Inflação em 12 meses fica em 2,46% e segue abaixo da meta do governo
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial no país, ficou em 0,19% agosto, o menor para o mês em 7 anos, desde 2010 (0,04%)
Em 12 meses, o índice acumulado é de 2,46%, abaixo do limite mínimo da meta do governo e o menor para o período desde fevereiro de 1999 (2,24%).
A meta em 2017 é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas há uma tolerância de 1,5 ponto, ou seja, pode variar entre 3% e 6%.
Quando o país descumpre a meta anual, com a inflação acima ou abaixo do limite tolerado, o presidente do Banco Central precisa enviar uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando por que ela não foi cumprida, quais ações serão adotadas e o tempo esperado para que essas medidas surtam efeito.
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O índice desacelerou em agosto, na comparação com os 0,24% registrados em julho. Em agosto do ano passado, o IPCA foi de 0,44%.
No acumulado de 2017, até o mês passado, a inflação é de 1,62%, abaixo dos 5,42% registrados em agosto de 2016. Este foi o menor índice acumulado para um mês de agosto desde a implantação do Plano Real (1994).
As informações foram divulgadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (6).
Taxa de juros
O resultado de agosto pode afetar as decisões do Banco Central, reunido nesta quarta para definir a taxa básica de juros, a Selic. A inflação baixa reforça apostas de mais um corte.
"A desaceleração da inflação ajuda a retomar o padrão de vida da população. Com o fim do efeito do FGTS na economia, a inflação e os juros mais baixos oferecem perspectiva de que o consumo pode melhorar", afirmou à agência de notícias Reuters o economista-sênior do banco Haitong, Flávio Serrano.
Alimentos caem pelo quarto mês seguido
Os preços dos alimentos caíram (-1,07%) pelo quarto mês seguido e puxaram a inflação para baixo em agosto, devido ao início da colheita de uma safra agrícola recorde.
"A safra e a demanda menor estão contendo a inflação. Os alimentos reúnem 153 itens, sendo que 100 estão em queda e muitos de peso relevante na mesa dos trabalhadores", disse o gerente do IBGE para o IPCA, Fernando Gonçalves.
Os alimentos para consumo em casa ficaram 1,84% mais baratos, com destaque para o feijão-carioca (-14,86%), o tomate (-13,85%), o açúcar cristal (-5,90%), o leite longa vida (-4,26%), as frutas (-2,57%) e as carnes (-1,75%).
Por outro lado, o limão subiu 12,7%, o quiabo, 12%, o maracujá, 9%, e o azeite, 2,7%.
Gasolina mais cara
As despesas com transporte ficaram mais pesadas no mês passado, com o aumento no imposto sobre combustíveis, em vigor desde julho, e com a alta nos preços nas refinarias, definidos pela Petrobras. Dentro do período de coleta dos dados da inflação de agosto, foram anunciados 19 reajustes de preços da gasolina.
Com os reajustes e os impostos, os combustíveis subiram 6,67% e tiveram o maior impacto na inflação de agosto, de 0,32 ponto percentual. O litro do etanol ficou, em média, 5,71% mais caro, e o da gasolina, 7,19%.
Já a conta de luz subiu 1,97%, com a adoção da bandeira vermelha, que acrescenta R$ 3 a cada 100 Kwh consumido. A conta de água também ficou mais cara (+1,78%).
Dentre os itens que pesaram menos no orçamento doméstico estão as passagens aéreas, que ficaram 15,16% mais baratas, e a conta de celular, que caiu 1,57%.
Crise
A expectativa de analistas consultados pelo Banco Central é que a inflação termine 2017 em 3,38%, bem abaixo dos 6,29%, registrados em 2016, mas dentro da meta deste ano. No ano passado a meta também era de 4,5% ao ano, mas a tolerância era de dois pontos para mais ou para menos, ou seja, podendo variar entre 2,5% e 6,5%.
A queda nos preços é resultado de um conjunto de fatores.
Com a crise econômica, o desemprego atinge 13,3 milhões de trabalhadores, o que provoca diminuição do consumo. Mesmo quem está empregado acaba comprando menos porque a renda caiu ou por medo de perder o emprego. A procura menor por produtos, assim, ajuda a segurar a inflação.
Juros X Inflação
Além da crise econômica, a inflação é afetada pelo corte na taxa básica de juros (Selic). Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, no mês passado julho, o comitê decidiu cortar a Selic pela sétima vez seguida. A taxa caiu 1 ponto percentual, para 9,25% ano. Nesta quarta o Copom decide se corta mais uma vez a taxa.
Os juros são usados pelo Banco Central para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a caírem. Quando a inflação está baixa, como agora, o BC derruba os juros para estimular o consumo.
(Com agências de notícias)
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