Faliu com boneca inflável para cão e ganha milhões com curso geek infantil
Empreendedor nato, Marco Giroto, 36, hoje fatura R$ 8 milhões com a rede de franquias SuperGeeks, de escolas de programação para crianças e adolescentes. Mas sua trajetória é como a de muitos empreendedores: acumulou fracassos antes de atingir o sucesso.
Ele perdeu R$ 600 mil investidos em experiências anteriores: metade do valor em uma empresa de boneca inflável para cachorros e a outra metade, em uma de livros eletrônicos. Além delas, teve uma empresa de treinamento em tecnologia, que abandonou por um emprego que pagava muito bem, e uma de audiolivros, que durou 10 anos –foi encerrada no ano passado, para que ele se dedicasse somente à escola de programação.
"A maior lição que tirei é que é necessário manter o foco, principalmente nos primeiros anos da empresa. Eu quis diversificar os negócios e acabei não dando a atenção necessária para eles. Não vou repetir o mesmo erro com a SuperGeeks", afirma.
Pet shops recusaram boneca inflável para cachorro
A ideia surgiu em 2009, a partir de uma necessidade observada em sua casa. "Tenho um cachorro da raça maltês que frequentemente se agarrava às pernas das visitas. Eu sabia que isso acontecia com outros cachorros também e resolvi investir."
Com R$ 300 mil, criou molde, fabricou produtos para estoque e abriu até empresa em Miami pensando em exportação. Porém, na hora de negociar com as grandes redes de produtos pet, ouviu que o produto não poderia ser exposto pois as lojas recebem muitas famílias.
"Consegui fazer vendas direto para o consumidor final pela loja virtual, mas precisava do volume da venda por atacado para manter a empresa. Cerca de um ano depois, desisti do negócio para continuar com a empresa de audiolivros, que faturava."
Abriu empresa de livro eletrônico nos EUA e voltou endividado
Observando o mercado de livros eletrônicos em 2012, viu que havia muita pirataria –os clientes baixavam os livros ilegalmente para não pagar. Pensou: por que não oferecer os livros de graça aos leitores e faturar com anúncios no início de cada capítulo? Mudou-se para a Califórnia (EUA) para lançar a empresa no Vale do Silício, mas sofreu resistência das grandes editoras.
"Eu tinha vários autores independentes interessados, mas precisava de títulos famosos para atrair anunciantes, e as editoras não quiseram fechar parceria para não perder receita. Eu precisava de mais investimento para manter o negócio e não consegui."
Nos EUA, identificou potencial em programação para crianças
A ideia era ficar nos EUA mesmo que a empresa não desse certo. Porém, ele percebeu que por lá crescia o movimento de aulas de programação para crianças, o que poderia ser tendência também no Brasil. "Eu já era da área, pois aprendi a programar aos 12 anos, e minha mulher era professora. Então, tinha tudo a ver com a gente."
Visitaram escolas nos EUA, desenvolveram uma metodologia de ensino e lançaram um site do projeto no Brasil. Receberam vários contatos de interessados –a validação que precisavam para voltar ao país e empreender novamente. Só que estavam sem capital para começar. Inicialmente, tentaram parceria com escolas particulares, mas não conseguiram, por ser uma empresa nova.
Então, fizeram uma tarde de palestras para os interessados que haviam se cadastrado no site e conseguiram dinheiro com algumas matrículas. Alugaram uma sala num prédio comercial e compraram computadores usados para a primeira turma. Com a inauguração, em maio de 2014, vieram outros alunos, e a escola foi crescendo gradativamente.
Quer chegar a 100 unidades com franquia em 2017
Hoje, são duas unidades próprias e 30 franquias. Outras 30 devem ser inauguradas no primeiro semestre, e a meta é encerrar 2017 com 100 unidades. Confira os dados da franquia, fornecidos pela empresa:
- investimento inicial: a partir de R$ 150 mil (custos de instalação, taxa de franquia e capital de giro)
- faturamento médio mensal: R$ 50 mil
- lucro médio mensal: 30% (R$ 15 mil)
- retorno do investimento: a partir de 18 meses
A escola é voltada a jovens de 5 a 16 anos e aborda outros temas, além de programação: redes, servidores, segurança, banco de dados, realidade virtual, inteligência artificial, criação de games e aplicativos, entre outros. As mensalidades custam cerca de R$ 270, mais material didático a cada início de semestre. O curso regular tem duração de cinco anos, mas há opções de curta duração.
Pesquisa de mercado testa aceitação e evita prejuízo
Os prejuízos sofridos pelo empresário ao longo de sua trajetória poderiam ter sido evitados se ele tivesse feito pesquisas de mercado antes de investir tão alto nos projetos, segundo Márcio Iavelberg, da consultoria Blue Numbers, especializada em pequenas e médias empresas.
"Muitos empreendedores consideram a pesquisa um custo, mas, na verdade, ela ajuda a evitar prejuízos maiores. Em alguns casos, uma pesquisa informal resolve. O empresário poderia, por exemplo, ter visitado alguns pet shops com um protótipo do cachorro inflável para saber se eles estavam dispostos a vender, antes de investir em estoque."
As informações colhidas na pesquisa de mercado também ajudam a elaborar um plano de negócios mais preciso, que especifique a quantidade de capital necessário para manter a empresa. "Isso ajudaria a evitar o que aconteceu com a editora de livros eletrônicos, por exemplo, que precisava de mais capital para se desenvolver."
Com a escola de programação, ele conseguiu um negócio capaz de crescer rapidamente, que usa o capital de terceiros --os franqueados-- para expandir, e de baixo investimento inicial, por se tratar de serviços.
"Ele focou em uma área que é sua especialidade e começou pequeno, após validação dos potenciais clientes. É possível ter boa lucratividade na área, mas é importante que os interessados na franquia conversem com outros franqueados para saber se os números apresentados são reais."
Onde encontrar:
SuperGeeks: www.supergeeks.com.br
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