Seu filho pediu presente caro de Natal, mas você não tem dinheiro. E agora?
Embora o Natal seja um momento cheio de magia para muitas crianças, com direito a uma cartinha para o Papai Noel, esta pode ser uma época estressante para os pais, principalmente quando os pedidos feitos pelos filhos ficam além do que eles podem pagar. Em alguns casos, o problema é uma lista de presentes longa demais; em outros, um só pedido que consegue fazer um estrago na conta bancária.
Se você está diante deste problema, pode ficar tranquilo: especialistas em finanças pessoais garantem que é possível contornar esta situação sem apelar para nenhum tipo de crédito, mas também sem frustrar as crianças. O importante é adequar os gastos à realidade da família.
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Negocie previamente o número de presentes
Mesmo que você já tenha recebido a cartinha para o Papai Noel, ainda dá tempo de explicar para as crianças que o Papai Noel dá somente um presente para cada uma. Esta é uma forma eficaz de restringir as despesas, além de evitar que a criança fique frustrada, segundo a economista Andreia Fernanda, fundadora da Rico Foco.
"Os pais podem criar a regra de que o Papai Noel dá apenas um presente, pois ele tem muitas crianças para presentear", disse.
Este foi o caminho seguido por Carla Brambilla, 41, mãe de Vittorio, 3. Ao receber uma cartinha que pedia um dinossauro, bonecos Minions e um Homem de Ferro grande, ela conversou com o filho e conseguiu chegar a um só pedido, e o dinossauro foi escolhido.
"Expliquei que no saco de presentes do Papai Noel não cabe mais de um presente por criança", afirmou Carla. Segundo ela, seu objetivo não foi somente a economia, mas ensinar que os desejos do filho precisam ser conquistados. "A ideia é que ele merece sim, mas uma coisa de cada vez", declarou Carla, de Maringá (PR).
Caso a família deseje dar mais presentes, os especialistas recomendam que a criança fique sabendo quem comprou, deixando o bom velhinho fora da conversa. Dessa forma, será possível explicar sobre eventuais restrições orçamentárias. "É importante a criança saber que quem comprou o outro presente foi a avó ou o tio", disse Andreia.
Cuidado com o sentimento de culpa
Outra recomendação para os pais é tomar cuidado com o sentimento de culpa, que acaba levando ao endividamento nesta época do ano. "Muitos tentam compensar falta de atenção comprando presentes de Natal, mas não é isso que vai resolver", afirmou Andreia.
É neste momento que entram em cena o cartão de crédito e os crediários, mas os pais devem evitar estes recursos a todo custo, segundo Reinaldo Domingos, educador financeiro e presidente da Dsop.
Segundo ele, o ideal é separar o dinheiro que será usado com presentes com antecedência para evitar um aperto financeiro nesta época do ano, quando surgem outras contas como matrícula e material escolar, IPVA e IPTU.
Segundo uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) com 607 famílias em 27 capitais brasileiras, 8% dos pais entrevistados admitem que vão deixar de pagar alguma conta para satisfazer a vontade dos filhos neste Natal, sendo que 5% não sabem ao certo qual conta vão atrasar o pagamento e outros 3% admitem abrir mão de quitar a fatura do cartão de crédito.
Apelo para o sentimento de colaboração
Se você é uma das pessoas que não se planejaram, Domingos recomenda uma conversa com as crianças sobre algumas alternativas de presentes, deixando em aberto qual será escolhido. "Os pais podem deixar claro para a criança que pode ser que ela não ganhe determinado presente."
Segundo ele, os pais podem destacar que outras crianças também ficarão felizes na noite do Natal e que o filho ou filha pode colaborar para isso pedindo um presente modesto. "É um momento para colocar a ideia de generosidade e compartilhamento, mostrando que o Papai Noel é muito legal, mas não só para mim", disse Domingos.
Converse sobre os desejos de Natal
Caso seu filho tenha feito demandas impossíveis de atender, procure entender o que está por trás dos pedidos e converse sobre o assunto, segundo a planejadora financeira Elle Braude, da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar).
"Os pais podem tentar ouvir de forma empática o porquê de a criança querer determinado presente", afirmou. Segundo ela, esta atitude fará com que a criança se sinta ouvida e acolhida. "Cabe aos pais ensinar sobre priorização e questionar a criança sobre qual daqueles pedidos é o seu preferido, e também dar outras sugestões que caibam no bolso", disse.
Segundo ela, os pais podem escolher apenas o presente que cabe no orçamento ou comprar produtos similares de outras marcas. "Até os sete anos é mais fácil negociar uma opção mais barata com as crianças", declarou.
Não faça promessas de Natal durante o ano
Segundo os especialistas, muitos pais costumam fazer promessas referentes ao Natal durante o ano todo, o que cria uma expectativa desnecessária. "Alguns pais falam que, se a criança se comportar, o Papai Noel vai trazer um presentão, mas isso dá uma chance para a criança pedir algo de qualquer valor", afirmou Andreia.
Incentive crianças mais velhas a participar
Para filhos maiores, a partir de 12 anos, a orientação é que os pais expliquem que não podem pagar determinado presente, e incentivem a criança a fazer pequenas atividades remuneradas para conseguir economizar o dinheiro necessário, segundo Elle, da Planejar.
"Com esse empenho a criança consegue uma parte do dinheiro, os pais podem complementar e deixar para comprar depois do Natal, quando os preços caem", disse.
Ela afirmou, no entanto, que só devem ser remuneradas as atividades que teriam um custo para a família, como lavar o carro ou levar o cachorro para passear, e não as obrigações dos filhos, como fazer o dever de casa ou arrumar a cama.
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