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Bolsa de Valores bate recorde; é hora de investir em ações?

Getty Images/iStockphoto/neyro2008
Imagem: Getty Images/iStockphoto/neyro2008

Sophia Camargo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/09/2017 18h17Atualizada em 20/09/2017 18h17

A Bolsa de Valores atingiu um nível recorde. Chegou o momento de o pequeno investidor surfar nessa onda ou já é tarde demais para aproveitar a valorização das ações? Será que a tendência de alta deve continuar? 

O UOL ouviu os especialistas André Massaro, da BlueQuant Consultoria, e Ricardo Rocha, professor de Finanças do Insper, para responder a cinco perguntas. Confira.

1) Por que a Bolsa está subindo tanto?

André Massaro: O otimismo com a economia está voltando. Um desfecho catastrófico nas eleições de 2018 aos olhos do mercado parece cada vez mais distante, e os escândalos políticos não têm comprometido a ação do Banco Central. Apesar de a economia continuar muito ruim, a expectativa é de melhora para 2018.

Ricardo Rocha: A Bolsa sempre vê à frente, e o mercado está antecipando uma volta ao crescimento da economia em 2018, combinado à queda na taxa de juros. Com essa queda, investir em ações fica mais atrativo.

2) É um bom momento para investir em ações?

Massaro: Provavelmente não, por dois fatores: a euforia do mercado chama a atenção e começam a aparecer compradores que não estavam lá. Isso pode fazer com que os mais experientes comecem a vender as ações para lucrar. Além disso, ainda há excelentes oportunidades na renda fixa, mesmo com a queda da taxa de juros. Receber 5% ao ano de juro real [descontada a inflação] em um título garantido pelo governo (Tesouro IPCA+) é algo que não se encontra em quase nenhum país do mundo. A Bolsa sempre vai existir, mas esses títulos, com essa taxa, pode ser a única e última oportunidade.

Rocha: O pequeno investidor precisa entender que sempre é momento de ir para a Bolsa e nunca é momento de esperar um resultado no curto prazo. Para quem tem muito dinheiro, a Bolsa é oportunidade de diversificar. Para quem tem pouco dinheiro ou está formando um patrimônio, a Bolsa é oportunidade de acreditar no longo prazo.

Quem quer investir na Bolsa deve investir sempre, com constância, sem esperar o resultado no curto prazo. O que deve importar é o desempenho das empresas, e não o sobe-e-desce da Bolsa.

Ricardo Rocha, do Insper

3) A tendência de alta deve continuar?

Massaro: É possível que continue, porque há uma sensação de que o pior da economia já passou. A economia ainda não está boa, tem muitos desafios, mas, comparativamente ao que era um ano atrás, hoje já se consegue ver luz no fim do túnel. É bastante razoável acreditar que deve continuar.

Rocha: Há uma perspectiva de alta pela melhora das expectativas. O que está mais ou menos claro é que, se o Brasil eleger alguém mais moderado em 2018, podemos entrar em um círculo virtuoso de uma década. A Bolsa está antecipando isso.

4) Quais os cuidados para quem quer começar a investir?

Massaro: O primeiro passo é saber qual é o seu perfil: se conservador (não suporta perder nada do patrimônio), moderado (equilibra risco e segurança) ou agressivo (suporta perder parte do seu patrimônio em busca de ganhos maiores).

Em um momento em que as pessoas ficam empolgadas, elas traem o seu próprio perfil, achando-se mais agressivas do que realmente são, e quando a Bolsa cai, porque ela sempre cai, a pessoa fica frustrada e desesperada. Achar que a Bolsa é só alegria é um erro.

É preciso destinar uma parcela do patrimônio que possa tolerar perdas. Pequenos investidores também devem evitar investir em ações individuais. Devem priorizar a compra de fundos ou carteiras de ações. Nunca deve colocar todo o dinheiro em uma única ação. Não existe empresa inquebrável.

Rocha: Para a primeira experiência recomendo entrar em fundos de ações, de preferência de dividendos. Quem não tem nenhum conhecimento não deve comprar ações isoladas, não deve nem mesmo investir em ações. Se quer investir em renda variável, é preciso entender um pouco como funciona para não se desesperar.

5) Quanto investir?

Massaro: Depende do tamanho do patrimônio. Primeiro, a pessoa deve ter uma reserva de emergência formada. Idealmente, essa reserva de emergência deve garantir a sobrevivência da pessoa por um ano, pagando todas as suas despesas. Essa reserva deve estar aplicada na renda fixa, como Tesouro Selic ou aplicações que permitam a retirada imediata. Acima desse valor, ela pode ir para a Bolsa. O porcentual a ser investido vai depender de quanto risco a pessoa quer e pode tomar.

Rocha: Não adianta investir pouco na Bolsa, é preciso ter disponível um valor de R$ 5.000 a R$ 10 mil para começar investindo em um fundo, e esse valor não pode fazer nenhuma falta para a pessoa. Depois, pode destinar um valor a ser investido todo mês.

Se não sabe responder a estas 5 questões, será muito difícil ficar rico

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