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Plantava cana, hoje exporta caipirinha para Ásia e vai fazer gim de cachaça

Larissa Coldibeli

Colaboração para o UOL, em São Paulo

28/04/2017 04h00

Até os 32 anos, Evandro Weber, 46, trabalhava na roça, plantando e colhendo cana-de-açúcar e dando sequência a uma tradição de família que começou em 1848: a produção de cachaça. O produto era vendido apenas em Ivoti (RS), mas, em 2004, ele viu a necessidade de ganhar mercado para aumentar o faturamento.

Desde então, investiu em cursos e em novos produtos, como licores e cachaças com frutas (açaí, cupuaçu, banana e pêssego, entre outras) da linha Lundu, e hoje exporta caipirinha engarrafada para países como Japão e China.

Até julho, ele planeja o lançamento de gim feito com cachaça e mistura de folhas da cana-de-açúcar, erva-mate, gengibre e zimbro, o que dá o aroma peculiar à bebida. O preço ainda não foi definido.

Foi com a participação em feiras internacionais que ele percebeu o potencial da sua cachaça e a necessidade de inovar.

“Os estrangeiros adoravam o produto, mas não sabiam o que era cachaça, nem conseguiam pronunciar o nome. Porém, quando eu falava que era a base da caipirinha, todo mundo entendia e queria. Foi assim que tive a ideia de fazer a caipirinha engarrafada”

O produto foi lançado em 2014, aproveitando o apelo da Copa do Mundo no Brasil, depois de quatro anos de testes. Só no ano passado foram exportados 52 mil litros. O preço médio no mercado externo é de 23 dólares (cerca de R$ 73) a garrafa de 700 ml. Também é vendida no Brasil, mas em volume muito menor, segundo o empresário, por cerca de R$ 45.

Produção passou de 10 mil litros a 480 mil litros

Atualmente, o alambique Weber Haus possui 72 produtos e exporta para 16 países. Em 2016, a produção foi de 480 mil litros de cachaça branca. Para se ter uma ideia do crescimento, em 1998, antes das inovações, esse volume era de 10 mil litros por ano.

O volume de bebidas produzidas foi ainda maior, embora o empresário não saiba precisar, pois a cachaça é diluída no preparo de misturas com frutas e de licores, por exemplo. Weber não revela faturamento nem lucro.

“As nossas bebidas são testadas e aprovadas por especialistas, já ganhamos prêmios internacionais de qualidade e possuímos certificação de orgânico internacional, o que facilita as exportações”, afirma o empresário.

Inovação ajuda a ganhar mercado

Para Andrea Restrepo, consultora do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o empresário se diferencia pois entende a necessidade de inovar. “Ele trabalha com um produto brasileiro extremamente tradicional, que é a cachaça, mas aumenta seu valor ao criar coisas diferentes a partir dele.”

Ela diz que o caso da caipirinha engarrafada é bem emblemático. “Os estrangeiros se identificam mais com o Brasil por meio da caipirinha, e não da cachaça. Às vezes, uma pequena mudança facilita as exportações. Participar de feiras também aumenta a visibilidade do produto”, declara.

Onde encontrar:

Weber Haus: www.weberhaus.com.br