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OPINIÃO

Prévia da inflação reforça apostas em fim da alta dos juros

Getty Images
Imagem: Getty Images

25/08/2022 09h10

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O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15), também conhecido como a prévia da inflação, recuou 0,73% em agosto, indicando que o Brasil deve registrar deflação pelo segundo mês consecutivo. A inflação acumulada nos últimos 12 meses recuou para 9,6% —estava 11,39% um mês antes. A prévia indica um novo recuo no IPCA, o índice oficial de inflação do Brasil, e reforça as apostas no fim do atual ciclo de alta de juros, que elevou a Selic de 2% ao ano antes da reunião de março de 2021 para os atuais 13,75% ao ano. Com a inflação desacelerando e os principais índices de preços apresentando retração, o Banco Central (BC) deve confirmar as expectativas do mercado e anunciar o fim da subida dos juros na reunião que acontece nos dias 20 e 21 de setembro.

A notícia é positiva para os mercados brasileiros, pois quanto mais altos os juros, mais caro tende a ser o crédito e menor tende a ser a atividade econômica no país. Caso os juros parem de subir, empresas e indivíduos devem se sentir mais propensos a contrair empréstimos e a realizar investimentos no setor produtivo.

Nesse cenário, a tendência é que a Bolsa de Valores ganhe fôlego para aguentar o conturbado período eleitoral, que pode durar até o final de outubro caso a eleição presidencial vá para o segundo turno.

Ainda assim, é preciso ter em mente que a deflação do IPCA-15 em agosto, assim como a deflação de julho, foi puxada por uma queda expressiva dos preços dos combustíveis. O grupo "transportes", que integra o índice, recuou 5,24% no mês, seguido por "habitação", com queda de 0,37%, e "comunicação", que recuou 0,3%.

Por outro lado, o grupo "alimentação e bebidas", provavelmente o que mais pesa no bolso dos mais pobres, avançou 1,12%, tendo esse segmento sido prejudicado pelas condições climáticas adversas em importantes produtores de alimentos situados na Europa e em partes da Ásia.

Portanto, fica evidente que o Brasil vem conseguindo reduzir a inflação de modo geral, mas ainda sofre com a alta dos preços de grupos específicos que têm enfrentado problemas de queda na oferta em escala global, sendo os alimentos e as bebidas o principal destes.

Com relação a isso, existe pouco que o Banco Central possa fazer. Assim sendo, subir ainda mais os juros na tentativa de conter os preços de alimentos, bebidas e peças de vestuário seria um esforço infrutífero e contraproducente, o que nos dá mais um motivo para acreditar no fim da alta dos juros no Brasil —pelo menos até a próxima crise inflacionária.

Leia no 'Investigando o Mercado' (exclusivo para assinantes UOL, que possuem acesso integral ao conteúdo de UOL Investimentos): informações sobre o cenário atual para o setor de papel e celulose, representado pelas empresas Suzano, Klabin e Irani.

Um abraço,

Rafael Bevilacqua
Estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante

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Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.