Juros baixos fazem investimentos renderem menos; saiba o que fazer
O Banco Central baixou novamente a taxa básica de juros (Selic) e isso afeta diretamente os investimentos dos brasileiros. As aplicações mais conservadoras e tradicionais passam a render menos. Quem quiser ter um ganho maior terá que correr mais risco e planejar bem por quanto tempo pode deixar o dinheiro investido.
Veja algumas dicas abaixo.
Já tem investimentos? Não precisa mudar
"A queda dos juros não é uma novidade. Não é porque eles estão em queda que o investidor deve correr para qualquer mudança na sua carteira", diz o coordenador do laboratório de finanças do Insper, Michael Viriato.
O BC vem reduzindo os juros desde outubro do ano passado, quando a Selic estava em 14,25% ao ano. A expectativa é que a taxa continue baixa --analistas de mercado esperam que esteja também em 7% ao ano no fim de 2018.
Saiba por quanto tempo o dinheiro ficará investido
Para conseguir rendimentos maiores, o brasileiro vai ter que se acostumar a deixar o dinheiro investido por mais tempo, sem poder resgatar de uma hora para outra --o que não acontece com quem aplica na poupança ou num fundo tradicional de renda fixa, por exemplo.
Segundo Viriato, será preciso planejar melhor o seu "fluxo de caixa", ou seja, o quanto ganha, o quanto gasta, o quanto poderá guardar e por quanto tempo poderá deixar esse dinheiro guardado, sem precisar sacá-lo.
CDBs de bancos menores, LCA e LCI
Para quem não gosta de correr muito risco, algumas opções são os Certificados de Depósito Bancários (CDBs) de bancos menores, a Letra de Crédito Imobiliária (LCI) e a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). Eles podem render mais, mas exigem deixar o dinheiro aplicado por mais tempo. Atualmente, é possível investir nesses produtos tendo a partir de R$ 5.000.
"Com investimento em CDBs de bancos menores, LCI e LCA, o investidor pode ganhar de 110% a 115% do CDI [o CDI costuma ser próximo da taxa Selic]. Isso dá o diferencial de outras aplicações", diz a planejadora financeira e professora da Fundação Getulio Vargas (FGV) Myrian Lund.
Fundo multimercado ou de ações
Quem aceita correr algum risco pode optar por um fundo multimercado ou de ações, mas é preciso ficar atento ao rendimento oferecido.
Um fundo multimercado só vai valer a pena se estiver rendendo 120% do CDI, porque ele [o investidor] já ganha de 110% a 115% em um produto conservador.
Myrian Lund, planejadora financeira e professora da FGV
"No fundo de ações, o investidor pode analisar o histórico do fundo para ver se ele está rendendo acima do benchmark [do Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira]", diz ela.
Poupança e Tesouro Selic
Embora a taxa de juros esteja em queda, as aplicações conservadoras, como a poupança, ainda podem valer a pena para quem precisa ter o dinheiro à mão, disponível para sacar rapidamente, e para quem tem até R$ 5.000 para investir. Os especialistas também apontam como opção o Tesouro Selic.
A poupança é uma boa alternativa para quem tem pequeno valor. Ela não tem taxa de administração nem a cobrança de Imposto de Renda.
Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor de pesquisas econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac)
Poupança bate alguns fundos de renda fixa
Desde setembro, a poupança passou a render menos devido a uma nova regra, criada em 2012.
Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é de 6,17% ao ano (0,5% ao mês) mais TR (Taxa Referencial). Quando a Selic é igual ou menor que 8,5%, a poupança passa a render 70% da Selic mais TR. Isso, na prática, representa um rendimento menor.
Mesmo assim, ela supera o ganho de alguns fundos de renda fixa. Um levantamento da Anefac mostra que a poupança é mais vantajosa do que os fundos de renda fixa com taxa de administração acima de 1%.
Numa simulação feita pela associação, um investimento de R$ 10 mil na poupança antiga vai render R$ 617 ao ano. A mesma quantia aplicada agora vai ter um ganho de R$ 490 na poupança nova, e de R$ 466 num fundo com taxa de administração de 1,50%.
Quer arriscar? No máximo, 10% do patrimônio
Segundo os analistas, é melhor aplicar no máximo 10% do patrimônio em opções mais arriscados. Com a eleição presidencial no ano que vem, o mercado pode passar por alguma turbulência e afetar os investimentos.
"Até a definição da próxima equipe econômica, o Brasil pode ter muita chuva e trovada", afirma Myrian.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.