Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Bradesco, Santander e Itaú: entenda os resultados do 1º trimestre de bancos
O Bradesco (BBDC4) divulgou seus resultados do primeiro trimestre de 2022 na última quinta-feira (5) com um número acima do esperado pelo consenso de mercado. O banco reportou um lucro líquido recorrente de R$ 6,8 bilhões, uma alta de 4,7% no comparativo anual.
O Santander (SANB11), que reportou seus resultados no dia 25 de abril, encerrou o trimestre com lucro líquido gerencial de R$ 4 bilhões, uma alta menos expressiva de 1,3%.
O Itaú (ITUB4), que divulgou resultado nesta segunda-feira (9), obteve lucro de R$ 7,36 bilhões, elevação de 15% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O que motivou o desempenho dos bancos
Segundo o Bradesco, o desempenho do início deste ano foi impulsionado pelo "desempenho da margem financeira, das receitas de prestação de serviços e das despesas operacionais".
Já o Santander atribuiu o resultado a maiores volumes e a uma mudança no mix de crédito e dos spreads nas captações, beneficiados pela alta dos juros.
O Itaú, por sua vez, afirmou que seu resultado "foi impulsionado pelo maior volume de crédito e pela mudança de mix de produtos, com maior crescimento relativo de produtos com melhores spreads e crescimento das receitas com cartões, devido a maior faturamento."
Carteira de crédito
A carteira de crédito expandida do Bradesco cresceu 18,3% na comparação ano contra ano, chegando em R$ 834,5 bilhões, com destaque para as operações de pequenas e médias empresas (PMEs), que aumentaram em 15,7% no ano, e pessoas físicas, que cresceu 22,6%.
O Santander também viu um crescimento na sua carteira de crédito de 7,2%, atingindo o valor de R$ 455 bilhões, com destaque também para os segmentos de PMEs, que cresceram 12,2%, e pessoas físicas, que avançou 19%.
O Itaú teve o maior crescimento da carteira de crédito total, com uma alta de 13,9%, atingindo o valor de R$ 1,032 trilhão. Na carteira de pessoas físicas, o aumento está relacionado aos volumes de linhas associadas a crédito garantido, como imobiliário, que cresceu 44,5% e cartão de crédito, subindo 41,4%.
Aumento da margem financeira
O avanço na margem financeira do Bradesco — indicador que calcula a diferença entre o juro cobrado pelo banco quando ele empresta o dinheiro e o juro pago pelo banco para os investidores que confiam o seu dinheiro no banco — foi positivo, atingindo R$ 17 bilhões, com a margem com os clientes evoluindo mais de 19% no trimestre.
O Santander também observou uma melhora na margem financeira, porém com um aumento menos relevante de 3,8% na comparação anual, atingindo o valor de R$ 13,9 bilhões.
O Itaú somou R$ 21,04 bilhões de margem financeira, o que significa uma alta de 12,9%.
ROAE
Em relação ao Retorno Anualizado sobre Patrimônio Líquido Médio (ROAE), um indicador da lucratividade dos bancos, o Bradesco reportou queda de 0,7 ponto percentual no valor observado no mesmo período, ficando em 18%.
Por sua vez, o Santander se manteve praticamente estável, com alta de 0,1 ponto percentual, encerrando o trimestre com um ROAE de 20,7%.
Enquanto isso, o Itaú reportou alta de 1,7 ponto percentual, fechando o trimestre com 17,4%.
Pontos negativos
Do lado negativo houve um aumento na Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) expandida para os três bancos, com Bradesco reportando alta de 23,8%; Santander, 10,4%; e Itaú, 57,8%.
A taxa de inadimplência também aumentou para os três, com um avanço de 0,4 ponto percentual para o Bradesco, que encerrou o trimestre em 3,2; 0,8 ponto percentual para o Santander, encerrando o trimestre em 2,9%; e 0,3 ponto percentual para Itaú, totalizando 2,6%.
Previsões
Junto com a divulgação dos resultados, o Bradesco revisou algumas de suas previsões. Para as perspectivas de 2022, o Bradesco aumentou suas expectativas para PDD, de R$ 17 bilhões a R$ 21 bilhões, e revisou para cima as perspectivas de margem com clientes, prevendo um aumento entre 18% e 22%.
O Itaú manteve suas projeções para 2022, com a carteira de crédito total crescendo entre 9 e 12%, margem financeira com clientes crescendo até 23,5% e alta de 6,5% da receita de prestação de serviços e resultado de seguros.
Impacto nas ações
As ações de Bradesco (BBDC4) operam com alta de 3,79% no acumulado do ano de 2022 e baixa de 12,84% no acumulado dos últimos 12 meses, pegando como base as ações de 06 de maio em R$ 18,06. Nesta segunda-feira (9) as ações operavam com alta de 2,21%, negociadas a R$ 18,50 por volta das 16h (horário de Brasília).
Já as ações do Santander (SANB11) apresentavam alta de 8,13% no acumulado de 2022 e queda de 15,91% nos últimos 12 meses. Hoje as ações operavam em alta de 0,61%, cotadas a R$ 33,17 cada, no mesmo horário.
Os papéis do Itaú (ITUB4) iam na contramão: apresentavam queda de 1,85%, às 16h, a R$ 23,35 cada.
Expectativa para o setor bancário
Como pudemos observar nos resultados de Bradesco, Santander e Itaú, a perspectiva para o setor bancário no primeiro trimestre de 2022 é de crescimento mais lento na carteira de crédito, com foco em pequenas e médias empresas e nas pessoas físicas, além de uma maior provisão para devedores duvidosos e uma alta na taxa de inadimplência. A rentabilidade deve se manter estável, apesar de uma alta nas despesas operacionais.
O destaque positivo deve ficar com Banco do Brasil (BBAS3), que possui uma carteira de crédito de maior qualidade e com mais resiliência, devido a sua grande exposição ao agronegócio, além da boa contribuição da Previ (plano de previdência).
O Banco do Brasil divulgará o seu resultado do primeiro trimestre de 2022 na próxima quarta-feira (11), enquanto o Itaú divulgará nesta segunda-feira (9).
Nesse sentindo mantemos os ativos do BBAS3 em nossa carteira SuperPag do PagBank no mês de maio, esperando melhores desempenhos em seus resultados.
Recompra de ações
O Bradesco anunciou, logo após a publicação do balanço, seu programa de recompra de ações, podendo comprar até 106,6 milhões de ações, entre preferenciais e ordinárias. O programa será válido até 6 de novembro de 2023.
Do total em circulação, serão até 3,54% de ações em circulação ordinárias (ON) e de até 1,03% de ações preferenciais (PN).
O que é recompra de ação?
Vale destacar que recompra de ações é um método em que a empresa compra suas ações no mercado para mantê-las em tesouraria ou cancelá-las.
Em geral, o que motiva as empresas a recomprar suas ações é a constatação de que o valor de mercado dos papéis está exageradamente depreciado, diante do preço que consideram justo.
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