendido a R$ 4,955, após bater os R$ 5 pela manhã. A queda de hoje, porém, não foi suficiente para compensar a alta de mais de 1% da véspera. No mês, o dólar acumula ganhos de 2,11% frente ao real.

Já o Ibovespa subiu 1,31% e chegou aos 128.262,52 pontos, se recuperando da baixa de 0,81% registrada ontem. Em janeiro, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3) já recuou 4,41%.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial (saiba mais clicando aqui). Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, a referência é o dólar turismo, e o valor é bem mais alto.

O que aconteceu

Alta na abertura motivou venda de dólares, baixando a cotação. Pela manhã, a moeda americana chegou a superar os R$ 5. Esse patamar, segundo participantes do mercado, pode ter incentivado agentes exportadores a venderem dólares, o que levou a um ajuste para baixo no fechamento. Além disso, os contratos futuros de minério de ferro subiram, dando suporte aos ativos brasileiros.

Persistem as dúvidas sobre quando os juros nos EUA vão cair. Por ora, as expectativas de um corte pelo Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano) estão concentradas em maio, com uma probabilidade de 84% de redução de pelo menos 0,25 ponto percentual, segundo ferramenta do CME Group. Antes, esperava-se que a primeira queda viria já em março.

Juros menores nos EUA costumam beneficiar o real e a Bolsa. Isso acontece porque, com juros elevados, os investidores redirecionam recursos para o mercado de renda fixa americano, considerado muito seguro. Por outro lado, sinais de que o Fed vai começar a reduzir os juros em breve tendem a impulsionar moedas mais arriscadas, porém mais rentáveis, como o real.

Plano para a indústria anunciado por Lula (PT) segue repercutindo. O programa prevê R$ 300 bilhões em linhas de crédito e investimentos públicos para o setor. "Isso fez com que o mercado encarasse esse plano como outros que aconteceram em governos anteriores, que geraram mais despesas e não tiveram o retorno esperado", disse à Reuters Rafael Meyer, gestor da Solutions MFO.

A queda do dólar hoje, na minha visão, corrige o movimento de alta por conta da percepção de maior risco fiscal no Brasil após a divulgação do novo plano industrial por parte do governo. Lá fora, o dólar se manteve forte e subiu frente às principais moedas emergentes.
Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital

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