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Ex-cortadora de cana fatura R$ 1,8 milhão com site que vende semijoias

Márcia Rodrigues

Colaboração para o UOL, em São Paulo

04/08/2016 06h00

A falta de oportunidade de trabalho em Itinga (MG) fez com que Sabrina Nunes, 30, seguisse com o padrasto para outro Estado, após concluir a faculdade de Serviço Social, para cortar cana-de-açúcar.

"Todo ano, durante o período de colheita de cana, o meu padrasto e outros moradores seguiam para Maracaju (MS) atrás de trabalho. Na minha cidade, as poucas oportunidades que existiam eram no setor público, e não havia expectativa de quando abririam novas vagas."

Antes de fazer faculdade, ela afirma que tentou abrir vários negócios no setor de comércio, mas não teve sucesso.

Hoje, sete anos depois, ela é dona do site Francisca Joias, que vende semijoias, faturou R$ 1,8 milhão no ano passado e estima fechar 2016 com R$ 2,5 milhões. O lucro não foi revelado.

As semijoias são peças produzidas em metais simples, que passaram por banho de metal precioso, como ouro 18k, ródio ou prata.

Empresária queria ser engenheira

Nunes diz que ficou menos de um ano trabalhando nos canaviais porque conseguiu uma oportunidade no escritório da usina. Ao ver a atuação dos engenheiros e saber que eles recebiam bons salários, inscreveu-se no Prouni (Programa Universidade para Todos) para cursar engenharia. Conseguiu uma vaga em uma universidade do Rio de Janeiro e seguiu para o Estado.

Lá, ela diz que soube que alguns microempresários vendiam produtos em um market place - site de varejo online - e conseguiam bom faturamento, e resolveu arriscar.

"Comprei R$ 50 de bijuteria e vendi tudo. O pessoal do site me ligou e perguntou se eu não queria pagar R$ 300 por um e-mail marketing sobre o meu produto. Eu concordei e em uma semana eu faturei R$ 3.000."

Um ano depois, em 2012, ela criou a Francisca Joias (o nome foi uma homenagem à avó), começou a produzir as suas próprias peças e a tocar o negócio paralelamente ao seu emprego em uma incubadora de empresas.

"Eu percebi que a empresa exigia cada vez mais de mim e acabei abandonando a faculdade e o emprego."

Peça mais barata custa R$ 19,90

O site oferece 3.000 produtos diferentes. O mais barato é um brinco simples de R$ 19,90 e o mais caro é um anel de zircônia, que sai por R$ 260. As peças mais procuradas, segundo ela,  são os brincos.

A empresária afirma que não consegue estimar a quantidade de peças produzidas por mês, mas diz que fabrica 60 quilos de semijoias. Ao todo são vendidas 5.000 unidades por mês.

Nunes também diz que 80% das suas semijoias são de design próprio e 20% ela compra de fornecedores e banha com ouro ou prata. Todas têm garantia de seis meses. Os produtos são comercializados pelo site e por revendedoras. O e-commerce concentra 80% das vendas.

De acordo com a empresária, a Francisca Joias tem, atualmente, 450 revendedoras espalhadas pelo Brasil. Elas podem solicitar as peças pelo site e ganham 40% de comissão.  Além das revendedoras, a empresa tem 12 funcionários.

Concorrência é grande

Para Edgard Neto, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), a produção e venda de semijoias enfrenta grande concorrência tanto de lojas físicas como em e-commerce.

"É preciso investir em um bom trabalho de posicionamento nas ferramentas de busca para fazer com que o cliente chegue ao seu site e a procura seja convertida em venda."

Site deve ser fácil de navegar e ter boas fotos

O especialista também afirma que, no e-commerce, o fácil acesso e a apresentação é fundamental para atrair a atenção dos clientes.

"O site precisa ser fácil de navegar e ter fotos reais, que mostrem vários ângulos, e que valorizem o produto. A Francisca Joias acertou nisso."

Onde encontrar:

Francisca Joias: http://www.franciscajoias.com.br