BC corta juros a 8,25%, menor nível em mais de 4 anos; poupança rende menos
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (6) cortar a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual, de 9,25% para 8,25% ao ano. Com isso, muda a forma de calcular os ganhos da poupança (leia mais abaixo) e ela passa a render menos.
Esse foi o oitavo corte seguido da taxa Selic, que vem caindo desde outubro do ano passado. É o nível mais baixo da taxa básica de juros em mais de quatro anos: de maio a julho de 2013, estava em 8% ao ano.
A decisão do Copom foi unânime e veio dentro do esperado por especialistas do mercado, que previam corte de 1 ponto na Selic.
Novas regras da poupança
O corte da Selic aciona uma nova regra para a rentabilidade da caderneta de poupança, criada em 2012.
Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é de 6,27% ao ano (0,5% ao mês) mais TR (Taxa Referencial).
Quando a Selic é igual ou menor que 8,5%, a poupança passa a render 70% da Selic mais TR. Isso, na prática, representa um rendimento menor.
Comunicado cita 'recuperação gradual da economia'
No comunicado divulgado após a reunião, o BC afirma que "o conjunto dos indicadores de atividade econômica divulgados desde a última reunião do Copom mostra sinais compatíveis com a recuperação gradual da economia brasileira".
O texto também diz que o "comportamento da inflação permanece bastante favorável", que o ciclo de cortes na taxa de juros deve ter "encerramento gradual" e que isso dependerá "da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação".
Juros x inflação
Os juros são usados pelo BC como uma ferramenta para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a caírem. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo.
A inflação está em queda, conforme divulgado mais cedo pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A alta dos preços em agosto desacelerou para 0,19% e ficou em 2,46% no acumulado em 12 meses, a menor para o período desde fevereiro de 1999 (2,24%).
Esse resultado deixa a inflação abaixo do mínimo da meta do governo para 2017, que é de 4,5% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo, ou seja, podendo variar entre 3% e 6%.
Nesse cenário, o corte nos juros tende a estimular o investimento das empresas na produção e o consumo das famílias.
Juros para o consumidor são mais altos
A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela. Ela não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.
Segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros do cheque especial em julho era de 321,3% ao ano. Já os juros do rotativo do cartão de crédito eram de 399,1% ao ano.
(Com agências de notícias)
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