Direto do South Summit, as melhores dicas para sua startup captar recursos
No South Summit, o maior congresso de inovação da América Latina, um dos principais interesses dos empreendedores de tecnologia é aprender como captar recursos para as suas startups. A última edição do evento, que aconteceu em março em Porto Alegre (RS), trouxe uma palestra com três especialistas que compartilharam dicas de como angariar dinheiro de fundos de investimento para expandir um negócio.
Quem são os especialistas
Luiz Silva Neto é um dos fundadores da Emerging VC Fellows, uma comunidade de profissionais de venture capital (fundos de capital de risco) latino-americanos. Também é executivo do RX Ventures, o fundo de venture capital das Lojas Renner. Paul Anderson é sócio do Parceiro Ventures, um fundo norte-americano que só investe em empresas de tecnologia da América Latina. Eduardo Zilberberg é sócio-fundador do BZCP, um escritório de advocacia especializado em captação de recursos.
As dicas
1. Estar permanentemente atento a oportunidades de captação
"É preciso estar sempre preparado e sempre arrecadando recursos. Não deixe para pensar nisso quando estiver acabando o caixa. O fundador da startup está sempre com um pé na operação e outro na captação. Essas conversas com investidores demoram. Às vezes, você conhece o investidor que vai liderar a sua rodada de captação anos antes. É muito importante sempre manter essas conversas aquecidas." — Zilberberg, do BZCP
2. Demonstrar firmeza e paixão nas conversas com potenciais investidores
"É muito importante deixar claro para o investidor qual é o objetivo do empreendedor, a sua missão de vida. Precisa estar 100% com foco no que está construindo, e isso precisa transparecer nas conversas. Deixar muito claro que tem um objetivo, que sabe aonde quer chegar" — Zilberberg, do BZCP
3. Fazer a lição de casa para conhecer os potenciais investidores
"Quando você vai conversar com os fundos, fale com outros empreendedores que já receberam investimento dele. Faça uma pesquisa, porque, afinal de contas, é um casamento potencialmente de dez, 15 anos. Você vai estar muito tempo com aqueles investidores na sua empresa e precisa conhecê-los de verdade. Como eles vão ajudar? Vocês têm valores parecidos?" — Zilberberg, do BZCP
4. Saber bem as expectativas financeiras de cada fundo
"Qualquer fundo estuda o lado macro e o lado micro dos potenciais investimentos. No lado macro, os números têm que fazer sentido para o fundo. Cada fundo tem um objetivo de retorno. Raramente, no nosso mundo de investimentos em empresa de alto crescimento, esse retorno desejado é menos do que três vezes [o valor investido]. O fundo busca retornos relevantes, mas o que é relevante varia entre os fundos. Basicamente, tem os fundos que buscam um retorno de apenas uma empresa, de um investimento só, e esse negócio vai receber a sua carteira inteira de recursos. O empreendedor pode começar sua análise por aí, pelo final. Qual é o tamanho do fundo com o qual estou negociando? Se é um fundo de US$ 100 milhões e a participação que o fundo vai ter na startup depois do investimento é 10%, o empreendedor vai ter que construir uma empresa que vale US$ 1 bilhão. Para isso, quanto ela tem que faturar? Qual seria a sua participação de mercado? Qual é o tíquete médio? Todas essas variáveis têm que casar. Aí tem o lado micro. Qual é a qualidade do time? Quais são as métricas individuais da empresa? Já é provada? Qual é o crescimento? Qual é o perfil de retenção? Quantos clientes tem?" — Anderson, do Parceiro Ventures
5. Entender que cada fundo tem um alvo em termos de estágio de maturidade do negócio que vai receber investimento
"Tem que gastar muito tempo na criação de relacionamento com o fundo, entender quem faz qual aposta. Entre o estágio seed [semente, em inglês] e a série A, tem uma grande diferença. Em seed, o investidor vai olhar muito mais o mercado e o time, além da visão de longo prazo do empreendimento. Quanto mais que você se aproxima da série A, vai ser mais número. O investidor vai ter uma expectativa maior de tração, de ter algumas safras de clientes para entender o perfil de retenção. Quanto mais se aproximar da série A, mais organizados devem estar os dados. No estágio seed, é muito mais arte do que ciência: mais visão e aposta grande em um mercado grande. Por que aquele negócio é diferente? Por que agora? Na série A, tipicamente, essas respostas já foram definidas, a startup já captou uma rodada seed e alguém já validou mais ou menos essa tese." — Anderson, do Parceiro Ventures
6. Ter consciência de que o processo é caótico
"Nem sempre o empreendedor tem tempo para tudo, para cuidar da família, cuidar da empresa. Tem uma série de funcionários na empresa pelos quais ele é responsável, tem a captação. Acho que o investidor precisa entender que às vezes não dá para ter tudo na ponta da língua. Não é um processo organizado com datas que serão cumpridas à risca. É muito mais na correria ali que a coisa acontece." — Zilberberg, do BZCP
7. Compreender e diferenciar o potencial de cada negócio
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Quero receber"Acabou o mito de que todo mundo um dia vai virar um grande unicórnio e ser vendido por US$ 10 bilhões [R$ 50,2 bilhões, pelo câmbio atual]. Essa não é a trajetória de todo mundo, e cada vez mais os empreendedores têm ciência disso. Às vezes eles nem querem ficar dez, 15 anos crescendo um negócio exponencialmente visando a um IPO [Initial Public Offering, oferta pública de abertura de capital, em inglês]. Tem muita empresa muito boa que dá muito bom resultado, tem vendas excelentes, aí o empreendedor vai para o próximo projeto. Os investidores também estão muito cientes disso." — Zilberberg, do BZCP
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