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Salário mínimo deste ano voltou ao mesmo nível de 2015, diz Dieese

Do UOL, em São Paulo

12/01/2018 16h31

O salário mínimo de 2018, em vigor desde 1º de janeiro, voltou ao mesmo patamar do salário mínimo de três anos atrás, de acordo com cálculos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) divulgados nesta sexta-feira (12).

Em 2015, o mínimo nominal era de R$ 788, mas passa para R$ 953,87 quando esse valor é corrigido pela inflação acumulada desde então. O valor é semelhante ao definido pelo governo do presidente Michel Temer para o salário mínimo deste ano, de R$ 954.

O Dieese diz que o retorno a esse patamar se deve aos dois anos seguidos de reajuste do mínimo abaixo do índice de inflação, o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).

Neste ano, o salário teve correção de 1,81%, enquanto a inflação foi de 2,07%. Em 2017, o mínimo foi reajustado em 6,48%, abaixo da inflação de 6,58%. 

O órgão defende que o governo revise o reajuste anunciado para esse ano "de modo a devolver ao salário mínimo o poder de compra do início do ano passado". Ele também cobra a compensação da perda ocorrida em 2017.

Por meio do ministério do Planejamento, o governo afirmou que vai compensar o reajuste abaixo da inflação em 2018 quando for definir o salário mínimo de 2019. Esse mecanismo está previsto na lei.

Injeção de R$ 10,5 bi na economia

Ainda segundo os cálculos do Dieese, o reajuste do salário mínimo vai injetar cerca de R$ 10,5 bilhões na economia neste ano.

O aumento foi de R$ 17 em relação ao ano passado, e 48 milhões de brasileiros têm seus rendimentos referenciados pelo salário mínimo. Com isso, chega-se ao valor de R$ 10,5 bilhões a mais na economia.

O maior impacto vai ser entre os beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), dos quais 23.239 recebem valores atrelados ao mínimo. Somente neste grupo deverá haver um incremento de R$ 5,14 bilhões, segundo os cálculos.

O Dieese estima, ainda, que o novo salário mínimo deverá representar um adicional de R$ 5,64 bilhões na arrecadação do governo com impostos sobre o consumo.

Duas cestas básicas

Com R$ 954 é possível comprar 2,24 cestas básicas, já que o custo estimado para cada uma delas em janeiro deste ano é de R$ 425.

Em toda a série histórica do Dieese (iniciada em 1995), nunca se pode comprar tantas cestas básicas apenas com o salário mínimo quanto agora.

Segundo o departamento, isso se deve à queda dos preços dos alimentos, que acabou diminuindo o custo da cesta.

Salário mínimo ideal

O Dieese ainda não divulgou sua estimativa para o salário mínimo ideal em janeiro de 2018. 

No final do ano passado, porém, o mínimo estava longe do ideal. Em dezembro, o valor necessário para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 3.585,05.

O órgão divulga mensalmente uma estimativa de quanto deveria ser o salário mínimo considerando as necessidades básicas do trabalhador e de sua família, como estabelecido na Constituição: moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e Previdência Social.

Esse valor é calculado com base na cesta básica mais cara entre as 27 capitais. Em dezembro, o maior valor foi registrado em Porto Alegre (R$ 426,74).

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