Cadeirante fabrica e vende 'monstros fofinhos' de até R$ 500 para adultos
Um trabalho acadêmico sobre fantoches apresentou a paulista Cris Corrêa, 31, ao mundo do "toy art". Em 2008, a então estudante de pedagogia pesquisava sobre marionetes de pano quando descobriu um tipo de boneco para adultos que já era vendido em lojas e feiras "geeks" nos Estados Unidos, mas era pouco conhecido no Brasil.
No início, Corrêa, que é cadeirante, vendia as peças apenas para amigos e familiares em sua cidade, Jacupiranga (a 218 km de São Paulo). Só começou a negociar seus brinquedos com preços de mercado em 2011, quando foi convidada para expor numa grande feira de games.
Hoje, os monstros coloridos, confeccionados com pelúcia e feltro, são vendidos na loja virtual Maenga Toys e em lojas segmentadas de cultura pop. Os preços variam entre R$ 40 e R$ 500.
Os produtos rendem R$ 1.000 de lucro –uma margem de 60% sobre o faturamento– e complementam a renda da pedagoga, que também trabalha com atividades educacionais em escolas infantis.
“Em geral, as peças são feitas de plástico, mas é possível fazer 'toy art' com várias espécies de materiais”, conta. “Comecei a fazer algumas de pelúcia à mão e, quando um colecionador do Rio de Janeiro elogiou meu trabalho, resolvi me especializar.”
O investimento inicial foi baixo: R$ 300. Corrêa usou a máquina de costura antiga que sua mãe tinha em casa, e não precisou comprar uma. Paraplégica desde 2000, quando sofreu um acidente de carro, ela adaptou o equipamento para que o pedal original pudesse ser acionado com as mãos.
A máquina automática que usa hoje, sem pedal, foi fruto de uma parceria com uma grande empresa de máquinas de costura.
“Já passei em concurso público, mas deixei de assumir a vaga porque não ia ter tempo para o negócio”, diz. “'Toy art' não é uma coisa muito conhecida, mas as pessoas têm se interessado mais.”
Mercado em crescimento e colecionadores fanáticos
O mercado de produtos colecionáveis, incluindo o de "toy art", está crescendo, de acordo com Eugênio Furbeta, organizador do Anime Friends, evento de cultura pop que acontece anualmente em São Paulo.
Segundo ele, os temas dos estandes no Anime Friends vão de carrinhos Hot Wheels e mangá a "Star Wars" e "Star Trek", e em todos eles há "toy art".
“Também existem várias lojas especializadas”, diz. “E os colecionadores costumam ser muito fanáticos.”
Com peças exclusivas, aumentar faturamento depende de subir preço
O fato de as peças serem feitas para coleções é, ao mesmo tempo, a vantagem e a desvantagem de negócios como o de Corrêa, de acordo com o coordenador da pós-graduação em "toy design" do Centro Universitário Belas Artes, Alexandre Perroca.
“Cada 'toy art' possui quantidades limitadas e, por causa dessa característica, fica numa posição entre a arte, que é única, e o produto industrial, feito em grande escala”, diz Perroca. “Como a sociedade valoriza o exclusivo e o limitado, é um bom mercado”.
Ele alerta, contudo, para os desafios que esse tipo de negócio apresenta. O aumento do faturamento depende mais do preço dos produtos do que da produção, que deve ser limitada. Por outro lado, a assinatura do "toy art" precisa ser valorizada entre os consumidores para o preço subir.
No caso de Corrêa, uma solução possível para ampliar o faturamento é investir também em monstros de pelúcia infantis. “Por ser pedagoga, ela já entende o processo de compreensão das crianças e pode atrelar esse conhecimento aos seus produtos”, sugere Perroca. “A pelúcia tem um apelo muito forte entre elas porque é macia e traz a ideia de conforto e segurança.”
Onde encontrar:
Maenga Toys: vitrine.elo7.com.br/maengatoys
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