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Mesmo em clima antipolítico, lanchonete bomba com Maluf e pastel de 32 cm

Thâmara Karou

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/11/2016 06h00

Em tempos em que os políticos são tão criticados, pode ser um risco ligar uma empresa à imagem de qualquer um deles. Mas há casos em que isso é até um benefício para o negócio. É o que acontece com a lanchonete Pastelão do Maluf, em Campos do Jordão (SP). O estabelecimento estampa o nome e a foto do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) segurando um pastel de 32 centímetros.

O Pastelão do Maluf não é do político, nem nasceu com esse nome. Leonardo de Almeida Martins Duarte, 32, sócio-diretor da lanchonete, conta que o negócio começou em 1999 como Pastelão 46. A frequência de famosos na pastelaria e, especialmente, a de Maluf mudou a forma como o local passou a ser conhecido.

"Tinha gente que perguntava sobre a pastelaria e respondiam que era onde o Maluf comia", diz. Logo, os apelidos tornaram-se mais conhecidos que o nome oficial da pastelaria. "As pessoas apelidaram a loja e nós pegamos carona no nome que eles já tinham dado." O nome foi mudado em 2004.

Usar o político como garoto-propaganda não atrapalhou as vendas, mesmo num momento delicado como este, segundo Duarte. "Pelo contrário. O movimento melhorou depois que mudamos o nome. Muitos vão à loja por curiosidade e por ele ser polêmico. Foi a melhor coisa que a gente fez", diz.

O político, segundo Duarte, conhecia seu pai e permitiu que o nome e a imagem fossem usados. Ele garante, porém, que o estabelecimento não tem nenhuma relação com o político.

Famosos e políticos entram no cardápio

Além de dar nome ao estabelecimento, o parlamentar também ganhou três versões de pastel para chamar de suas; a mais completa é recheada com carne moída, ovo, bacon, azeitona, salsa e tomate.

Outros famosos "entraram" para o cardápio e viraram nome de pastel: o jornalista Cid Moreira (recheio de queijo branco, tomate, azeitona, rúcula e orégano; há variações com mozarela e catupiry), o governador Geraldo Alckmin (recheio de frango, catupiry, salsa, tomate e azeitona) e o prefeito eleito de São Paulo, João Doria Jr. (recheio de queijo minas, tomate, orégano e azeitona).

Montados e fritos na hora, com 32 cm

O sócio-diretor da lanchonete afirma que os pastéis são montados e fritos na hora.

Todos têm 32 centímetros, desde o começo do negócio. A ideia veio do pai de Duarte. Após viajar aos EUA, notou que nas lanchonetes norte-americanas tudo era em abundância e tudo que fazia sucesso era grande. Por isso decidiram criar algum produto fora do padrão. A ideia, segundo ele, é fazer uma refeição.

O pastel mais barato, de queijo mozarela, custa R$ 18,50. O mais caro, de filé mignon com catupiry ou mozarela, sai por R$ 34,50. Nas versões doces, os preços variam de R$ 17,50, para o pastel de banana com canela e açúcar, até R$ 21,50, para o sabor banana com queijo.

O consumidor faz o pedido no balcão e retira o produto por senha. Não é cobrada taxa de serviço.

24 horas na alta temporada

A fama do pastel ajudou na expansão dos negócios. Até 2013, eles tinham uma lanchonete com capacidade para cem pessoas. Depois, abriram uma segunda unidade em frente à primeira, para até 400 pessoas. Os dois pontos continuam funcionando.

Hoje, o Pastelão do Maluf tem 68 funcionários.

Em época de alta temporada, de abril a agosto (com destaque para junho e julho), a lanchonete fica aberta 24 horas e atende cerca de 2.500 pessoas por dia. O melhor feriado, segundo Duarte, é o de Corpus Christi. O lucro e o faturamento não foram revelados.

Diferenciais do negócio

Em negócios como esse, apresentar diferenciais --como o tamanho do pastel ou a qualidade dos ingredientes-- faz a diferença para o consumidor, segundo o gerente do Sebrae-SP em Guaratinguetá, Ricardo Calil. No caso do Pastelão do Maluf, ficar aberto 24h na alta temporada é uma vantagem, especialmente em uma cidade turística, afirma.

A ideia de adotar um nome que já estava sendo usado pelos clientes também ajuda no sucesso, diz o especialista. No caso, o nome do político foi atrelado apenas a um lugar que ele frequentava, e de forma espontânea.

Usar nome de político pode ser arriscado

O especialista afirma que usar o nome de um famoso em um estabelecimento exige cuidado. "Depende da forma como o nome chegou e é atrelado", diz. Segundo Calil, no caso dos políticos, em meio a diversas denúncias de corrupção no país, usar o nome de forma inadequada pode afastar o consumidor. "Ele pode entender que, se for no estabelecimento, participará de esquemas de corrupção, por exemplo."

Antes de usar o nome de alguma celebridade também é preciso verificar se o artista concorda e se não terá que pagar por isso. "Alguns famosos cobram um preço altíssimo para permitir o uso do nome e da imagem, o que pode não compensar o tamanho do investimento".

Onde encontrar:

Pastelão do Maluf: www.pastelaodomaluf.com.br

Conheça o pastel que pesa mais de dez quilos

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