Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
MRV deve ganhar com maior subsídio no Casa Verde e Amarela; vale investir?
O governo anunciou na última quinta-feira (26) que elevará os subsídios do programa Casa Verde e Amarela, de 12,5% a 21,4%, e já está preparando novas mudanças no financiamento para habitação. A medida é uma tentativa de conter a queda nas contratações do programa, que caíram 15% no primeiro trimestre de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado.
A intenção do governo é, além de elevar o subsídio, quer diminuir a taxa do pró cotista (linha para trabalhadores com ao menos três anos de contribuição ao FGTS), aumentar a faixa de renda familiar dos grupos 2 e 3 (a faixa de renda do grupo 1 já havia sido aumentada no ano passado) e também ampliar o prazo de financiamentos de 30 anos para 35 anos — esse último necessitaria, inclusive, de mudanças de legislação.
Essa medida deve beneficiar as construtoras da Bolsa que têm resultados voltados para o programa habitacional. O destaque é para a MRV.
A MRV e o Casa Verde Amarela
A MRV (MRVE3) apresentou resultados fracos no primeiro trimestre de 2022, com queda de 47,8% no lucro, se comparado com o mesmo período de 2021. A alta nos custos da construção civil e o fraco desempenho do segmento voltado para o programa Casa Verde Amarela, que representa cerca de 52% do seu resultado total, foram os principais motivos.
Apesar de a companhia seguir expandindo suas linhas de negócios para fora do programa habitacional — com foco em empreendimentos para um público de renda maior e na sua operação nos Estados Unidos —, a relevância do Casa Verde Amarela nos resultados da MRV ainda é bem alta.
Mas, como o governo ficou anos sem reajustar o programa habitacional, as principais incorporadoras saíram do segmento e a concorrência diminuiu. Com o possível ajuste, a MRV seria a principal beneficiada e teria fortes vantagens competitivas, captando a maior parte do aumento no volume de contratações causado pelo incentivo.
Além de MRV, Tenda (TEND3) e Direcional (DIRR3) também tiveram seus resultados afetados pelo fraco desempenho do programa habitacional. Tenda apresentou prejuízo líquido de R$ 67 milhões no primeiro trimestre e viu sua margem bruta recuar 12 pontos percentuais, chegando a 18,1%. Direcional não teve seus números tão impactados, com sua margem bruta recuando apenas 0,8 pontos percentuais, porém seu resultado veio aquém do esperado pelo mercado.
O incentivo proposto pelo governo também deverá beneficiar as duas construtoras, mas reiteramos nossa preferência por MRV no segmento de renda mais baixa do programa Casa Verde Amarela.
Cury (CURY3) também pode ser beneficiada pelo incentivo, porém de forma menos relevante, pois seus empreendimentos estão focados nas faixas mais altas do programa, que não foram tão afetadas pelas altas na taxa de juros e são menos sensíveis a aumentos de preços, além da proposta incluir incentivos mais brandos para essa categoria.
Operação americana
A MRV informou também que sua subsidiária nos EUA, a AHS, está mudando o seu nome para Resia e está buscando um novo sócio minoritário para continuar entregando crescimento nos próximos anos. A expectativa é que a empresa invista cerca de R$ 6 bilhões nos próximos anos para expandir a sua operação nos estados da Flórida, Georgia e Texas, mas também aumentando o seu alcance para outras regiões, como Colorado e Arizona.
Apesar de os EUA também estarem passando por um cenário de juros e inflação alta, as margens de lucro são maiores no mercado americano. Enquanto a margem bruta no Brasil caiu 8,5 pontos percentuais, encerrando o trimestre em 19,8%, nos EUA ela ficou em 35,5%, com um forte crescimento de 20 pontos percentuais. O crescimento na operação americana ajudaria a MRV a manter sua margem em níveis saudáveis, além de melhorar sua diversificação de produtos, diminuindo a dependência do programa Casa Verde Amarela.
Foco na diversificação
Apesar dos fracos resultados apresentados pela companhia no primeiro trimestre de 2022, entendemos que a o foco no mercado americano e a diversificação de produtos, além do incentivo indicado pelo governo, podem ser benéficos para a empresa nas próximas divulgações de resultado.
As ações da empresa acumulam queda de 15,25% no ano de 2022 e baixa de 42% no acumulado dos últimos 12 meses.
Reiteramos a nossa posição de compra na MRV, que negocia a R$ 9,72 e tem como preço alvo R$ 19,18, representando um potencial de valorização de 77,43%.
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