"Contágio social" de seus amigos pode deixar você mais pobre, diz consultor
Imagine que você possa resolver seus problemas com o dinheiro (ou a falta dele) mentalizando coisas positivas, e, principalmente, gerenciando seus relacionamentos sociais na vida. Parece meio simplista, não? Pois o consultor e PhD em Business Administration Paulo Vieira jura que esses são os primeiros passos para uma vida financeira estável e feliz.
Vieira prega que os contatos pessoais influenciam de maneira determinante cada um dos indivíduos. É o que ele chama de "contágio social", no qual as pessoas são influenciadas pelo meio coletivo em que convivem diariamente.
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Gordo ou magro? Rico ou pobre?
Esse contágio ocorre em todos os aspectos da vida, inclusive o financeiro. Ou seja, as pessoas que o cercam podem fazer você mais rico ou mais pobre -o que, por sinal, é mais comum, segundo ele.
"Existe um contágio emocional que trafega entre as pessoas que as influencia a serem mais ricas ou mais pobres, mais esportistas, mais gordas etc. Nós somos a média das cinco pessoas com quem mais convivemos, e esse contágio existe na vida financeira de maneira muito clara", afirmou Vieira.
Como a influência é intrínseca à socialização, a única saída apresentada pelo escritor é administrar com quem você se relaciona.
Precisa escolher bem com quem convive
Para Vieira, relacionar-se com pessoas que não almejam o mesmo ou não possuem nada a oferecer pode fazer com que você seja malsucedido. Portanto, segundo ele, se quiser ter uma vida mais próspera financeiramente, necessita escolher melhor com quem convive.
"Se você quer ser rico, você não precisa menosprezar os seus pais pobres, mas você pode gerenciar as suas redes de relacionamento", disse ele. "Vá fazer parte de um clube de pessoas mais prósperas, vá fazer um curso, faça parte de círculos de pessoas boas. Tubarão anda com tubarão, sardinha anda com sardinha", afirmou Vieira.
Esse estado, no entanto, é apenas um de três pilares que são interligados: crenças (aquilo em que cada um acredita), programações mentais (o que é viver) e, finalmente, contágio emocional. É a soma desses três pontos que determina o sucesso de alguém, de acordo com o autor.
Não é frio e mecânico como parece
Ele, contudo, disse rejeitar a ideia de uma mudança radical ou de uma ruptura com pessoas que não estejam na condição social desejada.
"É dar e receber. Não é da forma fria e mecânica como parece, pois uma pessoa pode ter amigos que não têm o dinheiro que ele tem, mas têm uma espiritualidade linda, por exemplo. Eu dou um pouco da questão financeira, e ele me dá a espiritualidade, então."
Vieira exemplificou o caso de um estudante pobre de enfermagem que desejava ser médico. Segundo ele, estar em contato com outros médicos ajudaria o aprendiz a alcançar o sonho rapidamente.
Questionado se o estudante teria tal oportunidade apenas por sua vontade, sendo oriundo de uma classe social baixa, sem qualquer ajuda externa, Vieira afirmou que sim.
"Eu não acredito que exista racismo ou preconceito. Existem pessoas que pertencem ou não. Se ela é competente, ela pertence. [O ex-jogador de futebol] Adriano participou de redes sociais ótimas, mas ele optou por um círculo social pobre", disse.
Essas ideias fazem sentido?
Para Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), a ideia de somar educação financeira e autoajuda pode ser simplista demais para explicar quem é rico ou quem é pobre.
"Então eu convivo com meu chefe, ele é super-rico, e eu também serei rico? Eu vou ter as mesmas oportunidades que ele vai ter?", questionou.
Segundo o educador financeiro, a possibilidade de ter uma vida mais estável financeiramente aumenta caso o interessado tenha referências, mas o que prevalece realmente são hábitos e costumes que a pessoa possui em relação ao dinheiro.
Dessa forma, a pessoa precisa entender qual seu projeto de vida, sonhos, propósitos e desejos para, só então, traçar uma estratégia para alcançá-los.
"Preciso identificar o meu 'eu financeiro', sabendo para onde está indo cada centavo que eu ganho e que eu gasto. Não posso fazer mudanças sem esse diagnóstico. Assim, preciso ter um orçamento financeiro que priorize sonhos e não esquecer as prestações para pagar", disse.
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