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Franquia que trata dependência química, ciúme e cleptomania custa R$ 55 mil

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

20/02/2015 06h00

Tratar a dependência química e o alcoolismo, além de atacar um problema de saúde pública, também pode ser uma oportunidade de negócio. É o que enxergou a franquia Viva, que tem 14 unidades franqueadas no país além da clínica própria em Sorocaba (99 km a oeste de São Paulo).

O custo para abrir uma clínica começa em R$ 55 mil (inclusos taxa de franquia, instalação e capital de giro), segundo a empresa. O faturamento médio mensal dos franqueados é de R$ 40 mil, com lucro líquido de 15% (R$ 6.000) e retorno do investimento em até 36 meses, diz a rede.

De acordo com Fernando Fox, 32, gerente de marketing da rede, as unidades franqueadas precisam, no mínimo, de dois psicólogos em tempo integral e um psiquiatra, que pode atender esporadicamente. O franqueado não precisa ser profissional de saúde e a franqueadora diz ajudar na seleção da equipe.

O carro-chefe do negócio são os tratamentos de dependência química e alcoolismo. No entanto, também são atendidos casos de jogadores compulsivos, ciúme patológico, cleptomania (compulsão por furtar objetos) entre outros transtornos psicológicos. Os pacotes de tratamento duram de três a seis meses e variam de R$ 5.340 a R$ 7.600, podendo ser parcelados em até seis vezes, segundo a empresa.

Uma unidade com dois psicólogos tem capacidade para atender até 36 pacientes por mês, segundo Fox, considerando que cada um fará uma sessão de desintoxicação, com uso de medicação prescrita pelo psiquiatra no início do tratamento, mais duas sessões semanais com atividades para estimular a mudança de hábito. O custo dos remédios está incluso no pacote.

Franqueado trata paciente sem internação

As unidades franqueadas não possuem leitos para internação. De acordo com Fox, os casos graves são enviados para uma clínica credenciada parceira da rede em Itu (101 km a noroeste de São Paulo). Após o período de internação do paciente, a recuperação é continuada pelo franqueado. Nesse caso, o pacote de tratamento pode custar mais de R$ 15 mil.

“A maioria das famílias pensa que só a internação resolve o problema, mas o tratamento ambulatorial [sem internação] tem sido mais eficaz”, afirma. “Enquanto o paciente está em um ambiente fechado e sem drogas, é mais fácil resistir. Os desafios [para superar a dependência] estão no dia a dia.”

Segundo a empresa, todos os franqueados passam por treinamento de uma semana para aprender a metodologia da franquia. A rede também diz disponibilizar manuais técnicos para diagnóstico e tratamento de transtornos psicológicos e vídeos instrutivos.

Segundo nota do Conselho Federal de Psicologia, não há impedimento para abertura de clínica particular no formato de franquia para esse tipo de tratamento. Também não é necessário que o dono seja psicólogo ou médico, desde que tenha um resposável técnico. "Cabe, no entanto, atentar-se ao cumprimento dos trâmites necessários", diz o texto. Entre eles, registrar o CNPJ da clínica no conselho.

Quanto à forma de tratamento, o conselho diz que a atividade precisa seguir a Lei 10.216, de 2001, que considera a internação indicada apenas quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes. 

Negócio que se apoia na equipe é mais arriscado

Serviços que tenham grande dependência da capacidade dos profissionais contratos são mais arriscados, segundo Batista Gigliotti, presidente da consultoria Fran Systems. O consultor afirma que mesmo que a franquia ensine a técnica, o sucesso do negócio fica à mercê do profissional que a aplica.

“Cada paciente é um caso diferente e o tratamento vai depender do conhecimento que o profissional tem na área. Não é algo que se aprende em uma semana”, declara.

Para Ricardo Camargo, diretor-executivo da ABF (Associação Brasileira de Franchising), o risco do investimento na franquia é maior quando o interessado não é da área médica. “Existe uma série de procedimentos que precisam ser seguidos e demandam maior nível de conhecimento. É uma atividade mais complexa do que vender sapatos”, afirma.