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ANÁLISE

Análise: guerra na Ucrânia aproxima EUA de um desafeto, a Venezuela

6.dez.2020 - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro - Yuri Cortez/AFP
6.dez.2020 - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro Imagem: Yuri Cortez/AFP

Rafael Bevilacqua

18/05/2022 09h33

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Em momentos de crise, é comum que desafetos ou inimigos aceitem se aliar em prol do benefício mútuo. Um dos maiores exemplos dessa situação foi a aliança estabelecida durante a Segunda Guerra Mundial entre as potências capitalistas do Ocidente —especialmente Estados Unidos e Reino Unido— e a antiga União Soviética.

Na época, EUA e URSS não tinham nada em comum no que diz respeito a sistema político, economia, diplomacia, valores e princípios, mas um objetivo em comum unia ambas as potências: o combate aos países do Eixo —aliança estabelecida entre Alemanha, Japão e Itália.

Atualmente, outra guerra, de proporções muito menores, tem comprometido o bom funcionamento da já fragilizada economia global. Trata-se da invasão russa à Ucrânia, que acarretou a imposição de sanções contra o país governado pelo autocrata Vladimir Putin.

As sanções visam enfraquecer a economia russa e desabastecer a máquina de guerra de Putin, mas esses esforços esbarram na dependência do Ocidente do setor energético russo —especialmente do petróleo e do gás natural.

Em paralelo a esse dilema, a Venezuela, país que possui as maiores reservas de petróleo do planeta, vive a pior crise de sua história, com inflação descontrolada, desemprego em alta e cerca de 94,5% da população vivendo na pobreza, de acordo com dados da Pesquisa de Condições de Vida da Universidade Católica Andrés Bello.

Para agravar a crise, a Venezuela tem enfrentado dificuldades na exportação do petróleo desde que os Estados Unidos impuseram pesadas sanções ao país diante de denúncias de violações dos direitos humanos e fraudes eleitorais que teriam sido cometidas pelo regime do presidente Nicolás Maduro, que está no poder desde a morte de seu antecessor, Hugo Chávez, em 2013.

Além disso, os Estados Unidos sequer reconhecem Maduro como o líder legítimo do país, tratando o líder da oposição, Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela.

Contudo, apesar de todas as divergências existentes entre ambos os países, Venezuela e Estados Unidos encontraram motivos para dar início a uma reaproximação.

Enquanto os EUA enxergam no petróleo venezuelano uma possível solução para a crise energética atual, a Venezuela vê com bons olhos a retirada das sanções e a possibilidade de investimento estrangeiro no seu setor petrolífero.

Assim, diante da condição de que governo e oposição retomem os diálogos acerca da convocação de novas eleições na Venezuela, o governo norte-americano aceitou flexibilizar algumas das sanções impostas contra o país.

O mundo agora monitora os próximos passos dessa reaproximação, que pode trazer um pouco de alívio para os preços do petróleo no mercado internacional.

Leia no 'Investigando o Mercado' (exclusivo para assinantes do UOL Investimentos): informações sobre os resultados do Magazine Luiza referentes ao primeiro trimestre de 2022.

Um abraço,

Rafael Bevilacqua
Estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante

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