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Dono de Bolsa de criptomoeda morre, e clientes perdem milhões; como evitar?

Natalia Gómez

Colaboração para o UOL, em Maringá (PR)

10/03/2019 04h00

O maior pesadelo de qualquer investidor virou realidade para 115 mil pessoas, que ficaram sem acesso a US$ 137 milhões aplicados na corretora de criptomoedas Quadriga. A perda ocorreu devido à morte do fundador da corretora, o único que tinha a senha de acesso a uma grande parte da carteira dos clientes.

O caso, que virou notícia no mundo inteiro, não se deve a nenhuma falha na tecnologia de registro das criptomoedas, conhecida como blockchain. A causa foi a falta de um "plano B" para o caso de morte do empresário.

O UOL ouviu especialistas para listar os cuidados.

Guarde em sua carteira e tenha proteção

Não deixe os recursos alocados na corretora de critpomoedas, mas sempre os coloque em uma carteira própria, disse o economista Luiz Calado, professor do mestrado em Criptoeconomia da FGV (Fundação Getulio Vargas). É preciso ter proteção contra hackers.

Uma solução são as chamadas "hard wallets" ou carteiras frias. Trata-se de uma tecnologia similar a um pendrive: é conectada ao computador para salvar os dados dos criptoativos e depois fica desconectada da internet, limitando a ação de hackers.

O investidor deve se assegurar que a carteira possa ser acessada pela família em caso de morte. Também existem as chamadas carteiras quentes, que são conectadas à internet, mas têm risco maior de sofrer ataques de hackers.

Pare de pensar como se fosse um banco

As carteiras de criptomoedas existem justamente para que os investidores guardem seus próprios fundos, afirmou Tatiana Revoredo, cofundadora da consultoria The Global Strategy e especialista em blockchain pela Universidade de Oxford.

"As pessoas ainda preservam a mentalidade de deixar o dinheiro em uma instituição, como ocorre nos bancos, mas essa mentalidade não serve para criptomoedas", declarou. 

Segundo a especialista, uma alternativa para o dono da Quadriga seria ter utilizado um sistema de multiassinaturas, que permite que algumas pessoas tenham senhas de acesso e nem todas precisem digitar suas senhas para acessar o conteúdo.

De acordo com Luiz Calado, da FGV, o episódio da Quadriga chamou atenção das empresas que atuam no mercado brasileiro, e muitas estão preparando novas medidas de segurança para evitar erros deste tipo.

E no caso de corretoras convencionais?

As corretoras de valores e bancos fazem o papel de intermediários entre o cliente e os investimentos. O cliente precisa transferir o dinheiro para uma conta da corretora ou banco e, em seguida, direcionar os recursos para aplicações, como ações, CDBs, fundos ou títulos públicos.

Todas essas aplicações são feitas em nome do cliente, identificado pelo seu CPF. Caso a corretora quebre, esse dinheiro pode ser transferido para outra instituição, disse o diretor de Operações da corretora Easynvest, Amerson Magalhães.

Mas é importante não deixar o dinheiro parado na conta corrente da corretora, pois esse pode se misturar aos ativos dela em caso de quebra da instituição. Aplique o dinheiro logo, declarou Magalhães.

Mesmo assim, segundo ele, o risco de uma corretora quebrar por falta de liquidez é baixo porque há um acompanhamento rigoroso do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Nível de risco dos principais investimentos

Além do risco relacionado à instituição intermediária, cada tipo de ativo tem um nível de risco diferente. Alguns contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Veja as principais modalidades de investimento e os riscos envolvidos (fonte: Easynvest):

  • Tesouro Direto: é considerada a opção mais segura do mercado por ser emitido pelo Tesouro Nacional
  • Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA): têm baixo risco, com cobertura do FGC até R$ 250 mil
  • Certificado de Depósito Bancário (CDB) e Letras de Câmbio (LC): baixo risco, têm cobertura do FGC até R$ 250 mil
  • Fundos multimercado: risco médio ou alto, dependendo da sua composição
  • Fundos de investimentos imobiliários: risco médio, o investidor fica exposto às oscilações do mercado, mas bons fundos têm baixa volatilidade
  • Ações: risco alto, o investidor fica exposto às oscilações do mercado
  • Criptomoedas: risco alto, sujeitas a grandes oscilações; mercado ainda não regulado

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