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Ele mudou receita de gim, pôs mais ervas e envelheceu em barril de carvalho

Patrícia Büll

Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/03/2018 04h00

Martin Braunhloz, 62, é diretor de vendas de uma multinacional, mas, em 2011, decidiu iniciar um negócio paralelamente. Investiu R$ 150 mil para criar a microdestilaria Hof, em Serra Negra (São Paulo). Faz bebidas premium em pequena escala, como cachaças e licores. No ano passado, começou a fazer gim, aproveitando a modinha.

Criou uma nova receita, com mais ervas e especiarias, e envelhecendo em barris de carvalho, como uísque, o que não é o normal.

"O gim está na moda novamente", observa Braunhloz. “A bebida de origem europeia ganhou status e agora é usada na composição de diversos drinques”, diz.

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25% do faturamento da marca em poucos meses

Apesar do pouco tempo de produção – começou a ser vendida em agosto – a bebida foi responsável, no ano passado, por 25% do faturamento da marca.

O empresário não informa o faturamento nem o lucro do ano passado, mas diz que a expectativa para este ano é alcançar R$ 180 mil de faturamento e ampliar para R$ 300 mil em 2019. Para isso, vai contar com o apoio do filho Matheus, 26, que a partir deste ano cuidará do marketing e venda da marca.

“Passamos dois anos pesquisando a respeito do gim, fizemos algumas receitas e testes com especialistas até que decidimos por duas delas. Foi daí que lançamos O Minna Marie”, diz o empresário, explicando que o nome é uma homenagem à matriarca da família, que emigrou da Alemanha para o Brasil.

Envelhecido em carvalho, como os bons uísques

O diferencial do gim Hof, diz Braunhloz, é o envelhecimento em barris de carvalho por cerca de seis semanas, além da receita exclusiva envolvendo 15 botânicos: uma mistura de sementes, bagas, raízes, frutas, ervas e especiarias, ao passo que as receitas tradicionais levam em média 12.

“O gim não precisa de envelhecimento, basta descansar em um recipiente neutro. Ao optarmos por descansar a bebida nos barris de carvalho, conseguimos ressaltar o teor de madeira e dar um toque a mais, destacando as especiarias”, diz.

O gim tem duas versões: a “Oak Aged”, envelhecida nos barris de carvalho, e a cristal, destilada da forma tradicional, disponível em embalagens de 750 ml e 375 ml.

A destilaria não vende diretamente para o consumidor final, mas o preço sugerido fica entre R$ 80 e R$ 90, diz Braunhloz. Em termos comparativos, o Seager’s Silver, uma das marcas mais tradicionais de gim nacional, custa em média R$ 77 na versão premium.

Definir o público é essencial para ter sucesso, diz consultor

Eduardo Pugnali, gerente de Inteligência de Mercado do Sebrae-SP, pontua que o gim está passando pelo mesmo processo de valorização que ocorreu com a cachaça no início dos anos 2000, o que é uma boa notícia para quem quer empreender nesse segmento.

“É interessante que o empresário tenha percebido esse movimento e decidido investir em um novo nicho justamente no momento de valorização da bebida”, diz.

Ainda assim, ele destaca ser importante definir muito bem o mercado onde pretende ver seu produto exposto: no grande varejo, onde a elasticidade de preços e marcas é grande; ou no pequeno varejo, que trabalha com poucas marcas e, na maioria das vezes, com preços mais elevados”.

“Escolher o posicionamento da marca é essencial em todos os negócios. E não é diferente no de bebidas. Um produto com preço mais elevado, que vai concorrer em um mercado já maduro, precisa deixar seus diferenciais muito claros para que conquiste mercado.”

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