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Inflação foi negativa em junho; país teve maior queda nos preços em 19 anos

Do UOL, em São Paulo

07/07/2017 09h05

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial no país, foi negativo em 0,23% em junho, a taxa mensal mais baixa em 19 anos, desde agosto de 1998 (-0,51%). Considerando apenas os meses de junho, nunca houve uma taxa tão baixa desde o início do Plano Real, em 1994. 

Com o resultado, o país registra a primeira deflação (queda dos preços) mensal em 11 anos, desde junho de 2006 (-0,21%). 

Em maio, os preços haviam subido 0,31%. Um ano antes, em junho do ano passado, o IPCA foi de 0,35%

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A queda em junho ajudou a inflação no primeiro semestre a fechar em 1,18%, patamar bem inferior aos 4,42% no mesmo período do ano passado e o menor valor para primeiros semestres desde 1994. No acumulado de 12 meses, o índice foi de 3%, também abaixo dos 3,6% relativos aos doze meses imediatamente anteriores.

As informações foram divulgadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (7). 

A meta em 2017 é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas há uma tolerância de 1,5 ponto, ou seja, pode variar entre 3% e 6%.

A expectativa de analistas consultados pelo Banco Central é que a inflação termine 2017 em 3,46%, bem abaixo dos 6,29%, registrados em 2016. No ano passado também era de 4,5% ao ano, mas a tolerância era de dois pontos para mais ou para menos, ou seja, podendo variar entre 2,5% e 6,5%.

A queda nos preços é resultado de um conjunto de fatores.

Com a crise econômica, o desemprego atinge 13,8 milhões de trabalhadores, o que provoca diminuição do consumo. Mesmo quem está empregado acaba comprando menos porque a renda caiu ou por medo de perder o emprego. A procura menor por produtos, assim, ajuda a segurar a inflação. 

Juros X Inflação

Além da crise econômica, a inflação é afetada pelo corte na taxa básica de juros (Selic). Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, no final de maio, o comitê decidiu cortar a Selic pela sexta vez seguida. A taxa caiu 1 ponto percentual, para 10,25% ano. 

Os juros são usados pelo Banco Central para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a caírem. Quando a inflação está baixa, como agora, o BC derruba os juros para estimular o consumo.

Tomate despenca 19%

No mês passado, os três grupos de produtos e serviços que mais pesam no bolso, representando 60% das despesas domésticas, ficaram mais baratos.

A queda de 0,5% nos gastos com alimentação, que representam 26% das despesas das famílias, foi puxada pelos alimentos para consumo em casa (-0,93%).

Graças ao clima mais ameno desde o fim do ano passado e aos bons resultados das safras agrícolas, alguns dos produtos que mais caíram foram tomate (-19,22%), laranja (-10,75%), mandioquinha (-9,56%) e cenoura (-9,68%).

O preço do feijão carioca, que em meados do ano passado disparou devido a safras ruins, voltou a subir em junho (25,86%).

Conta de luz 5,52% mais barata

Os gastos com habitação caíram 0,77%, com destaque para a conta de luz (-5,52%), sobretudo devido à decisão do governo de não cobrar taxa extra na conta do mês passado (a bandeira tarifária, que foi vermelha em maio, mudou para verde em junho).

Já a conta de água e esgoto subiu 2,16%, e os gastos com condomínio encareceram 1,14%.

Gasolina caiu; passagem aérea subiu 7%

Nos transportes (-0,52%), o IBGE destaca a queda de 2,84% nos preços dos combustíveis. O litro da gasolina ficou 2,65% mais barato após reduções de preços pela Petrobras nas refinarias. Na região metropolitana de Salvador a queda atingiu 8,71%, a maior entre as regiões pesquisadas.

A gasolina também foi influenciada pelo preço do álcool utilizado em sua mistura já que, para o consumidor, o etanol ficou 4,66% mais barato. Em Salvador, a queda foi de 7,45%.

Ainda nos transportes, as passagens aéreas foram na contramão e subiram 6,98%. Já a passagem de ônibus interestadual caiu 1,94%. 

Deflação pontual

Para economistas, porém, a deflação de junho foi pontual junho foi pontual.

Os fatores que pesaram na queda dos preços, como os alimentos, a gasolina, a bandeira verde na conta de luz e também o dólar mais baixo não devem continuar pesando nos próximos meses. 

Além disso, a atividade econômica continua fraca, com desemprego alto, inibindo o consumo.

“A economia ainda anda cambaleante, mas o que se tem agora é uma sazonalidade, que ajuda bastante o mês de junho. Ao se olhar para a série mensal, esse mês sempre apresenta uma das taxas mais baixas", disse o economista Flavio Romão, da LCA Consultores, em entrevista à agência Estadão Conteúdo.

Segundo ele, a inflação tende a voltar a subir, principalmente ao longo do último quadrimestre, e deve fechar o ano em 3,9%.

O próprio presidente do BC, Ilan Goldfajn, já havia adiantado que o resultado de junho do IPCA por si só seria pontual, segundo a agência de notícias Reuters.

(Com agências de notícias)

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